Adylson MachadoQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

                                                                              

Derrota de todos nós

A morte de José Alencar não é a vitória da derrota na luta contra a vida. Afinal, a inexorabilidade de passar de um plano de existência para outro é a única certeza absoluta. No caso de Alencar, para os que nos acostumamos com sua forma de lutar e enfrentar essa inexorabilidade é a derrota de todos nós que nos sentíamos vitoriosos existindo na sua determinação e bravura.

Especulando I

Ainda que o PMDB venha a se aliar ao PT baiano, considerando as peculiaridades da província itabunense, não será nada fácil a composição entre suas lideranças.

Especialmente para quem tende a ver um nome leve no processo sucessório: Davidson Magalhães.

Não fora isso, latente está na consciência de uma parcela da classe política local que alimentar o futuro de Geraldo Simões significa retardar as próprias possibilidades de administrar o município.

Essa particularidade se faz presente em velhos e novos aspirantes.

Especulando II

Como o processo eleitoral de 2004 demonstrou, não está havendo unidade em torno de um projeto para Itabuna, mas de quem pode ser melhor para esse projeto. E sob esse prisma o personalismo ocupa mais espaço, alimentando paixões em detrimento da razão.

O sentido comum – a duras penas – somente ocorreu na eleição de 2000. E como pode ser analisado, já continha os vícios que afloraram em 2004.

Lula

perryCertamente isso incomoda os que desejam o ex-metalúrgico no ostracismo. Mas, a matéria não se origina na imprensa nativa e sim no ensaio “Lula’s Brazil”, de dez páginas, do historiador britânico Perry Anderson, matéria de capa da revista London Review of Books. Para ele Lula “é o político mais bem-sucedido de seu tempo”. Detalhes em http://www.advivo.com.br de 25 de março, sobre matéria de Nelson de Sá na Folha de São Paulo.

Para lembrar de Ibraim Sued, “sorry periferia”. Afinal, Lula tem o reconhecimento que o ateu FHC sempre pediu a Deus.

SBT e a novela

Em que pese oportuna, pelo tema, parece-nos mais uma jogada oportunista de Sílvio Santos, o lançamento da novela “Amor e Revolução”, prevista para 5 de abril às 10:30. Não pela temática, mas pela tradição da rede de televisão, mais preocupada em contemporizar.

Em tempos de luta para implantação de uma Comissão da Verdade um folhetim que relate a crueldade dos porões contribui para formar juízos de valor sobre as consequências do golpe de 1964.

No entanto, cá com os nossos botões, ficamos a lembrar daquele quadro “A Semana do Presidente”, no governo Figueiredo, exemplo de bajulação explícita. Justamente por quem acabara de se beneficiar com a aquisição de canais no Rio e em São Paulo, que vieram a originar a rede SBT.

No entanto, considerando o período abordado na novela – 1964 a 1972 – se o argumento se sustentar na realidade o brasileiro conhecerá um pouco de uma tragédia que se abateu no país, coincidentemente quando por aqui passa o chefe e colaborador daquela ação – para defesa de seus interesses econômicos –, os EEUU, na pessoa de seu presidente.

Avivamento x novos limites

A discussão de limites entre Ilhéus e Itabuna – que a lógica recomenda seja vista como fixação de NOVOS limites – está beirando o hilário, amparada mais em emoção que razão. Descobre-se um marco sobe-se nele; outro surge, alguém aponta o dedo para mostrar a marca registrada que lhe convém. Marcos para todos os donos e atores.

No fundo os “descobridores” de cada marco alimentam apenas o avivamento de rumos/limites existentes, estabelecidos inicialmente há 95 anos (1916) quando a realidade de cada município envolvido era inteiramente distinta.

O que se impõe – e como já expressamos neste DE RODAPÉS (O que é necessário… e imperativo, de 20 de março) é que a Assembléia Legislativa cuide de rediscutir novos limites para muitos municípios baianos. Só em nosso universo regional temos Ilhéus-Itabuna, Itororó-Itapetinga, Itororó-Itambé.

Para não beirar o ridículo

A propósito do sobe e desce em marcos e do afastamento do real problema existente e a ser dirimido pela Assembléia Legislativa, o que implica a análise não somente histórica, mas das conveniências e exigências contemporâneas, como a jocosidade está ocupando o cenário, nos vem a mente Mark Twain: “O homem é o único animal que se ruboriza. Ou que tem razões para isto”.

Dentre os muitos motivos que nos levam a ruborizar o da exposição ao ridículo. Às vezes não percebido.

Ressurreições

Na antevéspera das municipais a antessala vai sendo buscada com avidez dos famintos que esperam saciar-se com o jantar. Nela são discutidos os versos da poesia, o capítulo dos romances e, mais que tudo, que autores serão lançados.

Não faltam os que sugerirão novos rumos para a Literatura, novos temas.

Assim pré-candidatos ofertam-se para o banquete e mesmo propõem a nova culinária que imaginam apetecer os comensais.

E nesse caminhar os que tinham saído de cena ou a jogaram pela janela tornam-se presença e referência, acalantando o sonho do retorno.

Como primeiro ator dessa simbólica metáfora, o querido João Xavier.

João Xavier

Exemplo de integridade, bissexta expressão de cidadão, o cordato personagem da política itabunense diz estar à disposição para uma candidatura a prefeito, caso o partido o deseje (PMDB).

Para nós, no entanto, João Xavier, histórico quadro da política local em tempos bicudos, ultrapassou o Rubicão e não foi César. Faltou-lhe o tino de expressar um alae jacta est.

Como Renato Costa, não soube avaliar certos momentos da política local, e lançou fora oportunidades. E, como aquele, faz parte dos que colaboraram para o irrecuperável prejuízo causado a Itabuna com a não reeleição de Geraldo Simões em 2004.

Razões pessoais são insuscetíveis de avaliação, não as consequências delas advindas.

Disponibilizar seu nome para 2012 como prefeiturável pode traduzir importância como apoiador e garantir trabalhar com o vitorioso como Secretário ou Diretor.

Renato Costa

Outro insigne nome que honra o panteão de políticos itabunenses. Temos que não passará de coadjuvante, até porque já o afirmou haver encerrado a carreira de candidato. Por aquilo que representa no plano da credibilidade está habilitado a coordenar campanhas.

A Renato só resta esse papel, com Fernando Gomes ou com Geraldo Simões.

Se as eleições fossem hoje não agregaria densidade eleitoral nem para ser candidato a vice.

La nave va

Não se trata de recomendar o filme homônimo de Federico Fellini, mas de aproveitar o título para traduzir a deriva em que está um navio chamado Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania-FICC.

Em março, repleto de datas (Dia da Mulher, Dia da Poesia, Dia Mundial do Teatro, Dia do Artesão, Dia da Água) nenhuma iniciativa da instituição.

Parados os cursos que alimentavam suas atividades culturais.

E sem internet e telefone. Competência administrativa é isso aí! Talvez condizente com o que deseje o Prefeito Azevedo para a Cultura local.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum