Por Walmir Rosário
Uma recomendação que sempre dou a um amigo é que procure comer bem, se a comida for gostosa, não perca tempo, coma muito. Essa é uma receita que deve ser repetida pelo mundo afora pelo que apreciam uma boa mesa, se acompanhada de uma boa bebida ainda melhor. Aconselho aos que por acaso assim nunca procederam, que o faça, pois é pro seu bem.
Sem mais delongas passo a descrever uma pequena aventura que vivi neste último fim de semana, durante uma pequena estadia em Campo Formoso (BA), visitando parentes. E tudo começou ao passar num supermercado, ao me deparar com uma carne de jabá bem vistosa, daquelas de encher os olhos e encher a boca d’água, com o perdão dos leitores.
Não deu outra, pedi ao funcionário do mercado para descer a faca de cima a baixo e acrescentei às compras, um quilo de linguiça levemente apimentada, bacon, arroz, além de alguns temperos. Na minha mente já aparecia uma panelada de arroz carreteiro, prato de substância para o movimentado fim de semana. Foi só passar na gôndola de cerveja e me encaminhar para o caixa.
No sábado, dia de feira, a pretensão era acrescentar uma boa tapioca, e o fubá, essencial para a farofa de cuscuz com linguiça. Logo cedo eu e minha mulher nos dirigimos à feira com o objetivo de comprar outros produtos da terra, diferentes do que encontramos em Canavieiras. De cara, nos deparamos com uns maxixes bonitos e fomos juntando ao andu e às favas. Saímos com pesados embrulhos.
Dizem os mais experientes que “o que os olhos não veem o coração não sente” e essa foi nossa perdição, no sentido estrito da gula. Além do arroz a carreteiro, em minha cabeça fervilhavam a farofa de cuscuz com linguiça e uma moqueca de maxixe, devidamente enriquecida com a jabá, bacon, linguiça, tomates, pimentões, cebolas, leite de coco apurado manualmente na hora e azeite de dendê.
Não sei os que porventura leem esse texto, o façam preferencialmente de barriga vazia e que seja um grande apreciador da boa comida de “sustança”, e em dia de domingo, sem qualquer compromisso no período da tarde, assim como eu. Confesso que a preparação dos pratos não meu muito trabalho, mesmo sendo num dia dedicado ao descanso.
E não deu outra, iniciamos – eu e minha mulher – com a moqueca de maxixe, o arroz a carreteiro, e por últimos a farofa, nesta ordem, com a degustação da boa e velha cerveja, que prazerosamente nos acompanha nessas providenciais ocasiões. E, metodicamente, fomos dando forma aos pratos, especialmente no arroz a carreteiro, preparado numa majestosa panela de barro.
Pelos meus cálculos 12 pessoas estavam inscritas ao almoço, com lugares já reservados à mesa, sem contar os visitantes de última hora, já previstos no planejamento de qualquer almoço domingueiro. Finalmente, perto das 14 horas, mesa posta, convidados devidamente sentados e apossados de pratos e talheres para iniciar a comilança.
Fora do planejado, minha irmã Iracy me apresenta um produto divino elaborado na Gameleira, no povoado do Brejão da Caatinga, em Campo Formoso: um vinho de laranja, que apresentava no seu rótulo ser “o vinho do momento” de produção caseira. E mais, produzido artesanalmente a partir de laranjas. Embora do Brejão da Caatinga, possuía todos os sotaques lusitanos do vinho do Porto.
Confesso que aqui não falo como especialista em vinho, por não possuir tais credenciais, mas digo com certeza que meu paladar nunca me falseou. Após o silêncio sepulcral (linguagem chula para um almoço…) dos refinados paladares, fiquei corado com os elogios. Ainda bem que detectei serem sinceros, pelo que vi na repetição dos pratos.
E para finalizar a comilança domingueira nada melhor dos doces (a escolher) de groselha e carambola, retirados dos devidos pés no quintal e elaborados um pouco antes para nosso deleite. Tenho que finalizar com o que preguei no início dessa crônica: todos comeram bem e muito, porque gostoso, digo sem pretender ser alvo do elogio fácil, pois juro que não tenho interesse de caitituar prestígio em campanha de marketing.
Deixarei de oferecer a competente receita para não me estender no texto, pois como já forneci os insumos, prefiro que cada um que se atreva a elaborar um banquete deste tipo use sua imaginação. Além do mais as quantidades podem ser encontradas facilmente em site especializado na internet. O que valerá, mesmo, será a criatividade, inclusive em me convidar.
Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.