Um acidente doméstico no dia 30 de novembro quase tirou a vida da pequena Melissa, de 5 anos, que chegou ao Hospital Manoel Novaes, em Itabuna, com traumatismo craniano, em estado gravíssimo. Um armário de cozinha caiu sobre a menina, partindo-lhe a cabeça e causando sangramentos. O acidente ocorreu em Igrapiúna, no baixo sul da Bahia. A paciente chegou à unidade praticamente sem vida, segundo relatos da mãe, dona Josicleide da Hora Santos.

Melissa foi submetida a uma primeira cirurgia e entubada, com alta probabilidade de não se recuperar, mas a menina surpreendeu os médicos e demais profissionais que a acompanham. “No hospital não encontrei uma menina que deixei. O rosto dela estava muito grande, inchado. Entrei em desespero, quase sair correndo do leito. Não reconheci a minha filha. O rosto dela estava desfigurado”, relata emocionada Josicleide da Hora Santos.

O neurocirurgião pediátrico Fernando Schmidt, responsável pelo procedimento, explica que a paciente teve um trauma craniano grave. “Foi uma fratura craniana extensa, com hemorragia epidural – sangramento entre o crânio e a dura-máter-, membrana mais externa do cérebro. Fizemos uma drenagem desse edema e uma craniectomia descompressiva”, detalha o médico.

Na próxima semana, Melissa deverá ser submetida a cirurgia de reconstrução craniana. Pela gravidade do ferimento, a menina, além do risco de morte, poderia apresentar paralisia parcial ou completa do lado direito do cérebro. “E principalmente alteração da fala. Mas ela não apresenta sequelas”, diz Fernando Schmidt.

RECUPERAÇÃO SURPREENDENTE

A cirurgia ocorreu no domingo, dia 1º de dezembro, e a recuperação de Melissa tem surpreendido. Josicleide da Hora conta que no dia 3 a criança já tentava se comunicar com ela. No dia 4 de dezembro, a menina começou a falar, conforme relata a mãe. Para dona Josicleide da Hora, o socorro imediato e a estrutura hospitalar adequada foram fundamentais para salvar a vida de sua filha.

Ela não apresenta nenhuma dificuldade na fala, está enxergando, movimentando os braços, pernas e reconhecendo todo mundo. Foi um grande milagre de Deus e dos profissionais do Hospital Manoel Novaes que estão acompanhando a minha filha”, acredita dona Josicleide da Hora.

Na terça-feira (9), a menina deixou a Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica rumo a um apartamento, onde segue em plena recuperação. “Eu confio em Deus que retornarei para casa com a minha filha. Estou muito feliz com a recuperação dela. Quero agradecer pelo tratamento que estamos recebendo. Aqui no hospital, os profissionais trabalham com muito amor. Sem esse atendimento, ela poderia não ter sobrevivido”.

MÃE TRABALHAVA EM SÃO PAULO

Mãe solteira, Josicleide da Hora soube do acidente de Melissa por telefone, pois estava muito longe, trabalhando no interior de São Paulo. O objetivo era terminar a construção da casa própria. Ela estava retornando neste final de ano para reencontrar a família, e havia comprado a passagem de ônibus para embarcar na sexta-feira (29), véspera do acidente. “Mas o rapaz da empresa vendeu a passagem com a parada errada. O ônibus que eu deveria embarcar não passou pelo local indicado”.

Josicleide da Hora seguiu em São Paulo e aguardaria a decisão da empresa de ônibus para viajar para o interior da Bahia, mas teve que refazer os planos quando recebeu a ligação de sua mãe, que havia ficado com a guarda provisória de Melissa e do irmão. “Corri para o aeroporto e, sem muitos recursos, comprei uma passagem para Ilhéus, com conexão em Belo Horizonte. Ocorre que o intervalo entre os voos, na segunda-feira (2), foi muito curto e acabei perdendo o com destino a Ilhéus”.

Sem dinheiro, a mãe da criança precisou recorrer a um familiar para chegar em Itabuna, onde a criança está internada. “Precisei contratar o serviço de um táxi porque sabia que a minha filha só reagiria se eu estivesse presente”, finaliza.