O leitor certamente conhece das Escrituras Sagradas do Cristianismo a parábola do filho pródigo. Aquele que antecipou sua herança e gastou a torto e a direito, ficando de mãos abanando. O final da história bíblica é feliz, com o pai o acolhendo em casa novamente, restituindo seus direitos de filho etc. Pois bem. Nessa pandemia, no Brasil, se tem um município que recebeu ao menos dois dotes antecipados, esse é o de Itabuna. E deve receber um terceiro. O problema é como essa fortuna vai ser gasta. O risco de se tornar um “município pródigo” do coronavírus é real.
Comecemos pelo início. Assim que a crise ficou séria, a prefeitura de Itabuna conseguiu, a partir de uma decisão judicial (veja aqui), algo em torno de R$ 14 milhões, frutos da divisão da verba de R$ 23 milhões, que estava sub-judice, e que era reclamada pela Santa Casa de Misericórdia, destinatária inicial, para um programa de cirurgias bariátricas (relembre).
Esse dinheiro, junto com o repasse de R$ 8,9 milhões do Ministério da Saúde, fizeram um caixa espetacular de mais de R$ 23 milhões, em plena crise do coronavírus. É dinheiro pra dar em doido: mais de R$ 100,00 por cabeça, um caixa maior do que qualquer outro município no Brasil, proporcionalmente, salvo alguma exceção que nos tenha escapado.
Mas, como notícia boa “pouca” para o prefeito Fernando Gomes é bobagem, ele está prestes a receber mais R$ 19 milhões, assim que o presidente Jair Bolsonaro sancionar o projeto que cria o plano de socorro a estados e municípios já aprovado pelo Congresso.
Com as burras já derramando dinheiro, em breve Itabuna terá que ampliar o espaço dos cofres, já que o dinheiro saltará dos atuais R$ 23 para R$ 42 milhões nos cofres do município.
Para onde vai tanto dinheiro? Esse é o grande mistério dessa pandemia em Itabuna.
O município não tem um plano de ação, comitê de acompanhamento das ações, hospital de campanha, ou mesmo distribuição de máscaras para toda a população. Também não foi feita a testagem em massa nem campanhas publicitárias, que poderiam conscientizar a população sobre os riscos de contágio do coronavírus e justificar tamanha verba. O mistério só aumenta.
Também não se tem notícia de um programa de socorro a famílias de baixa renda ou mesmo para os feirantes, ambulantes e pequenos comerciantes que estão sem as suas fontes de renda.
Temos um palpite: a ação mais efetiva para começar a desbastar essa fortuna, será pelos hotéis que estão para ser alugados para abrigar pacientes contaminados pelo coronavírus, que aceitarem ficar isolados de suas famílias.
Contrariando as indicações sanitárias, os hotéis certamente serão contratados na região central da cidade e serão verticais – porque assim são os hotéis “amigos”.
Outro palpite: os hóspedes receberão alimentação de empresa terceirizada.
De quem? Calma, Mané, sem estresse! Tudo já está organizado.