Por Raul Monteiro
Com o encerramento do prazo de filiações para quem vai concorrer em outubro próximo, o cenário municipal ficou mais claro, indicando poucas mudanças significativas no campo do prefeito ACM Neto (DEM), à exceção da filiação do secretário municipal de Urbanismo, Sylvio Pinheiro, ao PSDB, e das oposições, embora tenha crescido nos últimos dias a expectativa de que as forças oposicionistas poderão se articular com mais uma outra candidatura à sucessão. O nome que passou a ser discutido vem do PCdoB e poderia, eventualmente, substituir o da deputada federal Alice Portugal, colocada como pré-candidata comunista até o momento.
Trata-se da ex-vereadora Olívia Santana, que concorreu a vice na chapa do candidato petista em 2012, Nelson Pelegrino. Participando do jogo com Sargento Isidório, do PROS, Olívia pode se constituir no segundo pólo em torno do qual as oposições a Neto poderão se estruturar para enfrentá-lo, uma vez que o PT, partido do governador Rui Costa, vem dando mostras de que dificilmente vai poder concorrer com nome próprio às eleições majoritárias. A última esperança para o petismo participar da sucessão com algum nível de competividade extinguiu-se na semana passada.
Foi quando o senador Walter Pinheiro anunciou sua desfiliação da agremiação, depois de mais de 30 anos de militância ininterrupta, dirigindo críticas fortes ao governo da presidente Dilma Rousseff. Apesar das hesitação com que se comportou desde o princípio em relação a concorrer, Pinheiro chegou a ser pensado como a melhor alternativa para o PT não ficar fora do jogo em Salvador, admitindo, inclusive, pessoalmente, a idéia da candidatura em algumas conversas demoradas havidas com os articuladores do governo e o próprio governador Rui Costa.
O ingresso de Sylvio Pinheiro no PSDB o coloca efetivamente como uma alternativa mais forte para a escolha da vice de ACM Neto em meio ao grande contingente de pré-candidatos para o posto que aparecem no espectro governista. E obedece à avaliação de que, por causa do tempo de televisão de que dispõe, o partido tucano, junto com o PMDB, é o que mais agrega pontos numa composição para a sucessão com o DEM do prefeito, matéria em que as duas agremiações se sobressaem em relação, por exemplo, a concorrentes como o PPS e o PV, donos de espaços no horário eleitoral infinitamente menores.
No mais, nada foi alterado substancialmente no entorno de Neto com relação a suas opções para vice, cargo para o qual continuam em aberta postulação tanto Pinheiro, protagonista do lance mais ousado na área municipal neste cenário pré-eleitoral, quanto Luis Carrera, do PV, Bruno Reis e Fábio Mota, do PMDB, e Guilherme Bellintani, do PPS. No âmbito do petismo, partido que tem o controle do governo estadual e poderia ter outro interesse e desempenho nestas eleições na capital não estivesse sob tamanho desgaste e não visse Pinheiro escapar-lhe das fileiras, uma reunião esta semana deve aprofundar o que fazer.
(Artigo publicado originalmente no jornal Tribuna da Bahia)
Raul Monteiro é editor do site Política Livre