Lições do Rio I

A vontade política do Estado determina o que pretenda. Em qualquer aspecto. Isto ficou demonstrado no Alemão. No entanto, no particular instante do Rio de Janeiro a apoteótica “tomada” de morros controlados pelo tráfico (incluindo o piegas hasteamento da Bandeira Nacional e da Estadual), nos remete a conclusões distintas; 1. sinal de velados acordos, a ponto de não entendermos como, de um universo de cerca de mil traficantes em fuga, nem 10% tenham sido presos; 2. que não há bandido bem armado diante do Estado determinado a combatê-lo; 3. confissão de que o Estado estava omisso, tanto que os “hasteamentos” confessam uma “retomada” de um território que não lhe pertencia.

Lições do Rio II

“Pobre não dá lucro para a boca de fumo, quem compra as drogas são as classes média e os ricos” (sic) é parte de um texto que estaria circulando nos morros cariocas (como o diz em artigo Carlos Newton, na Tribuna da Imprensa on line, de 30 de novembro), mais precisamente no complexo do Alemão, que integra uma manifestação do tráfico pela união de grupos criminosos com vistas à resistência.

O expressar traduz verdade que a hipocrisia busca esconder: em negócio de milhões tostões são quebra galho. Muita gente “participa” do lucro do tráfico. Da corrupção que alcança policiais e autoridades a negócios paralelos que vão da lícita indústria da segurança privada à ilícita atividade das milícias.

Para entender descubra o leitor quem as compõe e quem são os seus dirigentes.

Lições do Rio III

É de se esperar uma tomada de consciência de que a hipocrisia esconde a realidade; de que a solução para o problema da droga não está pura e simplesmente na repressão, mas na educação, na distribuição de renda, na defesa de valores da família e da sociedade, na melhor programação televisiva, no reduzir a violência que vitima a infância ainda em tenra idade etc.

Nesse sentido, hipocrisia das maiores é tolerar as drogas lícitas – dando a entender que não seriam drogas – e satanizar as ilícitas.

Desde os tempos da lei seca proibição sempre foi um convite ao consumo de qualquer coisa. Em contrapartida, lucro seguro para os que disponibilizam o proibido.

Lições do Rio IV

Por outro lado, voltando ao “Pobre não dá lucro para a boca de fumo”, precisamos fugir do lugar comum da estereotipada responsabilização pura e simples dos menos favorecidos pela distribuição de renda, os que não podem pagar bons advogados ou não têm como cooptar autoridades desonestas.

A esse propósito, há tempo uma autoridade policial nos contou decepcionado: investigara e prendera uma figura de classe média alta que traficava a partir de sua residência localizada em bairro nobre de Itabuna. A prisão ocorrera pouco antes da meia-noite, em flagrante. Não chegara a zero hora e o “artista” (o nome nos fora preservado) estava solto, amparado em habeas corpus prontamente expedido por autoridade judiciária (o nome nos foi revelado), que não se dignou nem a pedir informações ao delegado.

Quanto ao delegado, foi admoestado no despacho do magistrado.

Algo há além do jardim I

Se não dava para entender o fato da quase inexistência de prisões no Alemão, especialmente depois da desabalada fuga do Cruzeiro (filmada e fotografada), pior fica a explicação de que os que escaparam o fizeram através de redes pluviais de esgotos.

Recomendamos uma leitura de como agiram os alemães diante da resistência dos jovens poloneses em Varsóvia, durante a Segunda Guerra, assistindo a “Kanal”, do mestre Andrzjey Wajda.

Algo além do jardim II

Considerando a quantidade de droga encontrada e observando-se que, à exceção da maconha, outras precisam de produtos químicos para desdobramentos, que só podem ser conseguidos fora das favelas, quem os adquiria para os traficantes?

Cremos que não seria lúcida a idéia de que aviões do tráfico, e muito menos os próprios traficantes, fossem os compradores diretos. No mesmo viés, os armamentos.

É o que faltava

A baixaria da grande imprensa – a Globo pelo meio (ela que influencia e forma opinião) – deu de noticiar que os bandidos do Alemão fugiram pelos esgotos construídos pelas obras do PAC.

Apelação sutil, bandida como sempre. Só falta dizer que o Governo Federal preparou galerias para escoar a água pluvial para atender aos reclamos da bandidagem em caso de necessidade de rotas de fuga.

Haja paciência para tanto asco!

Lições de Itabuna

Uma moradora do Bairro Urbis IV não sabe mais o que fazer. Assaltada várias vezes – três só no espaço de 10 dias – vê-se desamparada, resistindo na própria casa para evitar que esta venha a ser incendiada. “É o que falta” – comenta. Todos conhecem os delinqüentes, que a têm assaltado em plena luz do dia.

A Polícia tem comparecido depois de denunciados os fatos. Mérito. Mas, será que a bandidagem teria a mesma liberdade se a Polícia Militar exercesse vigilância como o faz no Bairro Góes Calmon?

Na mesma cidade, cuidados diferenciados, ausência de tratamento isonômico. Diríamos, apenas, que num caso o Estado se omite (Urbis IV), noutro protege (Góes Calmon).

Lições para Itabuna

Em que pese o policiamento ostensivo posto em prática pela Polícia Militar em Itabuna, parece faltar “um quê”, um detalhe. E nos faz recordar a práxis disponibilizada pelo Coronel Souza Neto, quando comandante em Itapetinga quanto à eficiência demonstrada em Itororó (DE RODAPÉS… de 24.10).

Não sabemos se o 15º Batalhão disporia dos meios para efetivá-la. Talvez multiplicar mobilidade na ação ostensiva fosse um caminho, que demanda veículos, combustível, manutenções várias.

Mas, bem que uma esperança podia alimentar nossa terra e nossa gente: de que as lições do Rio chegassem aqui, ceifadas dos defeitos e semeadas das virtudes.

Espionagem

O Wikileaks divulga, para nós em dimensão contemporânea graças à internet, o que sempre aconteceu. Não custa reler “Dentro da Companhia – Diário da CIA”, de Philip Agee, aqui publicado em 1976 (não localizamos nosso exemplar) ou conhecer as articulações de Lincoln Gordon e mesmo saber que a IV Frota dos EEUU manobrava no Atlântico para o caso de convir ao golpe de 64, caso houvesse resistência. O livro desnuda as ações estadunidenses para derrubada de governos na América Latina. Na oportunidade não custa o leitor (re)ver “Estado de Sítio” de Costa Gavras.

Imaginemos quão interessante será o Wikileaks publicar em torno de propinas e comissões para que os “nacionais” correspondessem aos interesses dos internacionais. Aí a terra vai tremer. Inclusive no Brasil.

Onde há muita fundação financiada por interesses americanos, algumas através da CIA.

Cyro na mira

Chega-nos a informação de que um grupo de artistas locais e figuras da área literária estão promovendo movimento para afastar Cyro de Mattos da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania.

Opinião particular: ou Azevedo exonera ou Cyro não sai nunca. Cyro é como mordida de pitbul; trava a mandíbula e tarda a destravar. Para o pitbul, o objeto mordido; para Cyro, a remuneração e quejandas.

Devagar com o andor

Não embarcamos nessa de Geraldo Simões para Ministro da Agricultura. Até porque o Ministério seria da cota do PMDB. Se o momento fosse outro, tudo bem. Em primeiro plano precisaria – antes das loas – que se verificasse a convergência de interesses e lideranças baianas do PT em torno de Geraldo.

O próprio Geraldo, intimamente, deve dar seus risinhos. Mormente ele que viu, quando indicado para a CODEBA, a briga de foice no escuro que retardou a sua nomeação por tempo mais do que o devido. Para uma liderança como a dele, não fora o fato de ser compadre do presidente da República.

De nossa parte, seria maravilhoso, considerando o que representaria para Itabuna no cenário nacional.

PT versus PT

Os fatos que envolvem o PT local no curso do processo sucessório (?) da Câmara Municipal revelam que se encontra em fritura em fogo alto a continuidade da Profa. Miralva Moitinho à frente da agremiação.

E a realidade que a frita, atualmente, não deixa de ser kafiquiana: ter agido conforme as diretrizes do Partido. Ao contrário, contra o ideário do partido manifestou-se o deputado Geraldo Simões.

Os desdobramentos podem ser avaliados, como o faremos em futuros “DE RODAPÉS E DE ACHADOS”, começando pela permanência ou não de Miralva à frente da DIREC.

Considerando que Miralva é tida como imposição de Geraldo Simões, demonstração de sua força e pleno controle sobre o Diretório Municipal o seu destino pode revelar emblemática circunstância.

Ou Geraldo Simões escanteia Miralva e reconhece que errou ao impô-la como Presidente do Diretório local, ou apóia Miralva, reconhecendo que errou ao desautorizar o Diretório.

Quo vadis Globo

Lemos, estarrecido, que a próxima edição do Big Brother Brasil (toc-toc-toc mangalô três vezes) vai liberar geral. Isso quer dizer que, além da baixaria em que se constitui o programa (melhor programa, lembrando aquela antiga profissão), pretende incluir bebidas, agressões físicas e quejandos. Tudo pelo faturamento fácil, com tão nefanda programação, por sinal imitada por outros canais

Descobrimos a pérola inovadora através da matéria “Baixaria cada vez maior” inserida em texto de Nogueira Lopes na Tribuna da Imprensa on line de 2 de dezembro.

“A agressão física não será mais proibida no programa (nas edições anteriores, resultava em eliminação imediata). ‘Nada mais é proibido no BBB, pode fazer o que quiser. Esse ano… liberado! Vai valer tudo, até porrada’, revelou Boninho,adiantando que agora o programa não servirá aos participantes apenas bebidas leves. ‘Vai ser power… chega de bebida de criança’, decretou”.

E para tristeza, o programa (para nós, aquele) está liberado para a faixa etária de 12 anos (antes 14) o que significa que, em que pese exibido depois das 20 horas, será retalhado em horários como o da manhã.

Mijadinha canina

A aproximação do PCdoB em direção ao prefeito José Nilton Azevedo, envolvendo teimosas insinuações que passam pela ocupação de uma Secretaria – preferencialmente a da Saúde, que poderia cair nos braços de Dra. Conceição Benigno, tudo facilitado pelo desgaste de Dr. Vieira – tem prazo para começar a se aperfeiçoar: janeiro/fevereiro de 2011. Não haverá incoerência político-partidário-ideológica, uma vez que o Prefeito estará em algum partido da base dos governos Wagner e Dilma. O álibi é perfeito.

Desdobramentos: início da luta pela Prefeitura, o que pode ocorrer em 2016, tendo como candidato Davidson Magalhães. Candidatura do PCdoB em 2012 só para marcar posição, reservar território, como aquela mijadinha canina.

Fato a considerar, em tudo isso, é o afastamento do PCdoB em relação a Geraldo Simões, hoje não bem visto por muitos correligionários que consideram ser o seu projeto apenas pessoal, individual.

Conversões no horizonte

Na esteira destas considerações o PR e PMDB trabalharão contra Geraldo Simões. A não ser que César Borges se converta ao geraldismo ou perca a influência nas decisões. No mesmo caminho o PMDB, a não ser que Gedel trilhe por outra estrada.

O PDT migrará conforme as conveniências para onde possa avançar. Mormente se Dinailton voltar a se interessar pela política em Itabuna, a pedidos, possível sinal de mais um no barco contra Geraldo.

PT, se não se recompuser inteiramente em torno de Geraldo Simões, o que exige a reconquista de militantes históricos lançados ao limbo a partir de conflitos com GS, se dividirá, no plano municipal, fazendo com que parte dele exercite corpo mole na campanha.

E Fernando Gomes quieto, mineiramente comendo o mingau pelas beiradas. Ainda que não seja candidato.

Eu sou você amanhã

Geraldo Simões assim caminha – o que entendemos lamentável para a administração pública local – para o isolamento. Novo Ubaldo Dantas no futuro. Ou, parodiando aquela publicidade: eu sou você amanhã.

Quem nos chamou a atenção para a realidade do “Ubaldo amanhã” foi um taxista local.

Geraldista, diga-se passagem.

Lula

Ainda que cedo para afirmações, pelo andar da carruagem – leia-se fritura de GS em fogo não tão lento por históricos(?) aliados – a presença do PT em 2012 estará vinculada a de Lula no palanque petista. Isso demonstraria prestígio das lideranças locais, porque pedido idêntico ocorrerá em mais de 5 mil municípios brasileiros.

Itabuna, parece-nos, não deixará de ser privilegiada, considerando o relacionamento pessoal – que não é de hoje – entre Lula e Geraldo Simões.

Para conferir, uma visita ao ABC da Noite.

2012 não será 2000

Certo que o cenário da sucessão municipal trará profundas mudanças, não só no campo dos possíveis candidatos, mas, necessariamente, no leque da composição político-partidária em torno das candidaturas, em especial a liderada por Geraldo Simões, lendo-se, aí, ele ou quem venha a indicar.

Geraldo não pode repetir erros. O primeiro ocorreu em 2008, quando dependia da campanha de Capitão Fábio para consolidar a vitória de Juçara. Quando o PMDB minguava os recursos para Fábio faltou Geraldo entender que municiar financeiramente o Capitão lhe asseguraria a vitória.

No entanto optou pelo desastre: trazer Fábio para a aliança. Nenhum inocente imaginaria que o eleitorado de Fábio aceitasse o PT de Geraldo.

Talvez tenha faltado, ou recursos ou abrir a munheca e descosturar o bolso!