Itabuna, 13 horas: sol a pino, centro da cidade vazio. Itabuna, 11 horas: chuva fria, centro da cidade lotado. A conjunção de fatores foi altamente desfavorável ao presidenciável José Serra (PSDB) e ao candidato do DEM ao governo do estado, Paulo Souto. Foi exatamente na parte chuvosa desse sábado que ambos estiveram na avenida do Cinquentenário, num minguado corpo-a-corpo com a população.
Projeções otimistas apontavam 500 pessoas acompanhando os dois principais políticos que por lá estiveram. Em se tratando de corpo-a-corpo na Cinquentenário, esse número é vergonhoso. Alguns candidatos a vereador ou a deputado levam mais que isso brincando, brincando.
Mas não foram apenas os fatores de horário e clima que quebraram o clima da caminhada. O semblante cerrado de Serra e Paulo Souto demonstravam que algo não saíra como imaginado. Culpa de quem? Culpa de ninguém. Mas certamente responsabilidade de alguém. Nos bastidores, diz-se que um certo ex-prefeito operou para barrar a presença de várias lideranças, figuras carimbadas em eventos do DEM há até pouco tempo.
A presidenta Maria Alice sentiu na pele o quanto dependia do ex-chefe, Fernando Gomes, agora no PMDB, para arregimentar pessoal para as atividades do próprio Fernando, quando eram aliados. Hoje, amargou a decepção de ver "seu povo" se recusar a pisar na avenida.
Quem salvou as imagens foram os agitadores de bandeira contratados por candidatos às câmaras legislativas (segundo a Agência A Tarde e o jornal O Globo, eram cerca de 200 cabos eleitorais, contratados a R$ 10,00 cada). Ao final da caminhada, na Praça Adami, todos à espera e Serra partiu, sem dar uma palavra, sem fazer um discurso, quebrando uma tradição política do lugar.
A decepção foi visível nos semblantes de quem estava à espera de uma sacudida na militância. Enquanto Paulo Souto se enraivava, um mini-trio insistia em passar pela área central da cidade a tocar a toda altura o jingle de Geddel. Alguém tomou um esporro, em algum lugar.
A foto é do Pimenta na Muqueca