"Ficamos como a seleção brasileira com Kaká: ruim com, pior sem; no caso
de Itabuna, a organização das vagas."
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Com a suspensão temporária do "sistema zona azul" um velho problema, ganhou contornos novos: o comportamento agressivo e a forma conflituosa com que atuam alguns "flanelinhas".
As vias, embora "públicas" foram privatizada, dada a forma que foi loteada pelos guardadores autônomos, ao passo, que ficaram privativas para os que pagam pelo pseudo "serviço de guarda patrimonial particular".
Sabemos que alguns destes batalhadores lutam de sol a sol para colocarem a comida na mesa e por falta de alternativa econômica, bem como, por terem aprendido apenas este ofício, zelam e operam neste mercado com atenção e equilíbrio, merecendo conseqüentemente atenção e respeito de todos nós.
O problema é que entre estes, existem oportunistas, que tentam e se beneficiar da desordem instalada em nossas vias pela ausência de ação do Poder Publico.
O desrespeito gerado pela ausência das instancias responsáveis, atinge em maior escala, os mais vulneráveis. Em especial, as mulheres e os idosos.
Para minimizar as zonas de conflitos e harmonizar as relações presente na selva urbana, precisamos implantar uma "Política de Mobilidade", capaz de reverter o caos atual e criar perspectivas positivas para o futuro.
"Os flanelinhas" são apenas a "ponta do iceberg" desta disputa, mas, se renegados a segundo plano, representarão uma ferida aberta na nossa urbanidade.
Analisemos os problemas que ocorrem nos grandes centros nesta espacialidade. Nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Vitória do Espírito Santo o problema tem tomado amplitude preocupante. O zoneamento dos logradouros públicos serve de base para a formação de um mercado rentável, cuja dimensão, compete e desafia a organização das prefeituras.
O entendimento desta dinâmica é importante para exercitarmos nossa capacidade de compreensão e intervenção no processo de organização social e de construção da cidade socialmente sustentável.
As ameaças podem ser compreendidas, nas entrelinhas das frases aparentemente despretensiosas, mas, quase sempre carregadas de um tom de aviso "sub-liminar", tais como: "Seu carro tá guardado comigo, e nada vai acontecer com ele", "valeu doutor/doutora, na volta ele estará como deixou", "aqui ninguém vai mexer, patrão/patroa", "na volta, traga aquela moedinha" e por aí vai.
Assustamo-nos, também com as discussões ásperas, motivadas quase sempre pela invasão do território de um pelo outro, ou pela chegada de um novo guardador. "Aqui a vaga é minha", "vá circular porque aqui o carro do patrão/patroa é meu", "pode vir patrão/patroa, pois aqui a gente manda", "cheguei mais cedo, ou "estou aqui há mais tempo, portanto, saia", etc.
Vulneráveis e desrespeitados em nossa cidadania, pagamos e respiramos sempre que nos sentimos ofendidos. Temos, inclusive, que ter sempre à mão trocados disponíveis para evitarmos possíveis problemas, à nossa integridade física e ao nosso patrimônio.
Diante da desordem, percebemos que estão infiltrando junto aos "flanelinhas tradicionais" um novo ocupante das ruas, quase sempre alterado e sob efeito de drogas "licitas e/ou ilícitas".
O comportamento de alguns destes guardadores, chamam a atenção pela formação relâmpago de pequenos grupos que entre si transacionam produtos suspeitos.
O problema necessita de um olhar mais apurado das "estruturas policias" e de uma organização e intervenção por parte da Administração Municipal. Assim, teríamos a certeza de que ficaríamos menos vulneráveis as práticas desrespeitosas e que ferem aos princípios de cidadania.
"A desorganização gera a marginalização do espaço e possibilita a atuação marginal da atividade, instalando a barbárie"
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O cadastramento e a organização em uma Associação, por exemplo, possibilitariam a implantação de fardamento e o uso de crachá de identificação, produzindo conseqüentemente uma melhor imagem destes trabalhadores junto ao conjunto da cidade.
Esta iniciativa proporcionaria também uma maior segurança, tanto para os trabalhadores – flanelinhas – como para os condutores, possibilitando inclusive, em caso de necessidade, mediar conflitos junto às instâncias competentes.
Precisamos estar atentos, pois, como sabemos, a "cidade é o espaço dos conflitos" e a função dos poderes constituídos é desenvolver ações que permitam reduzir e amortizar os impulsos de barbárie presentes na natureza humana.
Rosivaldo Pinheiro é economista e pós-graduado em Gestão de Cidades