O prefeito Fernando Gomes planeja usar ao menos R$ 18 milhões dos R$ 25,5 milhões destinados à Santa Casa de Misericórdia, desde o mês de dezembro de 2019. A proposta de rateio da verba, levantada durante reunião do Conselho Municipal de Saúde, após denúncia deste blog, é uma flagrante ilegalidade, uma pedalada milionária.
É, basicamente, repassar R$ 5 milhões para o Hospital Calixto Midlej e R$ 1 milhão para o Manoel Novaes. A proposta prevê R$ 5 milhões para o Hospital de Base e R$ 3 milhões para a Maternidade Ester Gomes, além de R$ 10 milhões para o Fundo Municipal de Saúde. Sim, o atento leitor está certo: nessa “conta de chegar”, ficam R$ 1,5 voando, esperando um alçapão mais ágil.
Trata-se de uma pedalada clássica. O dinheiro foi destinado, a partir de gestões do deputado federal Jorge Solla (PT), à Santa Casa para realização de um mutirão de cirurgias bariátricas, em parceria com a ONG Associação Casa do Obeso de Itabuna. Saiu da conta do SUS para o cofre da prefeitura com essa destinação final, uma vez que repasses desses tipos passam obrigatoriamente pela conta da PMI.
A Santa Casa de Misericórdia de Itabuna mantém-se, prudentemente, a uma distância asséptica de toda a confusão. Está fragilizada, devido ao processo de desacreditação de que é vítima – o prefeito Fernando Gomes tem se empenhado em destruir a atual gestão da instituição, por conta de posições políticas de seu provedor, Erick Ettinger Júnior.
Outro ponto é que toda verba de emenda, como dito, é – ao menos deveria ser – repassada pelo município. Não é difícil entender que o controle da torneira dá um poder imenso ao atual prefeito, que não tem se importado com a crise da saúde em seu governo, nesse caso dos R$ 25,5 milhões, e tem preferido morder a corda. Sem falar que justo no meio desse furacão – e em grande parte por causa dele – eclodiu ua greve de funcionários da instituição filantrópica.
O caso foi denunciado ao Ministério Público – relembre aqui – e o deputado Jorge Solla comprou a briga no campo político. Chegou a dizer que o prefeito, com a “boca torta” devido ao uso do “cachimbo carlista”, quer se apropriar de uma verba que não é sua. Resta saber o que diz a Câmara Municipal, caso se confirme o tal rateio. Vai tolerar uma pedalada de R$ 18 milhões?