Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.
Adylson Machado
Para foguete
Recente descoberta científica reconhece o uso da urina como combustível, pela oxidação da amônia através do Anammox, tornando-a hidrazina, substância para alimentar foguetes. Detalhes no Portal de Luis Nassif Online em www.advivo.com.br – “Cientistas convertem urina em combustível”.
Dois aspectos da descoberta despertam a curiosidade deste rodapeador: 1. Pelas leis de mercado, a oferta tornará aviltado o preço da matéria prima; 2. Caso a cerveja não atrapalhe a elaboração da hidrazina, mais um motivo para a turma do final(?) de semana.
Concorrência
Essa de a PepsiCo, responsável pela distribuição do Toddynho, admitir haver embalado unidades junto com água e detergentes possibilita raciocinar que pretenderia competir com a indústria da limpeza.
Quem sabe com a Bombril?
Mais um
Esse primeiro mundo não se emenda. Lá vem o estadunidense Worldwatch Institute, organizador do prêmio “World Food Prise”, conferir ao ex-presidente Lula a premiação por suas políticas de combate à fome, por garantir “um mínimo de renda, permitindo acesso a bens básico e serviços”.
A cerimônia acontecerá em Iowa, entre 12 e 14 de outubro.
Desse jeito o nordestino e operário continuará viajando pelo mundo! Mal chegou de Paris!
Admiração de analfabeto
Particularmente nos sentimos analfabeto e um tanto deslocado no mundo internético. Resistência quixotesca, talvez, bem a “cavaleiros de Granada”. Mas, compreendemos a imensa perda que a morte de Steve Jobs traz a esse universo.
Imagino o que sente Marcel Leal, o primeiro por essas plagas a falar e discorrer, com absoluto domínio, sobre as maravilhas que iam surgindo do cadinho da Aple jobiana.
Festa Literária Internacional
Ocorrerá na cidade heróica de Cachoeira, de 11 a 16 de outubro, a FLICA – Festa Literária Internacional de Cachoeira (sob Curadoria do historiador Aurélio Schommer), iniciativa que congrega vários apoiadores e patrocinadores, dentre eles o Governo Estadual, a Prefeitura Municipal e a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. (Detalhes da programação em www.flica2011.com.br).
Inicialmente idealizado para o campus da UFRB será realizado no Conjunto do Carmo, na Praça da Aclamação.
O poeta e intelectual português Pedro Mexia, o cultuado paulista Reinaldo Moraes, o biógrafo e jornalista Fernando Morais, Ubiratan Castro e Pawlo Cidade, Gustavo Falcón, Luislinda Valois, Joel Rufino dos Santos, Ana Maria Gonçalves, Bob Stein, Victor Mascarenhas, Hélio Pólvora, dentre outros, marcarão o universo de discussões, da poesia ao romance, o livro em papel e o meio digital, e o especialíssimo Nei Lopes, no samba e na ficção.
Jorge de Souza Araujo, Carlos Barbosa e Mayrant Gallo, sob mediação de Vagner Fernandes, debaterão o tema “O Romance e a Grande Literatura”, no sábado 15.
Música e Literatura farão a tônica do evento. Uma “festa” bem Bahia!
De “Marcolino da Fonseca” a “Prafrente Brasil”
Ramon nos chegou, quando agitávamos a área cultural de Itororó às expensas próprias, como o Coronel Marcolino da Fonseca, na peça “Cacau Verde”, de José Delmo. Naquele elenco Gal Macuco, Eva Lima, Carlos Betão, Jackson Costa (os que lembramos nesses quase trinta anos depois). Os macuquenses conquistaram a cidade, fizeram o espaço do Colônia Clube pequeno, para ali arrastada pelo “Coronel” que correra a praça central com seu terno branco e barriga empinada convocando-a num coronês difícil.
Esta semana soubemos: Ramon Vane conquistou o Candango de Ouro, de melhor Ator Coadjuvante, no 44º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, por seu trabalho em “O homem que Não Dormia”, de Edgar Navarro (que no mesmo Festival de Brasília já conquistara sete prêmios com “Eu Me Lembro”, incluindo o de Melhor Filme).
Temos que realmente ocorreu o encontro do ator com personagem, que aguardamos conhecer em detalhes quando da exibição de “O Homem Que Não Dormia” em nossas telas.
Com Ramon Vane, ocorre uma façanha rara: premiado com o primeiro longa-metragem que realizou.
Edgard Navarro
Sobre ele escrevemos em janeiro (DE RODAPÉS de 16 de janeiro/2011), quando de sua passagem por Ilhéus, durante o 1º Festival de Cinema Baiano, em janeiro de 2011, que estava concluindo mais um longa. O que agora premiou em Brasília Ramon Vane como melhor Ator Coadjuvante.
O laureado e polêmico cineasta baiano de “Superoutro” tem para nós um grande e singular mérito: valoriza nosso artista regional, vem aqui buscar muitos de seus atores: Rita Santana, Eva Lima, Valderez (Candango de melhor Atriz Coadjuvante, em “Eu Me Lembro”) e agora Ramon Vane.
Itabuna presente
Dentro do projeto Irmão Jorge, 100 anos Amado, elaborado e desenvolvido pela ACCODEC (associação ferradense) para comemorar o centenário do ilustre grapiúna, a atriz Eva Lima esteve em Valentim neste sábado 8, para apresentar-se ao lado da atriz Cibele Sá e um grupo de alunos do curso de teatro local, na inauguração do Museu do Processo no povoado de Valentim, município de Boa Nova, com o texto do itabunense Marquinhos Nô “As Mulheres de Jorge”.
A meta é ainda estabelecer troca de informações e experiências entre as duas localidades para fortalecer os laços culturais entre Ferradas e Valentim, iniciativa que conta com apoio da ACATE (Associação Cultural dos Amigos do Teatro de Itabuna).
“Costuras”
Sob esse título o Pimenta vazou o encontro ocorrido entre Geraldo Simões, Davidson Magalhães e Saulo Pontes. Aparentemente conflitantes PT, PCdoB e PR estariam compondo alguma melodia a três mãos, é a especulação imediata. Davidson Magalhães corre a desfazer a insinuação.
De interessante para nosso rodapear a água e o óleo (PR/PT) com um produto ainda por ser definido, PCdoB, mas que pode ser traduzido como sinônimo de oportunidade e cargo.
Tempo de espera
Caso Geraldo Simões consiga unificar alianças antes impensáveis mais se fortalecerá individualmente dentro de seu projeto político (que será por nós analisado em futura oportunidade).
Cabe observar se para atendê-lo o sacrifício alheio encontrará compensações.
Particularmente já escrevemos que sempre nos pareceu estar o projeto do PCdoB centrado em Davidson/2016.
2012 pode ser “mijadinha canina”.
Pagando para ver
Sob o prisma de que o governador Jacques Wagner não é ACM “Malvadeza”, o que alimenta a liberdade de partidos da base disporem de autonomia para definir rumos municipais, ainda que não possa ser levada ao pé da letra no que diga respeito a uma “omissão” do Governador no processo, não deixa de refletir a realidade.
Mas pode não ser bem assim!
E o PT não se emenda
Que o diga a nova conquista petista em Salvador, Alcindo Anunciação. Ainda soam nos ouvidos dos companheiros seus ataques a Lula e ao PT.
Mas, quadro novo não é coisa que se dispense. Ainda que históricos sejam perdidos.
Premiação para Itororó
O prêmio de Modelo de Gestão e Modernização da Administração Pública atribuído ao município de Itororó pela ONU por atingir melhorias na Educação, Saúde e Desenvolvimento Social não pode ser considerado como mero agraciamento ao agraciado. A credibilidade do órgão internacional por si só dimensiona o que representa para a terra da carne de sol a premiação: primeira, no âmbito do município, e rara, pela natureza do reconhecimento.
Não tão desprestigiado assim
E o desprestigiado Newton em Ilhéus não o era tão assim. Bastou o PT perceber o espaço que podia ocupar, e oferecer ao alcaide praieiro o ombro amigo, para serem percebidos os prejuízos dos que simplesmente esnobavam o prefeito.
Para Jabes Ribeiro pode haver um custo, perdendo o apoio do PT, que pode ou lançará candidato próprio agregando a parcela político-eleitoral de Newton, já que passa a tê-lo em Ilhéus dentro daquele expressar: “ninguém é tão rico que não possa receber, tampouco pobre que não possa dar”.
Resta saber…
…Se a lamúria do PSB, através da senadora Lídice da Mata, com a perda de Newton, repercutirá nas alianças pretendidas em Itabuna pelo PT.
Coisa menor, a ser relevada. Talvez.
Se for verdade…
A editoria do Pimenta na Muqueca publicou “Rejeição Preocupa”, no domingo passado 2, iniciando assim a peroração: “Azevedo: a rejeição ainda é muito alta”. Para os que se debruçam sobre a importância das palavras do texto no contexto da informação esse AINDA significa, para a análise, pelo menos, a possibilidade de mais queda em tal inconveniência para sonhos político-eleitorais.
E afirma a matéria que “Azevedo crava sempre entre 41% e 52% de rejeição popular”. Sob esse particular – o da alta rejeição do alcaide – já escrevemos, diante da informação à época de que se encontrava no patamar de 76%, que a publicação do índice estava a constituir uma informação a favor de Azevedo, uma vez que cada unidade de queda poderia traduzir a ideia de que o prefeito se recuperava no imaginário da população eleitora, razão por que também dizíamos entender a rejeição de Azevedo como tipicamente circunstancial.
Diferentemente da de Geraldo Simões ou Fernando Gomes, que são absolutas em si mesmas. (A de Juçara está vinculada, em muito à circunstância de ser esposa de GS, não só, como querem atribuir, a certa ausência de carisma).
Se for verdade…
E ainda debruçado sobre a matéria, localizamos logo em seguida: “O alívio é que as candidaturas mais fortes no campo oposicionista (Geraldo Simões e Juçara Feitosa, ambos do PT) também são donas de alta rejeição, apesar de figurar alguns pontinhos percentuais à frente de Azevedo ou empatarem nas intenções de voto”.
O texto diz tudo, para nós: a rejeição de Geraldo, Juçara e Azevedo são semelhantes e estão praticamente empatados nas intenções de voto; em alguns levantamentos Geraldo ou Juçara dispõem de “alguns pontinhos à frente”.
Assim, ousamos afirmar, UM ANO ANTES, se as nuvens permanecerem em céu de brigadeiro até outubro de 2012: se for verdade o que o texto hoje aponta José Nilton Azevedo está reeleito!
Em defesa de Gasparetto
A mesma matéria, no entanto, comete uma injustiça, que queremos entender como engano redacional, ao afirmar que “ainda sobre o quesito rejeição, o sociólogo Agenor Gasparetto defende teoria (baseada em estudos próprios) de que dificilmente é reeleito o gestor que tenha mais de 25% de rejeição”.
Para nós, que também privamos da sadia convivência com o competente sociólogo, e o respeitamos em razão das criteriosas avaliações que promove, NUNCA ouvimos dele (ainda que indagado especificamente sobre o peso da rejeição) que 25% seja a constante menor para a fatalidade da não-reeleição.
Tem-nos afirmado peremptoriamente AG que desconhece nas pesquisas por ele realizadas na região que candidatos à reeleição com índices no patamar de 40% tenham alcançado sucesso.
Escolha primorosa
Poucos nesta Bahia – e raramente em Itabuna – escrevem como o autor que se intitula Ousarme Citoaian, declinando no Pimenta. Não sabíamos, no entanto, que também se desdobra em editor de vídeos. Não o ouvimos na oportunidade em que publicado, mas no instante em que seu criador celebrava um ano de postagem no YouTube e comemorava 5623 visualizações (já agora nas 5928 deste último acessar) do primoroso registro da denúncia danteana melodizada pelo Rei do Baião, na sempre vigorosa “Vozes da Seca” (Luiz Gonzaga-Zé Dantas), da edição enviada ao YouTube em 7.9.2010.
Cabe registrar que temos Luiz Gonzaga dentre os mais profícuos melodistas brasileiros e a introdução da gravação o demonstra. Sobre a edição chamaram-nos a atenção dois aspectos: um, intrínseco, que é a gravação em si, onde destacamos a introdução; outro, extrínseco, a edição.
A beleza do primor
A introdução que Gonzaga oferece, em doze compassos, contém a simplicidade na percussão, privilegiando de imediato o triângulo, a zabumba e o agogô duplo abafado, durante dois compassos, abrindo para o primeiro tema da introdução, desenvolvido por um violão e tendo a sanfona como base, durante outros cinco quaternários, entregando-o ao fole que se abre para o tema principal do acompanhamento.
A melodia dessa introdução é de beleza ímpar. Gonzaga se utiliza de uma técnica no curso do acompanhamento do canto: a de não manter o arpejo harmônico no teclado e sim pontuar notas, fazendo o acompanhamento chorar em soluços, sempre antecipado no lamento do fole que se abre para valorizar a baixaria (mais acentuado na primeira oportunidade), fazendo com que letra e melodia se completem plenamente, interajam em sentimento.
A leitura do primor
Ousarme realiza com a edição um típico “documentário” de 2min40seg, casando ao texto cenas de “Vidas Secas”, de Nelson Pereira dos Santos, tela de Portinari, charge, política e políticos e o cotidiano cruel da seca, rural e urbana.
A interessante e realística leitura nos deixa a idéia de que há uma “armadilha” (arapuca) no “Brasil” que “está sem comer”, assim como o há com “nosso destino” nas mãos dos políticos.
Um primoroso trabalho: do original à edição.
Cantinho do ABC da Noite
A verve alencarina não perde oportunidade. Aflora na velocidade da luz quando se lhe dão vez. Como no em que o encontraram no supermercado, e indagado o foi sobre o que fazia por ali. A taxativa explicação de Cabôco:
– Depois de aposentado só venho aqui comprar leite longa vida.
_________________
Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum