A Bahia reduziu o percentual de negativa familiar para doação de órgãos de 76% para 50% em três anos, e um dos motivos é o estimulo a uma conversa prévia com os familiares. “As famílias são sete vezes mais propensas à doação quando sabem antecipadamente a intenção do ente querido”, afirma a coordenadora do Sistema Estadual de Transplantes, Rita Pedrosa, que aproveita a Campanha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos, no mês de setembro, para promover o debate, inclusive com lives nas redes sociais (https://www.instagram.com/transplantesbahia/).
Estão previstas ao menos cinco palestras neste mês, desmitificando o processo de doação, falando sobre a experiência do re-viver e das ações de sensibilização do tema em diversas localidades do estado. Mais informações estão disponíveis em http://www.saude.ba.gov.br/transplantes/.
De acordo com o secretário da Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas-Boas, este mês é para celebrar a vida e continuar estimulando a doação. “Com 119 transplantes de rim realizados de janeiro a junho deste ano, a Bahia lidera o número de procedimentos no Nordeste e é o sétimo no Brasil”, afirma o secretário.
“Mesmo durante a pandemia de coronavírus (Covid-19), a Bahia não parou de realizar transplantes, pois montamos uma estrutura para captar com celeridade e realizar todos os testes necessários dentro do período máximo de cada órgão”, ressalta Vilas-Boas, ao pontuar que neste período foram realizados, no total, 282 transplantes de fígado, rim, córneas, medula e pele.
Os resultados do Programa de Transplantes da Bahia são fruto da ampliação do número de equipes transplantadoras, ampliação do programa de educação permanente e a modificação dos critérios de aceitação de órgãos, incluindo os limítrofes.
Em 2015, a Bahia figurava entre os últimos estados do Brasil em número de doações e transplantes, além de altas taxas de negativa familiar. “Estamos mudando essa realidade e isto só foi possível devido ao apoio incondicional do governador Rui Costa, que disponibilizou recursos do tesouro estadual para reduzir as dificuldades na realização de transplantes, incluindo estímulo financeiro às equipes médicas e hospitais, até o investimento em equipamentos, exames e medicamentos de alto custo na capital e interior”, destaca o secretário.
Processo de doação
O processo se inicia com a identificação de um potencial doador que se encontra nas unidades hospitalares, geralmente em emergências ou unidades de Terapia Intensiva. Após criteriosa etapa de exames e avaliações, preconizados pelo Conselho Federal de Medicina através das resoluções Nº 1480/97 e 2.173/17, é efetuado o diagnóstico de morte encefálica. Confirmado o óbito, os familiares são informados e uma equipe especializada e treinada presta apoio emocional à família e oferece a possibilidade de doação de órgãos e tecidos. Com o consentimento familiar, procede-se a retirada dos órgãos e tecidos doados. A retirada de órgãos e tecidos doados é realizada por equipes treinadas e habilitadas pelo Sistema Nacional de Transplantes / Ministério da Saúde.
O mês de setembro é chamado de “Setembro Verde” em função do dia 27, dedicado aos santos gêmeos, Cosme e Damião, que são considerados patronos dos transplantes e apontados como responsáveis pelo primeiro transplante realizado no mundo – o transplante de uma perna, retratado por um pintor espanhol do século XVI, em tela que se encontra exposta no Museu do Prado, na Espanha.