Quando comecei no jornalismo, no fim de 1999, ficava, a uma distância segura – sim, no A Região todos os novatos achavam que Luiz Conceição e Daniel Thame eram meio loucos – ouvindo os dois editores chispando com ‘o povo de Ilhéus’, que vinha a ser o tratamento dispensado aos colegas da sucursal ilheense do hebdomadário manuelino. O diálogo era mais ou menos assim:
– Luiz, Luiz, eles mandaram de novo – cutucava Thame.
– O quê, porra? – fingia-se desinteressado Conceição, em sua missão eterna de espinhar o amigo.
– Mandaram uma ‘malha’ reclamando das baronesas, que estão enchendo as praias.
– Esse povo é doido? Para onde iriam as baronesas? Rio acima? Rasga essa porra!
E lá se iam para o lixo laudas de reclamações do ‘povo de Ilhéus’ em relação a mais uma cheia do Cachoeira e suas consquências naturais. Ao mesmo tempo arquitetava-se a desculpa mais original do jornalismo: “se perguntarem, diz que não tinha mais espaço”, ordenava-se, com a cumplicidade de Manuel Leal, que queria ver notas mais fumegantes na inigualável página 3.
Voltemos ao presente.
E o que vejo, hoje, em minha caixa de email? Um release da Santa Casa, reclamando que a procura pelo pronto-socorro do Hospital São Lucas dobrou, nesses tempos de greve no Hospital de Base. A coisa foi tão feia, que o PS do São Lucas foi obrigado a mexer com sangue!
Um trechinho, só pra ilustrar: “(…)Mas agora, por conta da greve, esse número (de 150 atendimentos/dia) duplicou, inclusive com pacientes à procura de realizar procedimentos cirúrgicos(…)“. Crueldade com o asséptico Pronto Socorro. Depois, para onde mais iriam os pacientes, se não para o HSL?
Como diria aquele filósofo: se num guenta, pra que veio?
Ah, um Leal…