O Albergue Bezerra de Menezes, em Itabuna, que assiste a 70 idosos, está enfrentando um novo problema, que vai além das dificuldades materiais, vividas, diariamente, em seu cotidiano.
Um interno, acolhido no Albergue desde o fechamento do Hospital Psiquiátrico São Judas, tem causado preocupação. Em fevereiro desse ano, o homem, em um surto psicótico, atacou e matou um colega de quarto. A vítima, de 68 anos, também tinha transtornos mentais.
O medo que uma nova tragédia aconteça no local é visível entre os funcionários, pois o homem de 45 anos é agressivo, mesmo tomando, regularmente, as medicações. Essa semana, por exemplo, ele agrediu o porteiro da instituição.
Ao O Trombone, a diretora do Albergue, Isaura Brandão, informou que o interno, atualmente, se encontra no local usado para velório. “Ele já conseguiu quebrar a grade duas vezes e passar por cima. Os colaboradores têm receio de prestar os cuidados. Para o banho, é necessário quatro pessoas para acompanhar, isso, se ele não tiver em surto”, relatou Isaura.
Ainda de acordo com Isaura, a situação é tão complexa, que o local só pode ser higienizado quando os funcionários conseguem remover o homem do local. Às vezes, a dificuldade é tanta que o interno chega a ficar até três dias sem fazer a higiene dele, e nem permite que se faça a limpeza do ambiente.
“Nenhuma providência foi tomada pelo município, nem pela justiça. Com apoio, o Albergue Bezerra de Menezes conseguiu toda documentação e enviou. A medicação do acolhido está em dias e, ainda assim, os surtos estão cada vez piores, sendo necessário chamar o Samu e a polícia, com frequência, deixando todos apreensivos, já que existe o risco para os idosos e funcionários”, disse Isaura.
De acordo com Isaura, a documentação e a solicitação para que o interno fosse transferido foram enviadas para a promotoria e também para a prefeitura.
“Nós também já informamos para o município e a única coisa que o município fala é para chamarmos o Samu, para que ele [Levi] seja levado para ser medicado, apenas isso. Isso não é a solução, inclusive isso já é um caso de justiça, não é nosso”, preocupa-se Isaura.
A irmã do interno, segundo Isaura, é idosa e mora, de favor, em uma roça. Não tem condições, nem estrutura para cuidar do homem. “Estamos vivendo uma situação muito séria e de invisibilidade, porque nada foi resolvido até o momento”, ressaltou a diretora da instituição.
“O problema é muito grave, porque ele já agrediu um funcionário da casa. Está ficando vários dias sem banho, sem limpeza do local, porque ninguém quer se arriscar a ter acesso. Hoje (13) mesmo tivemos que chamar de novo o Samu e a polícia”.
Sem hospital psiquiátrico
Para piorar ainda mais a situação, o município não dispõe de nenhum hospital psiquiátrico público. O único que existia, o São Lucas, fechou. Até a ala psiquiátrica do Hospital de Base foi extinta.
Por conta disso, só aumenta o número de pacientes com transtornos mentais, cuja assistência em casos de internamentos se esbarra na falta de estrutura do município.
O Blog O Trombone soube, inclusive, de um caso de uma jovem itabunense, portadora de problemas psiquiátricos, que deu à luz, recentemente, e que vive em surto, perambulando, sozinha, não só por Itabuna, como em cidades vizinhas. A família está desesperada, porque não tem condições de arcar com um internamento particular em outro município.