Por Carlos Eduardo Sodré
A propósito da celebração do centenário de nascimento do renomado líder político baiano contemporâneo, Antônio Lomanto Júnior, comporta que, em sua incomum figura, se destaque o traço do homem público que, exercendo-se com inegável intrepidez e, demolindo as barreiras elitistas que, desde velhos tempos da vida da província, invariavelmente resistiam a abrir passagem a soluções políticas promanadas do interior do estado, para gerir os destinos da Bahia, tornou-se governador do nosso Estado.
Lomanto, impulsionado por uma força como que vulcânica, irrompeu no cenário político baiano, vindo do mundo interiorano, marchando para a capital, quebrando tabus, empolgando a todos com o slogan da “esperança do povo” que a música contagiante que animava a sua caminhada mobilizou mentes e corações, impondo-se aos velhos caciques da política baiana como expressão da vontade popular, que conduziu estoicamente até vencer o pleito de 1962, derrotando as forças progressistas do estado.
Antes disso, fora Vereador e Prefeito (duas vezes) e Deputado Estadual. Depois de Governador do Estado (1963/67), foi Deputado Federal duas vezes, Senador da República e completou a sua extensa e operosa vida pública, as sinalada, toda ela, por inquestionável integridade, voltando a ser prefeito de sua terra natal. Como Prefeito de sua Jequié, ainda muito jovem, em sua primeira investidura, conquistou a liderança do municipalismo brasileiro tornando-se presidente da ABM o que o projetou nacionalmente.
Como governador, Lomanto Júnior, marcou a história político-administrativa da Bahia de forma significativa e inapagável. Elegeu-se para o Governo do Estado aos 37 anos, empreendendo a célebre marcha “do interior para a capital”, empolgando toda a Bahia; no governo, fez uma gestão de grandes realizações principalmente, por exemplo, nos setores de agricultura, rodoviário, energia, que o consagraram. No sul do estado, comporta destacar – além da Barragem do Funil que propiciou a eletrificação do sul e sudoeste baianos – a sua reconhecida boa atuação em Ilhéus (a ponte Ilhéus-Pontal, a mais expressiva das obras), em Itabuna (Fórum, Estação Rodoviária, Colégio Estadual, iluminação pública) como em outras regiões baianas, onde remanescem perenes marcas de seu governo.
Era indubitavelmente uma personalidade generosa, afetuosa e de natureza extremamente humanitária o que levou, por exemplo, o presidente Getúlio Vargas a afirmar que “o coração de Lomanto é do tamanho da Bahia”.
Carlos Eduardo Sodré é advogado.
(Principado do Estreito d’Agua, Itapé, BA, nov. 2024).