A prefeitura de Itabuna resolveu endurecer o jogo com as empresas que operam o transporte coletivo em Itabuna. Depois de falhar em recolocar os ônibus na rua após a reabertura das atividades empresariais na cidade, a prefeitura vinha amargando críticas, as quais respondeu com uma solução que é um problema: colocou vans escolares para fazer suprir o transporte público, aumentando o risco de contaminação nos veículos inadequados. Paralelamente, faz vista grossa ao transporte clandestino das lotações.
Após essa sucessão de barbeiragens, resolveu investigar os contratos com as empresas Sorriso e São Miguel, e para isso instituiu uma Comissão de Processo Administrativo, e já saiu acusando as empresas de inúmeras irregularidades, inclusive algumas que eram “objeto de queixas frequentes dos usuários do serviço”.
Mas, veja, estimado leitor. Eram contratos que a própria prefeitura tinha o dever de fiscalizar, como Poder que concedeu às empresas o direito de explorar o serviço, mediante contrapartidas estipuladas em contrato. A pergunta é: por que somente agora a prefeitura decide ver que a população fazia queixas frequentes do serviço que ela própria prestava, por meio da concessão às empresas privadas?
O momento não pede uma ruptura, mas a retomada imediata do serviço, enquanto as partes resolvem, inclusive com acompanhamento do Ministério Público e, quem sabe, do Poder Judiciário, as pendengas que a prefeitura decidiu apurar no apagar das luzes do atual mandato de um prefeito que busca a reeleição.
O prefeito Fernando Gomes, do “morra quem morrer” no comércio, parece querer estender o desejo macabro aos usuários do transporte coletivo que hoje se espremem nas vans e lotações irregulares não fiscalizadas.