A aposentada Maria Francisca do Rosário Franco, de 81 anos, recebeu alta médica, na última quarta-feira (20), menos de 48 horas depois de ser submetida a um implante percutâneo Transcateter de Válvula Aórtica (TAVI), no Hospital Calixto Midlej Filho, em Itabuna. O caso da aposentada foi o décimo segundo na instituição, porém o primeiro no sul, extremo-sul, baixo-sul e sudoeste da Bahia em que um paciente não precisou receber anestesia geral para o procedimento médico, que durou menos de duas horas.

Durante o implante realizado no último dia 18, os médicos e dona Maria Francisca ficaram conversando. “Dona Francisca acompanhou todo o procedimento enquanto batíamos papo com ela. Foi uma intervenção minimamente invasiva, o que possibilita uma recuperação rápida do paciente”, esclarece o chefe do Serviço de Hemodinâmica da Santa Casa de Itabuna, o médico hemodinamicista Gláucio Wernerck Mozer.

O especialista explica que o implante de válvula aórtica percutânea representa um enorme ganho para o paciente, pois a recuperação ocorre em um período de tempo extremamente curto. “Essa paciente, por exemplo, recebeu apenas uma sedação leve para o implante da prótese na posição aórtica com sucesso. A paciente saiu da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para o apartamento 24 horas depois e recebeu alta médica 48 horas após o procedimento”.

Gláucio Wernerck ressalta que este ano completa 20 anos do primeiro implante realizado pelo médico Cribier na França e, que naquela época, os implantes de válvula aórtica eram recomendados somente para pacientes de muito alto risco em que a cirurgia convencional era quase proibitiva por causa da mortalidade em torno de 80%. Hoje, o cenário é outro, com baixa morbimortalidade (em torno de 20% a 30%).

REFERÊNCIA EM INTERVENÇÕES CARDIOVASCULARES

O chefe do Serviço de Hemodinâmica da Santa Casa avalia que o procedimento inédito na região é uma prova de que Itabuna se destaca como referência em procedimentos de alta complexidade na área de intervenções cardiovasculares. “Esperamos que esse procedimento passe a contar com cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS) para que um maior número de pessoas possam ser beneficiados com o tratamento inovador”.

A estenose aórtica é uma patologia prevalente em pessoas acima de 70 anos e, entre os principais sintomas estão tonturas, dor no peito, cansaço e dispneia. Se não forem tratados, menos da metade dos portadores de estenose aórtica sintomáticos sobrevivem por mais dois anos. “A paciente submetida ao procedimento já vinha perdendo o sentido, apresentava cansaço aos mínimos esforços e dor no peito. Ou seja, vinha tendo uma péssima qualidade de vida”, detalha o médico Gláucio Wernerck,

Maria Francisca do Rosário recorda-se que, durante o procedimento, conversou muito com os médicos, mas não se lembra exatamente sobre o de que falaram. “Lembro-me bem do momento em que o doutor perguntou se eu estava com sono, informando que o procedimento já iria começar. Estava muito confiante nos médicos e graça a Deus ocorreu tudo bem”.

Ela conta que já não mais sente as tonturas, falta de ar e cansaço, sintomas que a perseguiam constantemente. Disse ainda que está muito feliz por voltar para convivência com os filhos, netos, bisnetos, genros e noras. A aposentada comemora ainda o fato de puder voltar a frequentar às missas na Igreja São Judas Tadeu, na Avenida Ilhéus.

Filha da paciente, a comerciante Maria Rachel Franco Lopes conta que a família estava muito preocupada com o quadro de saúde de dona Maria Francisca, que precisava ser acompanhada por 24 horas. “Percebemos que o quadro de saúde dela se agravava rapidamente. Por isso, procuramos logo um especialista. Sentimos confiança na equipe quando fomos informados sobre qual tipo de procedimento seria feito. É muito bom para toda a família ter a nossa mãe de volta para casa”.