Redescoberta da humanidade presente no sistema prisional. Este foi o tema comum das palestras proferidas pela policial penal de Santa Catarina, Fernanda Cristina Koschinski, e da atropóloga Kowawa Kapukaja Apurinã, que teve como público reeducandos e colaboradores da empresa Socializa que laboram no Conjunto Penal de Itabuna. As palestras ocorreram na manhã dessa sexta-feira (27).
Kowawa Apurinã fez uma fala breve, porém de grande profundidade. “Estou muito feliz e sei que vocês sairão melhores, porque aqui é um lugar que tem livros! Vocês leem livros! Nós estamos numa unidade que tem uma biblioteca e essa biblioteca tem livro de Ailton Krenak! Livros de Daniel Munduruku! Tem outros livros importantes, também. Leiam, a educação liberta a gente de qualquer aprisionamento”.
Ela destacou a necessidade de cada um se transformar, entender e dar valor à liberdade. “E isso nós podemos ter a partir de um lugar que tem livros! Estou emocionada em saber que eu estou em uma unidade prisional e eu consigo ver humanidade nesse lugar. Não somos feitos para ficar selvagens – como dizem de nós, indígenas -, mas podemos nos libertar através do nosso pensamento, através da nossa educação, através do nosso sentido de viver”.
Kowawa Apurinã afirmou ainda todos os métodos do mundo funcionam quando a gente quer. Não há nada mais importante do que a gente buscar a nossa felicidade, no lugar em que a gente está. Entendam que vocês são como eu, e eu sou como vocês, porque o que nos une é muito forte, e se chama humanidade”.
“Aqui tem tudo”
Já a policial penal de Santa Catarina, Fernanda Koschinski, disse que veio fazer uma palestra sobre a importância dos assistencialismos no sistema prisional. “Mas cheguei aqui e vi que é uma unidade que já oferece toda a assistência, de forma humanizada. Para além da garantia dos direitos humanos, do ativismo por direitos humanos, mas simplesmente a humanização sendo exercida em todo tempo. Ver pessoas nos recebendo com um sorriso no rosto e nos dando bom dia, é coisa que não se vê em todo lugar”.
A palestrante observou que o sucesso da ressocialização se deve ao modelo de gestão compartilhada entre o Governo do Estado e a iniciativa privada. “Em Santa Catarina também temos algumas unidades em cogestão. Nosso estado é referência em trabalho no sistema prisional. Mas aqui, com a Socializa, vocês tem todas as assistências, e tem a parceria com o Judiciário, o que facilita muito”.
O Conjunto Penal de Itabuna é administrado pela empresa Socializa – Soluções em Gestão, em regime de cogestão com o Governo do Estado e Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização. Participaram das atividades o diretor do Conjunto Penal de Itabuna, Bernardo Cerqueira Dutra, o diretor-adjunto Bruno Pitanga, o juiz Antônio Carlos Maldonado Bertacco e a diretoria e corpo consultivo da empresa Socializa, que foi representada por seu sócio-presidente Eduardo Brim Fialho.