Por Walmir Rosário
Se tem uns serviços prestados aos brasileiros que temos que tirar o chapéu são os bancários, mas somente em termos de avanço tecnológicos, que fiquem bem claro, para que eu não tenha problemas no futuro com bate-bocas inexplicáveis. Longe de mim perder tempo e gastar meus nervos com altercações que não levam a nada a não ser no desgaste físico e emocional com bobagens.
Dadas as devidas explicações, leio sempre que o Brasil – ou melhor, os bancos brasileiros – estão na vanguarda internacional quando o assunto é informática e segurança bancária na prestação de serviços aos clientes. Não poderia deixar de esclarecer, de pronto, que custam os olhos da cara – do cliente, é claro – para o gáudio dos riquíssimos banqueiros, sempre ávidos pelo nosso escasso dinheiro.
E aí, de forma desavisada, vem o Banco Central e cria o PIX, meio de transferência rápida, imediata, na mudança de titularidade dos nossos reais, desde que se encontrem dormitando nas contas bancárias. Melhor de tudo, de graça, sem as pesadas taxas e prazos decretados pelos bancos, sob a complacência do Banco Central, um aliado de todas as horas do sistema bancário, antes de sua autonomia.
E o PIX caiu em cheio no gosto do povo, apesar dos golpes aplicados pelos larápios cibernéticos. Uma ameaça aqui, outra acolá e o PIX seguiu seu caminho, mesmo a contragosto dos banqueiros, que não viam a hora de começar a cobrar pesadas taxas. Como o Banco Central não se amofinou, os banqueiros trataram logo de inventar serviços agregados ao PIX, oferendo dinheiro emprestado para quem não tinha a essencial provisão de fundo para a transferência.
Pela primeira vez os clientes aplicaram e encaixaram socos certeiros no queixo do sistema bancário. Se o pagador gostou do serviço, mais ainda os donos de estabelecimentos comerciais, que poderiam receber o pagamento sem destinar uma polpuda parte aos cartões, com a vantagem imediata de ter o resultado da venda creditado na sua conta bancária, ampliando o saldo bancário.
O PIX caminhou com suas próprias pernas (?) e podemos ver as plaquinhas de “aceitamos PIX” não só nos estabelecimentos comerciais, sejam qual o tamanho, mas e também nos empreendedores pelas diversas ruas e cruzamentos da cidade. Dando uma busca pela internet, consegui ver – até mesmo – pedintes exibindo suas placas de adesão ao serviço de transferência criado pelo Banco Central, com a finalidade de evitar a desculpa de “não tenho trocado”.
No mês passado, em Florianópolis, uma senhora de idade bastante avançada nos abordou no carro oferecendo uns docinhos, por três reais, cada. Agradecemos e recusamos a compra e ela não se deu por vencida: “Se não tem trocado, não tem problema, eu recebo pelo PIX”. Mas eis que chega nosso filho e partimos para outra avenida sem completarmos a relação de negócio com a empreendedora.
Não é comum eu circular por aí com dinheiro no bolso, a depender de onde vou e o que vou fazer. De acordo com minhas visitas, levo alguns trocados no bolso para o devido pagamento em dinheiro, reais em espécie. E um desses locais sempre foi o ABC da Noite, para minha satisfação e gozo das conceituadas batidas elaboradas pelo alquimista do Beco do Fuxico, Caboclo Alencar.
Como não tenho ido com frequência a Itabuna e, consequentemente, ao Beco do Fuxico, para o devido reconhecimento, preciso me atualizar, passando pelo Artigos para Beber e o ABC da Noite, para saber se José Eduardo e o Caboclo Alencar já aderiram ao PIX. Somente a título de lembrança, o Caboclo já frequentou escola de informática, em busca de conhecimentos cibernéticos. Daí para o PIX é um pulo.
Outra pesquisa que pretendia fazer – também in loco – seria na Confraria d’O Berimbau, onde o assunto ganhou destaque anos passados em relação aos cartões de crédito, isso, ainda, na administração de Neném de Argemiro e que ganhou destaque no jornal Tabu. De início, Neném não disse que sim nem que não, o que resultou numa assembleia, na qual nada ficou definida.
Com o fechamento d’O Berimbau, perdemos uma ótima fonte de pesquisa para saber da satisfação do cliente e do comerciante sobre o PIX como meio eficiente no pagamento de cachaças, cervejas e outras iguarias etílicas. Mesmo com minha pesquisa incompleta, poderei ter uma base da aceitação pelos donos de botequins, que hoje simplesmente deixaram de ouvir aquele sonoro aviso do cliente ao ir embora: “Some minha conta e tome no assento”.
Traduzindo: “Veja quanto devo e anote no caderno que pago depois, quando Deus mandar um bom tempo”. Com o PIX os cadernos de fiado vão deixando de existir e cairá por terra mais uma cultura popular. Dia desse cheguei num tradicional bar em Canavieiras e na hora de acertar a conta, o proprietário me apresentou uma folha de papel-ofício com um desenho chamado “QR code” e mandou que apontasse a câmera do celular para pagar com o competente PIX.
Walmir Rosário é Radialista, jornalista e advogado