A Câmara Municipal de Ilhéus oficializou a criação da Comissão Especial para tratar da situação dos altos e morros de Ilhéus. A iniciativa é resultado da Audiência Pública realizada no último dia 13, por iniciativa do vereador e vice-presidente da Casa, Fabrício Nascimento (PSB). A comissão, além do próprio Fabrício, que será o seu presidente, é formada pelos vereadores Alzimário Belmonte, o Gurita (PSD), como relator; e, como membros, Enilda Mendonça (PT), Ivo Evangelista (Republicanos), Luciano Luna (PV) e Sérgio da Silva, o Sérgio do Amparo (Podemos). De acordo com a resolução que cria o grupo de trabalho, assinada pelo presidente da Câmara Jerbson Moraes (PSD), terá um prazo de 120 dias de funcionamento, quando deverão apresentar relatório conclusivo do trabalho, com diagnóstico sobre a parte alta da cidade, os seus perigos e necessidades.
A ocupação dos altos e morros de Ilhéus começou na década de 1920. Hoje, 100 anos depois, a cidade convive com 45 regiões habitadas em pontos altos. Números estimados pela Defesa Civil apontam que, hoje, residem nos altos e morros de Ilhéus 17 mil famílias em áreas de anormalidade (não possui regulamentação de imóveis e aonde sequer chegam serviços essenciais), 5 mil famílias em áreas de risco e mais 20 mil famílias em áreas de morro. A geografia acidentada da zona urbana e o crescimento populacional acentuado registraram, em apenas um século, um cenário preocupante: absolutamente em todos estes locais há necessidade de intervenções para garantir a segurança dos seus habitantes.
Geógrafo e engenheiro civil, pós-graduado em planejamento de cidades e em gestão e invasão costeira, o coordenador da Defesa Civil, Joandre Neres, destaca a complexidade que se tem ao debater este tema em Ilhéus. “Começa desde a denominação”, explica. “O que diferencia a expressão altos e morros, por exemplo, é a infraestrutura da região e a quantidade de pessoas que nela reside”, completa. Neres lembra que as condições de acessibilidade continuam sendo um dos maiores dramas dos moradores destas comunidades. “Dos 45 altos e morros, apenas 12 têm acessibilidade de veículos com serviço de transporte público. Mesmo assim de forma precária”, enumera. “A maioria destas localidades conta apenas com escadarias”, completa.