Adylson Machado
Solla
Durante jantar em Itabuna, quarta 1º, o Secretário de Saúde, Jorge Solla, afirmou ser o repasse do Estado para a Santa Casa de Misericórdia de Itabuna o terceiro do orçamento para hospitais na Bahia. Menor apenas em relação ao Irmã Dulce e ao Aristides Maltez. Proporcionalmente ao que dispõe cada um (oferta de leitos etc.), a Santa Casa seria mais beneficiada.
Alguns médicos presentes concordaram com o Secretário, nas conversas paralelas.
Para uma comissão que lhe cobrou recursos para cirurgias bariátricas disse que em muito depende da Santa Casa, uma entidade privada – insuscetível de o Estado intervir sem anuência da instituição – e dispôs-se a viabilizar um programa de atendimento aos da região em hospitais de Salvador.
Permanecer como está
O gerúndio, forma nominal e invariável dos verbos, do ablativo do gerúndio latino, adquire nova força no curso da campanha eleitoral, e reforça o neologismo gerundiar.
Ainda que tenha como função a de adjunto adverbial da frase – adjunto é o "termo acessório, que modifica outro, principal ou acessório" (Aurélio) – denotando circunstância do fato expresso pelo verbo, ou intensificando o sentido deste, o "para continuar mudando" dimensiona movimento permanente.
Nova vertente semântica, no entanto. No fundo a força emblemática de Lula sustenta o "para continuar mudando", como, nada mais nada menos, permanecer com o que está ou como está.
Choramingos do PT I
"O PT e o PCdoB itabunenses preparam uma ofensiva contra o Secretário Estadual da Saúde, Jorge Solla", por jogar deslealmente "contra nomes sul-baianos" – publicou o Pimenta na Muqueca. Teria ouvido de "um dirigente" (partido não declinado) sobre suspeitas "quanto às relações contratuais da Sesab e o hospital de Olhos", referência ao DAY HORC, cujo Diretor Ruy Cunha, apoiaria candidaturas encampadas pelo secretário.
A "insatisfação" cheira a fogo amigo da pior estirpe, digno de aloprados comprometidos em atender aos reclamos políticos eleitorais de Geddel e Souto, se provada a denúncia.
Choramingos do PT II
No particular do PT não deveria haver a mínima preocupação, por algumas razões:
1. Geraldo Simões (que pode até ter menos votos em 2010 que em 2006, em Itabuna) perde mais entre ex-correligionários do que para candidaturas apresentadas pelo Secretário.
2. Como o evento envolvia parcela da classe médica local não é crível, muito menos lógico, que pessoas esclarecidas se deixassem seduzir pelo evento.
3. Tratando-se de eleição proporcional (a soma dos votos, mesmo dos derrotados, ajuda a eleger os mais votados da lista aberta partidária, dentro do coeficiente partidário alcançado), se o Secretário Solla conseguiu votos, mais ajudou os partidos da base aliada a melhorarem a participação nas eleições 2010.
O resto é dengo!
Simpatia?
Para o DATAFOLHA (Folha de São Paulo, de 29 de agosto), Dilma Rousseff bate Serra no quesito simpatia por 37 a 26. A mesma enquete destaca 45 a 20, para Dilma, quando os entrevistados responderam a "quem defende mais os pobres", enquanto Serra vence disparado (41 a 17) quando a resposta é "quem defende mais os ricos".
Cá pra nós, talvez Dilma não vença Serra pela simpatia em si, mas pela antipatia do tucano.
O verdadeiro "feito"
A Coluna Z, do DIÁRIO BAHIA, de quarta 1º, em necrológio: "Entre os feitos de João Lyrio, está a ampliação da zona urbana da cidade, evitando uma drástica redução no índice do FPM…".
A matéria sustenta a falsa ideia de que a "zona urbana" vincula a arrecadação do Fundo de Participação dos Municípios (transferência constitucional – art. 159, I, b, da CF). Na verdade, o FPM baseia-se, para a fixação dos coeficientes, principalmente na proporção do número de habitantes de todo o município (estimado anualmente pelo IBGE) e não somente na população urbana.
O "feito" atribuído ao ex-prefeito, ou seja, o que efetivamente ocorreu, será "descoberto" com a leitura de texto nosso postado n’ O TROMBONE de 4 de agosto (Itabuna e o Censo 2010).
Detalhe
Inusitado rodapé do DIÁRIO BAHIA para a Coluna Bola que Rola, assinada por Cyro de Mattos: "Cyro de Mattos é escritor premiado no Brasil e no exterior".
Concluímos: Se do jornal a iniciativa, dispensável, pois a obra Cyro por si fala; se do autor, uma pérola de "humildade" e "despreendimento".
Não falta nada
Se a campanha de Zé Serra se apresentava péssima, para analistas, o que pensar depois do que disse Fernando Henrique Cardoso a Renato Lo Prete, em 1º de setembro, na Folha de São Paulo?
Para FHC falta ao candidato Serra espontaneidade na TV, não fora apresentar-se como candidato da continuidade do governo Lula.
Alta plumagem tucana criticando o seu Zé, tucano candidato, não é sinal de que a coisa ande razoável para o presidenciável.
Assim, só falta aguardar outubro. Início.
Corpo estendido no chão
Um homem desmaiou na fila da Lotérica do Jequitibá, quarta-feira 1º, por volta das 16 horas. Não encontrou apoio ou compaixão dos clientes, que sobre ele passavam a cada toque de liberação de um caixa. Nenhum aparato médico apareceu.
Considerando que um atendimento imediato pode salvar uma vida, perguntar não ofende: Dispõe o Shoping Jequitibá de profissionais e centro de atendimento para tais urgências? Se dispõe, o profissional estava de plantão?
Musa muito especial
Se houver resistências por aí em assinar a TVI, oportunidade de mudar de opinião. A simpatia de Manuela Berbert na telinha local é colírio de esferas cósmicas. Chamado especial para vivenciarmos melhor nosso cotidiano.
A Câmara, a CEI e o povo
Mais para circo que para fatos a anunciada CEI instalada para apurar deslizes envolvendo próceres da Câmara de Vereadores de Itabuna, se outra não for a intenção. Afinal, um ótimo instrumento para pressões. Especialmente para quem tenha rabo de palha.
Concluímos pelo circo por estranhar que, mesmo sendo a Casa do Povo, que sobrevive com dinheiro do povo, a CEI tenha vedado ao povo o acesso às apurações.
Quando o desespero bate…
Assim que ultrapassada a presepada denominada quebra do sigilo de tucanos (tudo ainda muito mal explicado), ficará a lição de que para ganhar votos vale tudo.
Para completar, o nonsense dos advogados que subscreveram a representação contra Dilma Roussef perante o TSE, pretendendo sua inelegibilidade por envolvimento nos fatos, imaginando que Ministros da Alta Corte Eleitoral aceitassem o que nem calouros em direito admitiriam. Beira o ridículo.
Não fora tragicômico, ao pleitearem o absurdo – vincular Dilma sem apresentar provas – restou o mote para Zé Serra expor-se ao ridículo, na declaração lacrimosa do amor do pai à filha em programa eleitoral, como aprendiz de ator de drama mambembe.
Tal qual a campanha do tucano, que lembra os decadentes circos de lonas furadas e meia dúzia de tábuas para arquibancada, sobrevivendo à cata de lugarejos e periferias.
Depois de tudo
Rir pra não chorar!
Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum