AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

                                                                              

Monstro sagrado

Inegável unanimidade, currículo invejável, muita história para contar. Lenda viva do cinema baiano, ícone da fotografia glauberiana (fez todos os filmes de Glauber) carrega 74 anos de vida e outros 54 de cinema.

Possui um acervo que supera 1.500 de peças e equipamentos que constituem um resgate da história do cinema e da televisão no Brasil, incrustada nos rincões baianos. Como a centenária Kodascope Model JB, da Eastman Kodak Co, uma das duas que vieram para o Brasil, de uma série especial de apenas 10, fabricadas em 1910. Até mesmo a Super 8 de Edgard Navarro, com a qual o irreverente autor de “O Superoutro” (1989) filmou o curta “O Rei do Cagaço”.

roque araujoDiretor, roteirista, fotógrafo, montador, trabalhou com o pioneiro Roberto Pires e grandes como Walter Lima Junior, Luis Carlos Barreto e Glauber Rocha. Um de seus últimos trabalhos de direção – No Tempo de Glauber – é registro que envolve particularidades como cenas inéditas de Idade da Terra e o discurso indignado de Glauber contra o autoritarismo e a política da época (pleno regime militar).

Parte de seu acervo esteve ali, no Paulo Souto, na UESC, no MUSA, exposto para uma comunidade que desconhece a importância do que tinha diante de si e do mito que atendia a todos como se os conhecesse na intimidade.

Poucos entenderam aquele homem simples, vocacionado para servir. Na alma o cinema; não só como arte mas como exercício da essência humana.

Muitos perderam de conhecer Roque Araújo.

Para conferir

O vídeo institucional abaixo, de certa forma, mexe com nossa autoestima. Cabe-nos a todos esperar para conferir o Maracanã que surge.

É assim que funciona…

O acusador afirma que não tem provas que vinculem o Ministro Orlando Silva a suas denúncias. O Supremo Tribunal Federal acatou pedido de abertura de inquérito da Procuradoria-Geral da República, do mesmo Roberto Gurgel que determinou o arquivamento de pedido de apuração contra Palocci. O Ministro cai.

A queda, portanto, não decorre das denúncias do policial que anda às voltas com desvio de recursos de programa do próprio Ministério. Como a PGR agiu contra Orlando teria suas próprias “provas”, distintas das que tinha contra Palocci.

Ou, talvez, entre o político e o jurídico (abertura de inquérito) o governo sentiu-se incomodado em manter um ministro sob investigação. Ainda que possa dar em nada.

Quando o buraco é mais embaixo

A expressão, um tanto chula, se afina com a realidade. Ainda que sem provas diretas, a Procuradoria-Geral da República pediu a abertura de procedimento investigativo junto ao Supremo contra o hoje ex-Ministro Orlando Silva.

Por sua vez o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, ainda que disponha de provas, não decidiu se indicia o general Enzo Peri, metido na bandalheira das fraudes que envolvem setores de engenharia do Exército e o DNIT, traduzidas, entre outras irregularidades, em “contratos com empresas de fachada controladas por militares” que geraram “um rombo de 15 milhões”, como atestado pelo Tribunal de Contas da União (CartaCapital, n. 666, de 5 de outubro/2011, “A farra da caserna”).

Como no dito acima…

Critérios pedindo revisão

A Controladoria-Geral da União denuncia a existência até de ONGs fantasmas. Estas figuras da sociedade, inspiração neoliberal, amparadas por lei para cumprirem desideratos atinentes ao Estado, ou seja, fazer o que cabe ao poder público, utilizando dinheiro público, tornaram-se feudos de novos “João Alves”, ainda que dispensando aquela sorte de ganhar em loteria “com ajuda de Deus”.

Para nos situarmos em meio a tais mistérios, bem que poderíamos levantar as muitas ONGs existentes em Itabuna e Ilhéus que recebam recursos do poder público.

Veremos que poucas estarão a salvo.

Da série “Mais uma do STF”

Não bastasse “desaprovar” lei legitimamente elaborada pelo órgão competente, o Poder Legislativo (que determinava a impressão do voto a partir da eleição de 1914), de invadir seara do Ministério da Fazenda (suspendendo a majoração de alíquotas do IPI para carros importados), o Supremo Tribunal Federal, contrariando a posição defendida pela Sub-Procuradoria-Geral da República, declarou constitucional o exame da OAB.

Difícil compreender que todos sejam iguais perante a lei (CF, art. 5º) quando a única graduação (nível universitário) INABILITADA ao exercício da profissão seja a advocacia.

Não fosse a flagrante violação a uma norma infraconstitucional: quem dispõe da competência institucional/constitucional para autorizar, FISCALIZAR e extinguir cursos universitários é o Poder Executivo, através do Ministério da Educação, que o faz amparado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

Protegidos

De qualquer forma ficam mantidos os feudos da OAB (que faturou cerca de 67 milhões de reais em 2010 só com o Exame da Ordem), os “cursos preparatórios” para exame da OAB (desmoralização dos cursos de Direito) e o estelionato dos livros voltados para dita excrescência, tipo Direito Penal para Exame da OAB, Direito das Sucessões para… etc.

E como não poderia deixar de ser, os donos de cursinhos e ilustres professores/palestrantes, muitos egressos (quando não na ativa), da magistratura e dos tribunais superiores.

Expectativa

A presença do ex Presidente Lula no palanque da campanha, mais que a da Presidente Dilma, é o sonho de todo candidato a prefeito em 2012. Por estas plagas já estava pré-anunciado como troféu desta ou daquela candidatura.

Ainda que sua recuperação seja breve (estimada entre 4 a 6 meses) difícil que todos que o ansiavam possam contar com o companheiro ao vivo.

A solução fica com fotos e vídeos. E muito pouca fala.

Outra leitura I

A aliança celebrada entre o PT ilheense e o prefeito Newton Lima vem sendo torpedeada como inconseqüente para o petismo local. As análises mais se apropriam da imagem nada agradável da administração NL.

Como ontem, e observada particularmente, a gestão Newton Lima muito se aproxima de uma outra, em tempos não tão distantes, então comandada por Valderico Reis.

Outra leitura II

Os vários segmentos locais torceram para o defenestramento de Valderico e louvavam Newton Lima como a esperança maior. Tanto que o reelegeram. Se alguém perguntar o que realmente fizera Newton enquanto prefeito no imediato da saída de Valderico para merecer tantas loas não encontrará uma só obra que justificasse os encômios.

Um canteirinho aqui, um meio-fio pintado ali, lixo coletado acolá… E Ilhéus em peso decantando, embevecida, o autor de tão grandiosas obras.

O que muita gente não esperava – e se arrepende até hoje – é de haver dado fôlego a Newton Lima com tão pouco.

Ilhéus, deslumbrada, reelegeu Newton Lima, diante da incúria de Valderico, como se efetivasse uma catarse por tê-lo eleito em 2004.

Outra leitura III

Newton Lima passou a vilão, muito rapidamente. Os motivos nos dispensamos a comentar, para evitar perda de tempo e espaço, tinta e paciência do leitor.

No entanto, ocorre que o quadro 2011/2012 – ainda que não seja idêntico ao que precedeu à cassação de Valderico e ascensão/endeusamento de Newton Lima – traz uma singularidade: o desgaste de Newton se assemelha ao de Valderico e deixa a praieira com os nervos à flor da pela, expostos à sensibilidade.

Se levarmos em conta a vocação da política ilheense para catarses surgirá nova oportunidade, em andamento. Ou seja, novos “canteirinhos” e “meios-fios” podem convencer o eleitor praieiro a dar uma oportunidade ao benfeitor.

Outra leitura IV

Alguém mais atento provocaria, para destruir essa argumentação, que Valderico fora cassado para que ocorresse a ascensão de Newton Lima, que permanece prefeito ao ingressar no PT.

Certo, certo! Mas aquele “canterinho” e aquele “meio-fio” podem estar em outra dimensão: a competência que a “nova administração” demonstrar a credenciará a continuar, não mais com reeleição, mas com eleição da turma que tomou a frente para salvar Ilhéus do atual e de alguns “salvadores da pátria” do passado.

É pagar para ver!

Nada a perder

Por outro lado, o PT de Ilhéus não tem nada a perder. Encontrava-se entre a cruz e a espada. De fazer-se isoladamente ou apoiar Jabes Ribeiro, de renunciar a ser autor e manter-se coadjuvante.

Se não ganhar perde menos estando em mais evidência.

Palco do debate

Até pouco tempo seria inimaginável que o grande centro de embates do PT na região se deslocasse de Itabuna para Ilhéus. Na praieira medirão forças Geraldo Simões e Josias Gomes.

Geraldo, em território adversário, tentará incluir seus parceiros nos espaços conquistados pelo PT em Ilhéus.

Em Itabuna, onde tem o controle pleno do partido, a companheirada está limitada ao beija-mão.

Sinais

Não muito sabemos o que representa cada um dos nomes que efetivam a participação do PT na atual composição do secretariado ilheense. Um, no entanto, nos põe a mão no fogo sem risco de ficarmos maneta: do jovem Murilo Brito.

Um dos quadros petistas que permitem lembrar do PT histórico, idealista, comprometido.

Que a oportunidade lhe seja dada. Não por assumir o cargo, mas para fazer o que pode fazer.

Se as velhas raposas permitirem.

Pode não ser o que alardeiam

Pesquisa realizada e não divulgada não reflete quadro tranqüilo para quem nela está “com vantagem”. Reza a cartilha do bom senso que ninguém dispensa mostrar-se “em vantagem”. Coisa que contribui para consolidar situações ou o imaginário do eleitorado. Quando não para enfraquecer a resistência dos indecisos, que tendem a ficar com quem está na frente.

Essa pesquisa mostrando que alguém está muito bem em Ilhéus pode esconder revelações, daí por que não foi publicada. Como a de que o vencedor não está tão vencedor assim.

Especialmente se o detentor da vantagem anda estrilando com alianças alheias.

Para não ser esquecido

Neste 28 de outubro completaria 100 anos. Boêmio de inspiração melódica singular encontrou em Guilherme de Brito o letrista perfeito. Nelson Cavaquinho definiu, com precisão, dentro da angústia do viver, a relação entre o agora e o depois, na primorosa “Quando eu me chamar saudade”, negação e repulsa à homenagem post mortem. Se a letra é de Guilherme, o tema é Nelson.

Para lembrar, a interpretação de um outro Nelson, o Gonçalves.

Cantinho do ABC da Noite

cabocoA manhã reunia poucos àquela hora. O divã psicanalítico se fazia na esteira das batidas. Desafios para a educação dos filhos crescidos convergiram para uma conclusão, expressa por um deles:

– Cada um carrega sua cruz!

– É Cabôco, no tempo de Cristo a coisa era outra – pondera Alencar.

E a turma, ávida por encontrar apoio, desatou a rir depois da peroração alencarina:

 – Hoje, depois que inventaram o isopor, a coisa ficou fácil.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum