Por Domingos Matos
Entre idas e vindas, lá se foram 30 anos. Cláudio Kron há três décadas faz sucesso no Reino Unido, além de vários outros países pela Europa, Ásia e África. Itabunense da gema do bairro de Fátima, fez mais um retorno à cidade, trazido por “uma saudade incontrolável” de seu chão e, principalmente de seu pai, o pequeno comerciante Zé Paulo, d’A Visgueira.
Na Europa Claudio não está “à procura da batida perfeita”, como cantou Marcelo D2, no disco do mesmo nome, mas levando sua baianidade, seu som e sua cultura para diversos povos através da percussão. Em Itabuna, porém, encontra talvez a energia que, ainda na adolescência, despertou a centelha criativa que o levou a se transformar num dos grandes percussionistas brasileiros.
Nesse intervalo de 9 semanas aqui na terrinha, já produziu a sua tradicional festa na Travessa Paulo de Souza, no Fátima, participou de diversas tocatas e está de mochila pronta para mais um intercâmbio, dessa vez nas matas do sul da Bahia com indígenas do povo Tupinambá de Olivença.
Assim é para Kron: sucesso pode ser tocar com pajés no sul da Bahia ou no maior festival de musica do mundo (Womad, World of Music and Dance), viajar com a embaixada do Brasil e o Itamaraty para vários países como Coreia do Sul, Nova Zelândia, Ghana, na África, e Trinidade e Tobago, na América Central.
Com cinco discos gravados, Cláudio Kron (ou Claudio Kron do BRAZIL, CKB, ou simplesmente Papa-Jaca, como também é conhecido por lá) é professor de Inglês na Inglaterra. Dá aulas a refugiados, que precisam aprender uma segunda língua para terem um mínimo de facilidade na comunicação em um país estranho. Algo que ele próprio conhece de perto.
“Quando cheguei na Inglaterra minha língua era a música. Tocava, ensinava, sem falar, apenas com música”, lembra. Ensinar o que sabe, aprender o que ensina, ir e voltar. Essa é a circularidade, da cultura, dos saberes e da ancestralidade defendida pelo inesquecível Nego Bispo que o leva para o mundo mas também sempre traz de volta.