“Sou uma atriz de 35 anos, assexual e vista como uma mulher sensual. Sou boa em dançar, tenho lábios grandes, tudo que é considerado o estereótipo da sensualidade. Sinto uma força sensual em mim, mas isso não significa uma questão sexual, é pela beleza da vida”. Assim a atriz Priscila Ávila inicia seu relato à jornalista Nathália Geraldo, para o Universa, do UOL.
É o relato de uma vida, no quadro “Minha Vida”, da publicação, e se destinava a tratar de sua assexualidade, condição que descobriu na fase adulta, após estudar sobre o assunto, inclusive para seu trabalho de atriz. Por ai só, um relato comovente. Porém, no terceiro parágrafo, uma revelação se mostrou muito perturbadora para um leitor itabunense: conta ela:
“Desde os 10 anos, eu era abusada. Nasci em Minas Gerais e cresci em Itabuna (BA), onde comecei a fazer teatro. Na escola, os meninos me trancavam numa sala para tocar meus seios e minha vagina por muitas vezes”.
Ela tem 35 anos e conta que era abusada desde os 10 anos, para logo à frente informar que muitos desses abusos se deram em Itabuna. Na escola.
Ela afirma que sua assexualidade não se deve aos estupros que sofreu. Ocorre que esses abusos não se limitaram à infância e adolescência em Itabuna. Ela conta que essa foi uma constante em sua vida adulta.
“No meio artístico, a mulher livre é vista como aquela que tem que fazer sexo com todo mundo. Entendo que tem mulheres que querem, mas parece que você conversa ali com um diretor, e se entende que está tendo um engajamento… Em 2016, aliás, fui abusada em um banheiro por um ator conhecido, que disse que ‘via nos meus olhos que eu queria'”.
O relato segue e, para o leitor itabunense fica aquele incômodo por saber que nossa rede de proteção não funcionou para uma garota de 10 anos que foi abusada, inclusive em sala de aula, por vários anos.
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