O Albergue Bezerra de Menezes, que conseguiu escrever sua história em Itabuna ao longo dos seus quase 50 anos de serviços prestados ao município, vem passando já há algum tempo por sérias dificuldades. Mesmo assim, nunca abandonou o legado deixado pelo fundador Bionor Rebouças Brandão, falecido em 87. E continua, mesmo em meio aos problemas financeiros e estruturais, mantendo o atendimento às pessoas carentes, que chegam em busca de um abrigo.
Recentemente, a instituição ganhou o reforço de mais uma colaboradora: Isaura Brandão, filha do atual diretor César Brandão, que herdou o Albergue do pai. Isaura assumiu o cargo de supervisora geral. Estudante de serviço social, ela tem uma visão futurista, mas não menos humana e social do que o pai e o avô.
Nessa conversa com O Trombone, Isaura fala dos atuais desafios enfrentados pelo Albergue, do trabalho desenvolvido e dos seus projetos. Também ressalta a importância do apoio da comunidade, que tem ajudado a instituição com várias doações, uma vez que a entidade não tem nenhum ajuda do poder público e mantém uma despesa estimada em cerca de R$ 100 mil mensais.
Quem quiser fazer alguma doação ou obter mais informações sobre o trabalho, sem fins lucrativos, desenvolvido pelo Albergue Bezerra de Menezes, pode entrar em contato pelo telefone (73) 3215-1511. “Cuidar do próximo é se doar e entender o que Jesus nos ensinou. É entender que alguém precisa de você, entender de verdade o que é empatia”, diz Isaura.
Como surgiu o convite para fazer parte da administração do Albergue Bezerra de Menezes?
Isaura Brandão – Na verdade já existe no Albergue uma administradora. Entrei para ajudar meu pai [César Brandão] e com cargo de supervisão geral, onde ficarei na parte organizacional e de campanhas.
Quais projetos você tem para a instituição?
Isaura – Os projetos de 2020, a princípio, estão voltados para as reformas na estrutura física. Isso é de extrema urgência. Temos seis enfermarias que são de extrema necessidade. Cuidar do próximo é se doar e entender o que Jesus nos ensinou. É entender que alguém precisa de você, entender de verdade o que é empatia.
Qual a atual situação física e financeira da entidade, hoje?
Isaura – A ala feminina está passando por melhorias, com apoio do grupo Joaquim Santos e de uma empresária, dona da loja Gorete, na Mangabinha. Já sendo finalizada, inclusive, a lavanderia. Agora serão entregues uma nova enfermaria e o refeitório. Na outra ala é que precisamos de muita ajuda. Da parte financeira, a instituição se mantém com doações, arrecadações, através do nosso telemarketing, além da colaboração dos pacientes já aposentados.
Quais são as maiores dificuldades enfrentadas pela administração nesse momento?
Isaura – As dificuldades atuais são em relação às reformas, contas de luz, que são três e muito altas e a carência de alguns tipos de alimentação, como carne, frango e leite. O gasto com fraldas geriátrica, luvas, materiais de curativos também é alto.
E as despesas, giram em torno de quanto?
Isaura – Só de luz são 3 mil todo mês. Creio que a despesa chegue em 100 mil ou mais.
A prefeitura apoia com algum incentivo?
Isaura – Não temos atualmente nenhum ajuda do poder público.
Quantos pacientes são assistidos atualmente pelo Albergue?
Isaura – A quantidade de pacientes sempre muda, devido aos casos de pessoas que falecem. Atualmente são 101. Temos 33 mulheres, os demais são homens. Quase 20 dessas pessoas eram do São Judas, que acolhemos para não ficar nas ruas.
O Albergue ainda faz novos acolhimentos?
Isaura – Não temos condições de fazer mais acolhimentos por causa da estrutura física e da enfermaria, que está sem telhado.
8 – O que o Albergue oferece às pessoas assistidas?
Isaura – Os pacientes chegam de várias formas: das ruas, pelo abandono, pela Justiça. Temos muitos que moravam na rua e vários que não são aposentados. O trabalho de acolhimento é oferecer moradia, alimentação, remédios, assistência social, psicológica e médica. Temos enfermeiros e cuidadores 24 horas por dia. E proporcionamos lazer quando possível. São ofertados tudo: roupas, produtos de higiene, até maquiagem para as “florzinhas”, já que várias são vaidosas.