Foi-se o tempo em que os traficantes tentavam manter a ordem nos negócios envolvendo a venda de crack. Chegou-se a noticiar, em passado nem tão distante, que membros da CVMC (Comissão de Valores Mobiliários do Crack) tentavam ajustar o preço do produto – à bala, é certo – evitando o dumping e a concorrência predatória de alguns espertos. Agora, tudo mudou, virou uma esculhambação. Parece até o comércio legal, ou o mercado de ações.

Veja o exemplo de Itabuna: quando a pedra aqui custava R$ 10,00, o desespero de pais de família já era enorme, porque um filho com um bom lastro financeiro ou com as melhores garantias – mobiliário, celular, TV, DVD ou fiança familiar – chegava a torrar R$ 500,00, R$ 600,00 em uma noite.

Agora, com uma pedra sendo vendida pela metade desse preço, o que já era horrível, piorou – e muito. As dívidas demoram mais a atingir o status de impagáveis – é quando ocorre o assassinato do devedor – mas, em compensação, o número de usuários parece ter dobrado, na proporção inversa à variação do preço do produto.

Mas – sempre tem um “mas -, surge outra ameaça. As notícias que chegam é que traficantes da vizinha Itajuípe resolveram botar pra quebrar: estariam vendendo três pedras de crack por R$ 5,00, uma heresia, no meio. Um vigilante, que costuma ver gente acabando a vida na ponta de um cachimbo no centro de Itabuna, já prevê o futuro: “o que vai ter de nóia indo a pé para Itajuípe, para fumar pedra lá, não tá no gibi”.

Se nada for feito, a Cidade dos Lagos, que também já foi dominada pela droga da morte, vai virar uma espécie de “Meca da Brita”.

Meu Deus.