Era 8 de novembro de 2002 quando o então servidor da Ceplac Florisvaldo Gomes de Oliveira foi submetido a uma cirurgia de urgência para remoção de um câncer de laringe, no Hospital Calixto Midlej Filho (HCMF). Considerado complexo, o procedimento foi realizado, com sucesso, pelo médico Lincoln Warley Ferreira, cirurgião e especialista em câncer de cabeça e pescoço.
Depois da cirurgia, Florisvaldo foi submetido a sessões de radioterapia no Serviço de Oncologia da Santa Casa de Itabuna, onde há mais de 20 anos ele estabeleceu uma relação de amizade com os profissionais, principalmente, com o médico Lincoln Warley, a quem considerava um membro da família. “Ele não era somente meu médico, a quem confiei minha vida. Era um amigo, um pai, um irmão. Um profissional espetacular. Um ser humano que gostava de cuidar das pessoas”, conta.
Florisvaldo relata que passou a valorizar a ainda mais a vida e o trabalho dos profissionais do Serviço de Oncologia da Santa Casa. “Foram mais de duas décadas sendo sempre muito cuidado. Doutor Lincoln Warley fazia de tudo para que eu ficasse bem, fisicamente e psicologicamente”, recorda-se emocionado.
ROTINA QUEBRADA
A rotina de visitas à Unidade de Quimioterapia só foi quebrada pelo paciente, em 2023, com a morte do médico Lincoln Warley. “Com a perda de doutor Lincoln, meu pai ficou abatido, debilitado e triste. Parecia que o mundo havia acabado para ele. Veio reagir recentemente, quando procurou o doutor Jader Mesquita (cirurgião de cabeça e pescoço) e voltou ter acompanhamento médico periódico, conta a filha, a técnica de enfermagem Ana Cláudia de Souza.
Florisvaldo Gomes, que, segundo Ana Cláudia, esteve entre a vida e a morte, há muito tempo é um paciente com remissão da doença (a presença do câncer não é mais detectada). Na verdade, seria como se fosse a cura da doença, mas, por cautela, os especialistas evitam o uso do termo. O paciente é acompanhado durante toda a vida.
SEU FLORISVALDO É CHEGADO A UMA CARNE SECA E FEIJÃO
Hoje, aos 88 anos, o servidor público federal aposentado tem uma vida considerada normal e é independente. “Meu pai tem limitação somente da voz. Ele adora um feijão com carne seca e uma farinha de mandioca bem torrada. Tem uma vida muito ativa. Faz compras em supermercados. Passeia pelo centro de Itabuna e não deixa de visitar a Santa Casa”.
RELAÇÃO ESTREITA
Morador do Núcleo Habitacional da Ceplac, bairro escolhido por boa parte dos ceplaqueanos para criar seus filhos, Florisvaldo Gomes aparece, quase todos os anos, para entregar uma carta de reconhecimento e gratidão pelo atendimento que recebeu. “Tem outro detalhe: quando havia qualquer problema de saúde com um membro da família, ele queria levar logo para doutor Lincoln Warley. Tínhamos de explicar que o caso era para outro especialista, mas ele não se conformava”, recorda-se Ana Cláudia.
Ela afirma que o pai só não cedeu a recomendação do médico para ser acompanhado por um fonoaudiólogo. “Não seguiu a orientação e ficou sem voz. Mas não deixou de ser um tagarela. Hoje, ele se comunica por meio de mímica e ou ainda leitura labial. A ida ao fonoaudiólogo foi uma das poucas orientações de doutor Lincoln que ele não seguiu”, reforça a técnica de enfermagem Ana Cláudia. Vaidoso, Florisvaldo Gomes apareceu para esta reportagem trajando terno e gravata.