Após o recente surto da Doença de Chagas em alguns estados do Brasil, diversas instituições investem para encontrar soluções que possam controlar os índices da infecção. Foi com este objetivo que o professor Luiz Oliveira, da Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob), desenvolveu um teste capaz de identificar focos da doença de maneira mais rápida e precisa. O estudo é a pauta desta semana do Bahia Faz Ciência, série de reportagens, lançada pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb), que busca aproximar a população da produção científica no estado.
O projeto, que integra o Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS) da Fapesb, em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), consiste em um teste que une os fatores rapidez, facilidade de execução, baixo custo e alta sensibilidade para encontrar o agente causador da Doença de Chagas nos insetos barbeiros. Apesar de existirem vários exames para detectar a infecção no sangue de humanos e animais, a novidade é que ainda não havia sido explorada a padronização de um teste rápido que pudesse ser realizado diretamente nas fezes dos barbeiros.
Além disso, para identificar focos da doença, atualmente, é necessário o uso de equipamentos restritos a laboratórios, que exige alto conhecimento técnico para manuseio. A partir da pesquisa elaborada pelo professor, agentes de saúde poderão ter acesso ao teste capaz de identificar insetos contaminados e, dessa forma, alertar as pessoas que residem ou transitam ao redor do local que possui risco de contaminação.
De acordo com o pesquisador, o procedimento é similar ao de gravidez. “O teste é posicionado no abdômen do inseto e na mesma hora indica se ele está contaminado ou não. Através deste estudo, será possível gerar mapas de risco com informações que revelariam os principais focos de transmissão para otimizarmos o combate da Doença de Chagas nessas áreas”, destacou.
A depender do sucesso dos resultados, o teste que inicialmente será realizado na cidade de Barreiras, região que sofre com altos índices de pessoas infectadas, poderá ser aplicado em qualquer área de risco com a presença dos insetos propagadores da enfermidade. Os resultados parciais deste e de outros projetos aprovados pelo edital serão apresentados no Seminário de Avaliação do PPSUS que acontecerá de 16 a 18 de julho, das 8h às 12h e das 14h às 18h, na Escola de Saúde Pública da Bahia Prof. Jorge Novis, em Salvador.
Doença de Chagas
A Doença de Chagas é causada por um parasita que se aloja no organismo do barbeiro que vive em diferentes regiões do Brasil. A contaminação nos seres humanos é causada através do contato direto com o transmissor, que, através da picada, deixa suas fezes no local. No ato de coçar, a pessoa se contamina. Outra forma de contrair a doença é por meio da ingestão de alimentos que foram contaminados pelo mesmo parasita, devido ao contato com insetos que carregam o agente causador da doença. Os sintomas mais comuns são febre, mal-estar, inchaço nos olhos, fadiga, dor de cabeça e no corpo, náusea, diarreia, vômito, aumento do fígado e baço ou surgimento de nódulos. A doença pode evoluir para um nível crônico e durar anos, gerando constipação, problemas digestivos, dores abdominais, dificuldades de engolir, insuficiência cardíaca e arritmias.
Bahia Faz Ciência
A Secti e Fapesb estrearam, no dia 8 de julho, o Bahia Faz Ciência, uma série de reportagens sobre como pesquisadores e cientistas baianos desenvolvem trabalhos em Ciência, Tecnologia e Inovação de forma a contribuir com a melhoria de vida da população em temas importantes como saúde, educação, segurança, dentre outros. As matérias serão divulgadas semanalmente, sempre às segundas-feiras, para a mídia baiana, e estará disponível no site e redes sociais da Secretaria e da Fundação. Se você conhece algum projeto científico que possa virar pauta, envie sua sugestão para o e-mail [email protected]. A mensagem deve conter título e resumo do projeto junto ao contato do pesquisador.