Apesar do que prometeu na campanha, a Saúde de Itabuna não melhora, mesmo passados nove meses de governo. A politização excessiva é o ponto de fraqueza da pasta, não apenas pelas disputas de espaço, mas por tentativas – muitas vezes machistas – de tomar o poder da titular Lívia Mendes.
Não faltam vereadores afrontando a secretária, exigindo que seus apaniguados sejam contemplados com cargos e empregos temporários – outro câncer do governo, que trataremos em outra ocasião.
Tudo sob o olhar conivente e – por que não – covarde do prefeito Augusto Castro. Augusto já presenciou ataques furiosos à sua secretária e calou-se, como que consentindo (o ataque foi relatado pelo próprio vereador que o cometeu, diga-se).
Base
As denúncias de que o atendimento no Hospital de Base não evolui não param de chegar. Muitas delas dizem que o hospital não observa as boas práticas definidas na Resolução – RDC nº 6, de 1º de março de 2013, especialmente em seu artigo 4º, incisos I e II. O artigo cita as boas práticas para exames de endoscopia, com sedação e anestesia tópica, o que não tem sido devidamente observado no HBLEM.
Idosos relatam que tem sido submetidos ao exame invasivo sem a devida sedação. “Eu estive acordada o tempo todo e senti a mangueira passando pela garganta”, contou uma idosa, que relatou ter sentido todas as dores do procedimento.
Outro idoso diz que teve a garganta ferida ao se debater durante o exame, justamente por não estar sedado nem anestesiado. “Até hoje sinto dores no local”, afirma, relatando que sangrou por até dois dias após o exame.
Mas não é só isso. Outro problema relatado no Base é a falta de exames para embasamento dos diagnósticos. Recentemente, sem amparo em qualquer exame laboratorial, uma jovem foi diagnosticada com infecção urinária, e teve que tomar antibióticos fortíssimos, prescritos pelo “achismo” do médico.
Após complicações da queixa inicial – febre, vômitos, dores abdominais etc – o caminho sugerido pelos exames que a família arcou em clínicas particulares apontam na direção do trato gástrico.
Regulação
A marcação de consultas especializadas é outro serviço que não sai do pós-2005 e a Regulação tem sido o drama de todos os usuários. Mas, como em toda situação de caos, tem quem se beneficie das dificuldades. São as tais “lideranças da saúde”, que privatizam a marcação de exames especializados, o que deixa os “desapadrinhados” sem acesso ao serviço, que deveria ser universalizado.
Médicos especialistas, como neurologistas e dermatologistas são alguns dos quais a população mais reclama a falta. Para muitas especialidades só existe um médico para atender a toda a população – ou para dar plantão em 33 postos. Para os profissionais citados, as tais “cotas” não passam de uma ou duas por mês, o que faz com que pedidos de consulta fiquem mais de um ano sem que se concretizem, sem que os pacientes sejam atendidos.
A situação é tão grave que médicos clínicos-gerais que atendem em postos de saúde da família simplesmente se recusam a prescrever consultas especializadas, deixando pacientes indefinidamente sem o atendimento adequado.
Para quem mirava os melhores tempos na saúde, alcançados com Geraldo Simões, a visão do retrocesso não deixa outra comparação a não ser com as gestões sombrias de Fernando Gomes no setor.
Morreu jovem.