A manicure Keila Cristina Pimentel não vê a hora de o pequeno Lucas Gabriel Pimentel, de 2 anos, retornar para casa, em Caetité, no sudoeste da Bahia. Uma das alegrias da família Pimentel, o menino nasceu com uma malformação craniana que levou a modificação do formato da cabeça e alteração da região superior do rosto. A criança recupera-se bem depois de ter sido submetida a uma cirurgia de remodelação e reconstrução craniana, custeada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no Hospital Manoel Novaes (HMN), em Itabuna.

Lucas Gabriel sofria com uma patologia conhecida como craniossinostose (ou cranioestenose), que se caracteriza pelo fechamento precoce de uma ou mais suturas da calota craniana. Neste caso específico, identificou-se o fechamento precoce da sutura coronária a esquerda e da sutura metópica, levando a uma assimetria importante da face e redução do espaço intracraniano à esquerda.

Sem a cirurgia, o menino corria o risco de não atingir o máximo potencial cognitivo do cérebro, o que poderia causar atraso no seu neurodesenvolvimento. Esse foi o principal motivo da mãe do paciente ter buscado o atendimento especializado. “Foi uma cirurgia grande e complexa, que exigiu conhecimento técnico e coordenação de toda a equipe envolvida para que tudo saísse perfeito”, explica o médico neurocirurgião pediátrico Fernando Schmitz.

O PROCEDIMENTO

Para a reconstrução do crânio, o médico retirou e remodelou as duas áreas ósseas que apresentavam a malformação. A primeira área abordada foi a região frontal esquerda, correspondendo a “testa”, realizando o remodelamento ósseo. Já a segunda área abordada foi a região superior da órbita esquerda, onde foi feito o remodelamento e avanço de estrutura óssea. A cirurgia durou quase 6 horas.

“O médico alertou sobre os riscos de o meu filho perder a visão e ter os movimentos comprometidos. Ele orientou sobre a necessidade de realizar a cirurgia. Era uma das coisas que mais queria em minha vida”, conta dona Keila Cristina. O menino nasceu prematuro com 32 semanas e três dias.

Keila Cristina temeu perder o filho quando soube que a criança precisaria ser submetida a uma cirurgia de reconstrução de crânio. “Os minutos que antecederam a cirurgia do meu filho foram marcados por nervosismo, apreensão e choro. Não vejo a hora de levá-lo para casa. De acontecer o reencontro dele com a prima e com o pai. Ele passa o tempo todo chamando pelo pai”, relata. A mãe conta que, por causa da patologia, a criança já sofreu bullying de coleguinhas.

NOVOS PROCEDIMENTOS

O tipo de reconstrução craniana em criança foi a primeira cirurgia desse tipo no sul da Bahia, segundo a diretora técnica do HMN, a médica pediatra Fabiane Chávez. “O resultado ficou dentro das nossas expectativas e o paciente está evoluindo muito bem. Logo em breve ele retorna para casa, para perto de seus familiares e amigos”. O menino está se recuperando da cirurgia em um leito da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e recebe alta ainda nesta semana.

A médica Fabiane Chávez destaca que esse e outros tipos de procedimentos cirúrgicos de média e alta complexidade, via SUS, em crianças e adolescentes estão sendo feitos desde o mês passado na unidade hospitalar em Itabuna.  “São várias especialidades que passamos a oferecer tanto pelo sistema público, quanto pelo convênio e também particular. São procedimentos que só eram disponibilizados em centros como Salvador e Feira de Santana”, finaliza a médica.