Militante petista não é muito chegado a engolir – pelo menos antes das eleições e, mais ainda, das convenções – certas composições que suas lideranças vez ou outra apresentam como salvadoras. Em que pese a racionalidade dos que costuram tais alianças, petista que é petista, normalmente, prefere perder uma eleição a se juntar com certas figuras.
Esse fenômeno era visto na Bahia até outro dia, quando, não mais que de repente, o senador César Borges (PR) decidiu abandonar o barco petista e se juntar ao PMDB na disputa majoritária nas eleições de outubro. Teve gente, do lado do governador, soltando um "yess!" quando soube da notícia do fim das esperanças do Galego em relação ao ‘ex-carlista’.
Eis que, com esse fim de namoro, voltou a ganhar força a ideia de uma chapa (quase) puro-sangue – a concessão fica por conta do antigo colega de César Borges, Otto Alencar (PP), na vaga do vice. E ganha mais força dentro do PT, o já quase esquecido movimento pró-Waldir Pires na disputa de uma vaga ao Senado, ao lado de Jaques Wagner.
Petistas de toda a Bahia começam a se movimentar para levar o cabeça branca do bem – não confundir com o do DEM! – à ‘sua’ cadeira no Senado da República, e assim reparar uma garfada histórica, que remete à eleição do então desconhecido Waldek Ornellas, em 1994, ao lado do finado ACM, sobre quem ainda recaem suspeitas pesadas de manipulação de votos para garantir a eleição de seu afilhado.
Um exemplo desse movimento: um texto, escrito em vermelho, pelo petista Law Araújo, de Salvador, (leia aqui), chama Waldir de "o senador militante" e defende com veemência sua presença na chapa do governador. Em outra frente, petistas de Vitória da Conquista divulgaram documento oficializando o desejo de ver Pires na corrida eleitoral de outubro.Sem falar das costuras nos bastidores do poder, em Salvador – especialmente no CAB – e em diversas outras cidades, inclusive Brasília.
Assim, se a decisão de Wagner for muito à direita na escolha desse último nome de sua chapa, o governador terá que por à prova, mais uma vez, todo seu poder de convencimento para entusiasmar a militância. Quem ganharia, e muito, com isso, seria a deputada Lídice da Matta, que deverá figurar na chapa como a primeira opção para receber a carrada de votos da esquerda para o Senado.
E ela sabe bem disso, a ponto de torcer por mais um carlista a dar as caras nessa que promete ser a chapa da discórdia – seja ela composta por quem for daqui por diante.