Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.
Adylson Machado
Sinal dos tempos
Lula e Dilma não se fizeram presentes à Diretória Nacional do PT. Insatisfeitos com a não indicação de Humberto Costa para a presidência, ocupada por Rui Falcão – a especulação pela ausência – escolhido à revelia dos dois.
Pode ser reduzida a presença petista em escalões do governo federal. Fortalecimento de partidos que apoiam o governo, para ocupar os espaços de parte do PT.
Conflitos no horizonte.
Poder
Uma fonte nos informa ter ouvido de Ruy Machado em uma churrascaria da cidade que recomendaria a Geraldo Simões afastar Marcão e Miralva, respectivamente da DIRES e da DIREC. Justificava: Marcão é preguiçoso, não trabalha; Miralva, trabalha, mas atrapalha.
Sem enveredarmos pelas sinalizações postas pelo vereador fica-nos uma indagação, pertinente diante de inúmeras circunstâncias: o que tanto une Geraldo Simões a Ruy Machado?
Pirão certo
O que há de comum entre os cargos aventados: ambos comandam considerável folha de contratações, verdadeiras prefeituras do Estado.
Mina de ouro para fazer política.
Arre!
A propósito, haja cargos para atender à sanha de políticos e de postulantes aos mesmos. Como o diz O TROMBONE de quinta 5, “Quem quer cargo?”
Debate aberto
A flexibilização curricular do ensino médio, autorizada pelo Conselho Nacional de Educação esta semana, se traz benefícios também pode ampliar o fosso entre a escola pública e a privada, uma vez que o colégio poderia até mesmo retirar disciplinas como Física, Química, Biologia etc. sob o prisma de estar adaptando o currículo à realidade local.
Debate à vista.
Risco concreto
A euforia que norteia o imaginário em decorrência da morte de Bin Laden esconde risco concreto para qualquer país do planeta: ser atacado sob a inspiração de que acolhe terrorista procurado pelo governo dos EEUU.
As informações dão conta de que os EEUU não comunicaram ao governo paquistanês a ação que desencadearia. Ou seja, a ação o foi à revelia de um país independente. E, portanto, uma invasão a seu território.
Iniciativas deste jaez intranquilizam. Até onde cada país está seguro considerando a existência de seu território e a autonomia sobre ele diante de uma potência militar disposta a invadi-lo?
A luta contra o terrorismo é necessária. Mais necessário, no entanto, o respeito à autodeterminação dos povos. O que inclui o seu território.
Até nosotros
Há muito se ouve de que o Brasil, na tríplice fronteira – região de Foz do Iguaçu – acolheria figuras que financiariam grupos terroristas. (Temos cá nossas profundas dúvidas. Até porque, potencialmente, qualquer lugar do mundo o tem, estranhando-se apenas a periódica veiculação em relação ao Brasil).
Certo, à luz da visão estadunidense, que somos potencial alvo.
Cheiro estranho
Há alguma coisa errada no fato de repercussão extraordinária não estar alimentado com, pelo menos, o mais elementar elemento em dita circunstância: fotos do corpo de Bin Laden. A exibida já circulara na internet em 2009, como “garante Rana Jawad,diretor do canal GEO TV de Islamabad, desfazendo a fraude” (Carlos Newton, no www.tribunadaimprensa.com.br de terça 3).
Por outro lado, a ideia de Bin Laden recentemente morto interessa aos EEUU e particularmente a Obama.
Bem a propósito o raciocínio de um flanelinha aqui de Itabuna, discutindo com o companheiro no imediato da notícia: “– É tudo agá, meu. Quando eles querem fazer começam a botar coisa na cabeça da gente” – e ligou os demais dedos ao polegar junto ao ouvido.
Roteiro chinfrin
Quanto ao duelo final, bem ao gosto de faroeste de décima categoria, nos moldes mais primitivos da pena de talião, nunca seria dirigido por John Ford, John Sturges, Henry Hathaway, Fred Zinnemann, John Huston, Clint Eastwood, George Stevens, Nicholas Ray, Don Siegel, Martin Ritt, Raoul Walsh, Anthony Mann, Fritz Lang, Howard Hawks.
Só seria aceito por um diretor: Alfred Hitchcock, para repetir o reacionário e apologético “Topázio” (1969).
Para aguardar
Concluídas as filmagens de “A Coleção Invisível”, de Bernard Attal. Com locações também em Itajuípe reuniu atores como Paulo César Pereio, Clarice Abunjanra, Frank Menezes, Ricardo Luedy, Vladimir Brichta, Valmor Chagas,
Da região terão suas imagens na celulose Emiron Gouveia, Lucas Oliveira, Wendel Cruz, Eva Lima, Jaffet Ornellas, Alba Cristina, Camila Santana, Wesley Santana, Bia Bar.
Dificilmente o veremos na tela grande de nossos cinemas. A indústria do entretenimento, controlada pelos EEUU, tem a distribuição no Brasil para assegurar privilégio ao roliudiano. É a sua expressão direta.
Nossas salas não exibem o que de muito bom vem sendo feito. Para não irmos longe, a cinematografia baiana vem produzindo excelentes longas, donde destacamos recentemente “Cascalho” de Tuna Espinheira e “Pau Brasil”, de Fernando Bélens (ver DE RODAPÉS… de 16 janeiro de 2011).
Que “A Coleção Invisível” dê início à ruptura.
Para ver
O cinema sulamericano não tem destaque nem mesmo nos catálogos de vendas de DVDs mais respeitáveis. E dispõe de belos trabalhos. Assistimos recentemente, na TV BRASIL – que oferece espaço semanal para exibição no Cine Ibermedia – no dia 1º de maio, o belo “El Ultimo Tren” (2002) – título original “Corazón de Fuego” – co-produção argentino-espanho-uruguaia, primeiro longa de Diego Arsuaga.
Fortes nuances do neorrealismo italiano sobre roteiro baseado em fato real.
Mais um
Raimundo Colombo, governador de Santa Catarina, encaminhou, em nota oficial, pedido de desfiliação do DEM, buscando “de todas as formas possíveis, sensibilizar os mais relevantes personagens políticos nacionais, para juntos, encontrarmos novos caminhos para responder a esses anseios da população brasileira”. Para onde vai: PDS de Kassab.
Considerando a origem histórica do Democratas (a partir dos quadros que o compuseram e o compõe), de ARENA a DEM, passando pelo PDS e PFL, vem a calhar a propaganda oficial da ditadura militar, então sustentada pela ARENA, nos anos da mais profunda repressão, início dos 70, com o “Brasil, ame-o ou deixe-o”, quando a turma do Pasquim não perdeu o mote e lançou: Quem apaga a luz do aeroporto?
Ou seja, feitiço contra o feiticeiro.
Mais outro
Quem diria! Até Jorge Bornhausen – de fundador a presidente, senador recentemente – anuncia desfiliação do DEM//PFL (Detalhes em www.advivo.com.br deste sábado 7). Apesar de conversar longamente com Kassab durante evento em São Paulo, não se propôs ao PSD.
Por enquanto, talvez! Se tiver espaço, pode ir para o refundado PSDB, atual lugar da representação conservadora.
Mais um erro
Fonte insuspeita nos confirmou a pretensão do presidente da Câmara, Ruy Machado, de construir a sede do Legislativo em área onde hoje está localizada uma casa de material de construção no Loteamento Hugo Kaufmann.
Ao que parece a área é de uso comum, afetada, inalienável, destinada a uma praça.
A se confirmar, mais uma área do povo será destinada a uso não tão do povo, ainda que a casa o represente.
Mas, à mesma Casa do Povo compete respeitar a legislação local.
Nada muda
Em Itabuna tem sido regra o uso de áreas públicas por particulares. Um posto de gasolina, na rótula Tancredo Neves, ocupou simplesmente a ciclovia e os ciclistas só dispõem da Princesa Isabel, pondo a vida em risco.
Triste administração
A utilização do prédio do Divina Providência para fins comerciais é irreversível, tanto que a sua demolição já foi iniciada, aqui fotografada para o poético título ofertado por Domingos Matos – “Antes que o dia amanheça”.
E não se diga que a Prefeitura tem outro interesse que não a derrubada, tanto que ninguém promove demolição sem autorização do poder público, a quem compete a outorga de alvará.
Hoje Itabuna não dispõe de uma malha urbana central para atender a demanda de tráfego existente. Implantar atividade comercial naquele local é aprofundar a crise. Como se presume que haja alguém na Prefeitura encarregado de zelar por essa circunstância, a insistência em consolidar a destinação não permite outra interpretação: insensatez ou interesses escusos.
Não se compreende a insistência do município em contribuir para o “negócio”, quando tem muitas áreas a disponibilizar, inclusive para alimentar a expansão urbana e não concentração.
Triste Prefeito
Azevedo passa a integrar o memorial – talvez o que Cyro de Mattos sugere para o local, onde reservará espaço para sua futura múmia como gestor (dele, Cyro) – dos administradores que contribuíram para desconstrução da memória itabunense.
Como no tempo de Fernando e o Castelinho, Azevedo e o Divina Providência.
Carochinha
Era uma vez um reino muito poderoso que fora atacado por homens maus. O rei não gostou e ficou uma fera e jurou prender e matar o chefe dos homens maus.
Um dia o chefe dos homens maus morreu, pois estava muito doente. Nesse meio tempo o rei começou a ser atacado por pessoas que não gostavam dele dizendo que iam tomar o seu trono.
Os conselheiros do rei lembraram-no que o chefe dos homens maus havia morrido mas que poderia salvar a sua imagem perante os súditos anunciando que o fora sob seu comando.
O rei achou bom. Então pediu que fizessem um filme onde o homem mau seria morto ao vivo. Como o homem mau morara em outro reino determinou que invadissem esse reino e lá o “matassem”.
Mas não havia o homem mau e a solução foi filmar tudo sem mostrar o homem mau. Como o homem mau já havia morrido disseram que ele foi jogado ao mar para não deixar lembrança.
E todos acreditaram e foram felizes para sempre.
O detalhe é que apareceu aquele menininho inconveniente de outra estória e anda dizendo que o rei está nu – ops! – cego.
Encômios I
Pelo aniversariante Diário Bahia, que para nós ainda é DIÁRIO DO SUL. À turma que o edita sejam estendidos.
Encômios II
Pelo retorno às telinhas do eletrônico Jornal Itabuna, Cultura & Arte. A turma estava envolvida com as filmagens de “A Coleção Invisível”.
Análise
Singular – pela credibilidade do autor – “O poder dos blogs ou a democratização da informação”, em http://agenorgasparetto.zip.net na quinta 5. O respeitado sociólogo e titular da Sócio Estatística analisa, nas entrelinhas, a decadência da imprensa escrita regional (fenômeno não só local) partindo de uma circunstância: a democracia textual viabilizada pelos blogs, subproduto da internet “está se constituindo no grande transformador da realidade social dos tempos atuais”.
Rodapeando a partir de Agenor Gasparetto e considerando outros aspectos do texto fica-nos a impressão e certeza de que o mundo poderá melhorar ou piorar a partir do que seja veiculado na internet e particularmente naquele subproduto.
Por assim acreditar, quando nos vemos diante da violência que se aprofunda não fugimos à conclusão de que ela está em muito alimentada no noticiário e nos programas vampiros, aqueles que vivem de sangue.
A sociedade caminha para pedir a sua cota de sangue. Como não haverá para todos o beberá da própria veia.
Nem só de sangue
A convenção da Costa Rica assegura o respeito à imagem e à privacidade. A imprensa escrita e televisada – no afã sensacionalista – expõe e destrói imagens e pessoas – quando pobres e desprotegidas (a imagem de determinado pedófilo de classe social abastada local nunca foi publicada em Itabuna) – e liquida o futuro de quem cometeu delito.
Assim, nossa imprensa não vive só de sangue, mas também da imagem do semelhante.
Saudade da repressão
Quando ouvíamos ou líamos que o governo somente admitiria dialogar com grevistas depois do retorno às atividades, aqui na Bahia dizíamos que era coisa de ACM “Toninho Malvadez”.
Wagner foi mais além: não pagou a folha de maio dos professores da UESC.
Falta combinar I
A enquete de O TROMBONE, encerrada na quarta 4, avaliando em torno de quem enfrentará Azevedo (reconhecendo-o como candidato natural) assegura a Juçara Feitosa a condição de principal adversária do alcaide em 2012, como o dizem cerca de 70% dos participantes.
Considerando a exposição a que tem sido submetida o resultado é natural. Mas de considerar que há 14% acreditando no PCdoB – Davidson ou outro (Sena ou Wenceslau) – que empata com os que entendem ser a administração de Azevedo seu próprio adversário.
A destacar que o percentual atribuído ao PCdoB, em que pese distante daquele atribuído a Juçara, não pode ser menosprezado, justamente porque qualquer de seus postulantes ainda não encontra a mesma visibilidade de Juçara.
Falta combinar II
Juçara, como a candidata natural das oposições a Azevedo tem como cacife tê-lo enfrentado em 2008 e, no imediato do instante em que escrevemos, apresenta mais consistência para assumir o desiderato.
No entanto, o cenário da política baiana para 2012, a considerar o leque de sustentação do Governo Wagner, pode gerar surpresas.
De nossa parte mesmo – mais opinião que análise (a análise já o fizemos em outros instantes neste DE RODAPÉS…) – Juçara Feitosa não será candidata em 2012 a não ser que Geraldo Simões, que detém o controle do PT local e de sua indicação, resolva os conflitos que o envolvem nas disputas internas no partido e no próprio governo.
Em outras palavras: não será Geraldo, sponte propria, quem definirá a candidatura de Juçara. Se pudesse já o teria feito.
A não ser que estabeleça o enfrentamento – como em 2008, ao contrariar Wagner, como dizem – e ponha os desdobramentos no frízer aguardando 2014, 2016…
Ridículo
É o adjetivo mais apropriado ao presidente da FICC. Diz Cyro de Mattos defender a manutenção da fachada do colégio Divina Providência e um espaço para o “memorial” que guardaria a memória da instituição.
Há muito não ouvíamos um “quanta besteira Manuel Bandeira”. Cyro de Mattos não consegue revitalizar o São João tradicional e vem falar em “memorial”. Só para aparecer. Vai ocorrer com a fachada do Divina o que aconteceu com a do Cine Itabuna.
E como já dissemos, Cyro faturando seu cascalho no comando da mais desastrosa administração na história da FICC.
UESC
Os portões de entrada no campus continuam na oficina. A incompetência ou falta de recursos permanece.
O que justifica as denúncias dos professores em greve.
Deu no Gusmão
“’Barbear coletivo’ ironiza Wagner”. Eis o expressado no Blog do Gusmão nesta sexta 6, traduzindo a crítica dos professores da UEFS, em greve, como também estão os da UESC, da UESB e da UNEB, considerando o “delicado” tratamento do galego para com a categoria.
Cortou os salários – saudades de Toninho Malvadeza, mais autêntico – e prometeu fazer a barba para agradar o João Dória Jr – aquele do “Cansei!” – em encontro no Comandatuba – onde professor não pode chegar.
A foto que ilustra a matéria do Gusmão (dir.) não é metáfora: corte dos “altos” salários dos muito bem “remunerados” professores é coisa de brucutu!
Leitura obrigatória
O artigo “Sobre porcos, homens e a universidade pública na Bahia”, de Roque Pinto (www.pimenta.blog.br)
um dos “milionários” professores da UESC traz como paradigma para o atual momento da gestão baiana a obra de George Orwell (Revolução dos Bichos).
Um primor!
Razões fáticas
Quando tratamos o professor universitário de “milionário”, traduzimos a circunstância que se nos afigura pretender o Governador, quando exige do docente viver com remuneração pífia e, se fizer greve, sobreviver sem salário.
Estávamos lá
O Pimenta na Muqueca ponteou, neste sábado (“O algoz no comando”), a informação de que o novo Comandante da Polícia Militar da Bahia é aquele que, cumprindo ordens do governo carlista de plantão, César Borges, desceu “democrático” sarrafo nos alunos da UFBA que pediam a cassação do então senador ACM, em 2001.
Para avivar as mentes, não nos esqueçamos que o campus da Universidade Federal teve a sua autonomia violada e foi invadido – coisa de fazer inveja a qualquer ditadura – para atender aos delicados reclamos da ação policial.
Estarreceu o País. Que não conhecia o dito por Otávio Mangabeira: “Pense num absurdo e na Bahia já há precedente”.
Coincidência?
Que não seja paranoia do escriba: quando professores estão em greve – e o governo Wagner utiliza do mesmo discurso do carlismo – joga no imaginário da turma, com a nomeação, o ícone da invasão de um campus.
Na época, universidade federal. Que dizer das estaduais?
Cor e som
Bach, mestre do contraponto, tem na Sonata e Fuga em Ré Menor, um dos clássicos da música erudita inserido no imaginário popular. Não conceberíamos a utilização da peça imortal sob os auspícios de moderna tecnologia, que apresentamos abaixo.
Interessante notar-se a plena arquitetura da peça musical, dos contrapontos, a compreensão visual do que representa uma fuga em outro espaço que não a partitura.
Um destinatário especial para a melodia: Aécio Santos.
Cantinho do ABC da Noite
Naquele dia a prosa não alcançou unanimidade. Por considerar certa intervenção “sofrível”, não digno o autor de estar numa “escola” como o ABC, Cabôco Alencar adiantou a pérola:
– Já fazem cruz de isopor por aí. Mas vocês são a minha cruz. E completou – De cimento!
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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum