Professores aposentados de Juazeiro, no norte da Bahia, denunciaram golpe aplicado por falsos advogados, que pedem dinheiro para dar prosseguimento a processos judiciais que estão em andamento. Contudo, o valor das causas, que estariam ganhas, não caiu nas contas das vítimas.
Uma professora de Juazeiro, que preferiu não se identificar, conta com detalhes como ela foi procurada e o que foi oferecido a ela. De acordo com o relato da vítima, um advogado que dizia ser do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) a procurou com a promessa de receber quase R$ 100 mil.
“Quando eu atendi, ele falou o seguinte: ‘É do sindicato, da APBL. Eu disse: ‘Com quem estou falando?’ Com o doutor Eraldo da Silva Brandão. Aí eu digo: ‘Qual é o assunto?’. É sobre a reclassificação dos aposentados de 99 até 2002, e estou comunicando a senhora que a senhora já foi contemplada no primeiro lote e tem a despesa dos advogados”, relembra.
Em Juazeiro, pelo menos outros cinco professores aposentados foram vítimas deste mesmo golpe. Segundo a APLB, em nenhum processo movido pela instituição na justiça ocorre o pagamento direto de dinheiro para os advogados
“Existe um golpe na praça, usando o nome da entidade, da APLB sindicato. Nenhum advogado da APLB ligou pra nenhuma pessoa, nenhum trabalhadora, pedindo depósito nas contas da APLB e nem conta pessoal dele. Então abra o boletim de ocorrência, traga esse boletim pra APLB, pra gente levantar quantas pessoas caíram nesse golpe aqui no estado da Bahia”, disse Antônio Amorim, representante da APLB em Juazeiro.
No total, o prejuízo da professora que preferiu não se identificar foi de R$ 5 mil, valor que foi dividido em quatro depósitos bancários. Segundo a aposentada, ela só percebeu que se tratava de um golpe quando o dinheiro prometido não caiu na conta, e as conversas em um aplicativo de troca de mensagens pararam. Até então, os golpistas tinham todas as informações do processo.
“Não sou de acreditar nessas coisas, mas quando o homem sabe o nome de tudo, tudo, tudo, tudo, até de meu pai e minha mãe. Não tinha como não cair. Porque eu já estava esperando. Há uns 3 meses atrás me ligaram dizendo: ‘Olhe, seu nome está no primeiro lote'”, conta.
A situação virou caso de polícia e está sendo investigada. “Já houve as declarações e identificação das contas que foram feitos os depósitos, e são contas do estado do Ceará. Essas contas, obviamente, vamos quebrar os cadastros dessas contas, vamos identificar os suspeitos que tiveram os depósitos em conta bancária e a investigação também vai passar pela Polícia Civil do Ceará, porque nós vamos expedir precatório solicitando diligências para identificar os proprietários dessas contas”, explica o delegado Reginaldo César Lima.
A professora que foi vítima do golpe disse que não acredita que terá o dinheiro de volta. “Esperança desse dinheiro voltar, nós não temos. Chorei, me chateei, fiquei super chateada, porque eu nunca cai num golpe desse, nunca na minha vida, e tá R$ 5 mil perdido”, lamenta a vítima. (Com informações do G1)