Agricultoras familiares do Baixo Sul da Bahia, ligadas à Associação Beneficente de Pesca e Agricultura de Ituberá (ABPAGI) firmaram parceria com a Michelin, uma das principais fabricantes de pneus do mundo, por meio do programa Michelin Ouro Verde Bahia, para a produção de biojoias feitas com sementes de seringueira, coco da piaçava e outras sementes vindas da Mata Atlântica local.
O programa é coordenado pelo Centro de Estudos da Biodiversidade Michelin, que vem contribuindo com a conservação da biodiversidade e desenvolve importantes pesquisa, além do trabalho de educação ambiental com comunidades rurais e escolas da região.
O projeto com as agricultoras artesãs da ABPAGI conta também com a parceria da designer de biojoias Maria Oiticica, do Rio de Janeiro, e busca a geração de renda a partir de produtos que respeitem e valorizem o meio ambiente.
As agricultoras estão recebendo formação online, por conta da pandemia, e, semanalmente, vídeos de formação de como compor as peças. A produção é enviada para o Rio de Janeiro, analisada, e retorna para que os ajustes sejam feitos. As peças produzidas serão comercializadas pela grife em todo o país e em suas parcerias no exterior.
A ABPAGI possui uma unidade de Fabricação de Artesanato de Piaçava, com foco em biojoias e similares, que foi equipada com recursos do Governo do Estado, por meio do projeto Bahia Produtiva. Foram investidos R$415.3 mil em máquinas e equipamentos para que a produção de fibra e o coco da piaçava, que é produzida na própria comunidade, pudesse ser beneficiada, um veículo utilitário para escoar a produção e barracas para a exposição dos produtos. Também foram investidos R$192,2 mil no fortalecimento e promoção dos produtos, como oficinas para treinamento na fabricação de biojoias, além da parte de embalagens.
De acordo com a responsável pelo Arte Sustentável Michelin Ouro Verde e pelo programa de Educação Ambiental Michelin, Mônica Pereira, o intuito é que até o final do ano essas mulheres já possam comercializar esses produtos, gerando renda para a comunidade: “A gente busca que essas mulheres tenham fonte de renda sustentável, que possam tirar essas sementes da Mata Atlântica, sem agredir o meio ambiente, que a gente consiga ver possibilidades de renda com a floresta em pé. Como elas já tinham toda a parte de equipamentos, facilitou, e a Michelin entrou com a parte de formação”.
A artesã da ABPAGI, Danila de Jesus, destaca que graças às máquinas que ajudaram a firmar a parceria com a Michelin, “estamos com altas expectativas. É um projeto que vai trazer mais renda pra gente e nossas biojoias serão conhecidas nacionalmente e internacionalmente”.
O presidente da ABPAGI, Domingos Conceição, afirmou que é um grande comércio que está se abrindo pra associação: “Muito gratificante a ABPAGI fazer parte de um projeto como esse. Se não tivéssemos o apoio do Governo do Estado, com os investimentos que já recebemos do Bahia produtiva, não estaríamos preparados para atender uma empresa de grande porte como essa”.
Para a artesã Jucimaria Santos, está sendo um crescimento para a associação: “Estou muito feliz em fazer parte desse projeto. Estamos vendo o quanto é possível transformar as sementes que temos aqui na nossa região em biojoias. Isso, com certeza, é um avanço para nossa comunidade”.