Para quem gosta de ouvir sobre anistia para cacauicultores, a entrevista que o deputado federal Geddel Vieira Lima concedeu em Itabuna, hoje à tarde, pode ser uma boa pedida. O pré-candidato ao governo da Bahia pelo PMDB falou ao apresentador Reginaldo Silva, da TVI, e alguns outros jornalistas presentes.
Geddel apresentou uma proposta engenhosa, que poderia ser traduzida tanto como uma ajuda aos seus colegas produtores – sim, o homem tem suas rocinhas de cacau – como um xeque-mate no governo federal para forçar a sonhada anistia para as duas primeiras etapas do Plano de Recuperação da Lavoura.
Vamos a ela: O BNDES, para emprestar os cerca de R$ 600 milhões para as duas primeiras etapas do PRLC, exigiu garantias da operação, que foram asseguradas pelo Tesouro Nacional (50%), Tesouro Estadual da Bahia (30%) e Banco do Brasil (20%).
O que Geddel propõe aos colegas cacauicultores é que, se vitorioso for nas urnas, em outubro, no primeiro mês de seu governo, em 2011, autoriza (precisaria da anuência da Assembleia Legislativa) o pagamento dos cerca de 180 milhões de reais que cabem ao governo da Bahia como garantia (30%) ao BNDES.
Seria um perdão branco, uma anistia disfarçada. Mas, ainda assim, seria apenas sobre os seus 30%. "Então, qual seria a jogada política disso? ‘Simples’: o governo federal ficaria vulnerável à pressão dos cacauicultores, para que ele também fizesse sua caridade, perdoando a parte que lhe cabe. Se o ente mais pobre, o estado, pode perdoar R$ 180 milhões, por que ele, dono da grana, não poderia?", traduz um geddelista.
Engenhosa, como dissemos, mas cheia de lógica, como o são todas as engenhosidades. Aos produtores, restaria pagar para ver (ops, não se pode falar em pagamento a cacauicultor nessas horas)…