Quem ouve o engenheiro Alfredo Melo (foto) falar, tem a certeza de estar diante de um homem culto e de vasto conhecimento em sua área. Não é à toa que, mesmo tendo sido candidato a vice-prefeito de Itabuna em uma chapa que, em tese, era contrária à do Capitão Azevedo, vitorioso em outubro de 2008, Melo foi chamado pel atual prefeito para um dos mais importantes cargos da administração – embora indireta -, a presidência da Empresa Municipal de Água e Saneamento.
Só que, ser presidente da Emasa é estar sob constante tiroteio. E olhe que no caso de Melo, esses bombardeios aparecem de todos os lados, até de dentro de seu partido, o PV. Isso constantemente ocorre, tendo origem no radialista e ex-presidente daquela sigla, Val Cabral, e no verador Gérson Nascimento, que às vezes também integra a bancada de apoio ao prefeito Azevedo.
Qual seria então o segredo de Alfredo Melo para se manter no cargo, já que várias datas foram ‘marcadas’ para a sua queda? Isso sem falar nessa briga de aliados a desgastar o governo do capitão… Simples: Alfredo Melo, como dissemos, sabe o que faz.
Basta reparar. Toda vez que surge uma polêmica em torno da conta da água, o presidente da Emasa é bombardeado, principalmente pela Câmara Municipal. Quando todos o acusam de estar majorando as tarifas dos mais pobres, ele manda, com aparente displicência, ao vereador inquiridor: "Mas essa planilha está na Câmara, todos os vereadores tiveram acesso".
Ou seja: Alfredo Melo é tão seguro de si – e está tão seguro no cargo – porque simplesmente aposta que nenhum vereador vá ler seus estudos de tarifa, planilhas ou relatórios, que estão, realmente, mofando na Câmara.
Outra: vem aí mais uma cacetada na população de baixa renda, quando serão extintos direitos como isenção para cidadãos que não podem pagar a conta de água. Novamente, muitas vozes já se levantaram, especialmente de vereadores.
Sabe o que ele respondeu sobre isso ao vereador e radialista Roberto de Souza, no sábado, no programa Resenha da Cidade? "Mas esse estudo de tarifa está lá, na Câmara, desde 2009. Está tudo previsto nele".
Fazer o quê? O prefeito Azevedo deve dar é risada quando lhe pedem a cabeça do presidente da Emasa. "Aponte uma falha, que eu demito", deve até dizer o alcaide, como é do seu perfil. Quem apontará, se os documentos que Alfredo espalha pela cidade, mais que lhe garantirem um salvo-conduto, asseguram-lhe fama de gestor organizado e preparado para o cargo?
Isso se resume às pressões políticas. Quanto às explicações técnicas, especialmente sobre a falta de água na cidade, é bom nem perguntar nada. O homem dá de goleada, e o pobre do reclamante vai pra casa querendo tomar banho com uma garrafa pet, como já sugeriu um ex-dirigente da Emasa, de mais triste memória ainda.