Adylson MachadoQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé define tudo e pode ir um pouco além.

Adylson Machado

                                                                               

Não há twitter que segure serra abaixo

serraA eleição para Presidente da República, à luz das pesquisas de opinião – o DATAFOLHA jogou a toalha diante da realidade – não entusiasma, como em 1989.

É que, como a coisa vai, com a migração natural de parcela dos indecisos para os candidatos em disputa, proporcional ao que cada um disponha, Dilma tende a ultrapassar os 60%, não causando espécie se romper a barreira dos 65% dos votos válidos.

No primeiro turno.

(Da editoria: Não resistimos à inserção de uma homenagem, sugerida pelo blog Cloaca News. Clique no play).


Sofrem as fechaduras 

Se a "Porta" pedia proteção (DE RODAPÉS E DE ACHADOS, semana passada), segundo noticia a imprensa, nesta hora as fechaduras de algumas salas da Câmara de Itabuna estão implorando por garantia de vida.

Praga de FHC

Com José Serra dispensando-o até na campanha eleitoral, o ensaísta necrólogo do trabalhismo, Fernando Henrique Cardoso, pode alegar-se de certa forma vitorioso neste 24 de agosto: 66 anos do suicídio de Getúlio Vargas e pouco se ouviu ou se escreveu sobre tão significativo instante da História do Brasil.

Uma diferença marca-os, no entanto: Getúlio, definitivamente na História; FHC, só nos alfarrábios escolares como ex-presidente. Ou, como alguém já disse por aí: um saiu "da vida para entrar na História"; o outro, da História para entrar na vida.

Proibição capenga

A Justiça Eleitoral, em nome da lei, proibiu humorismo envolvendo candidatos, o que levou a turma do humor às ruas protestando por aquilo que reputa censura à liberdade de expressão do pensamento. Comungamos com a turma. Até porque, mais grave seria – e não o é – a crítica debochada aos que estão no exercício de cargos públicos.

Mas, cá pra nós, o "Pior do que tá, não fica" do Tiririca é deboche contra toda a instituição política que sustenta o Estado de Direito (aproveite e veja no vídeo abaixo algumas ações de sua campanha).

Por outro lado, humorismo puro está aí: seja do palhaço com seu slogan, ou da Justiça Eleitoral com a proibição. Ainda que suspensa em sede liminar.

Em tempos de Zé

Se a moda pega, com o inusitado do "Zé" Serra, virá uma avalanche de novas figuras em nosso mundo político: o Gê, o Fá, o Ná, o Vêdo, o Del, o Vá, o Bá, o Guto, a Dil.

Clube vedado apenas a alguns vereadores de Itabuna, que não andam lá com uma boa estampa. A não ser que se reabram as rinhas.

Heureka! I

"Universo Paralelo", leitura ansiada em fim de semana no Pimenta na Muqueca, sempre nos trouxe um sabor particular: descobrir quem está por trás de Ousarme Citoaian, ousado pseudônimo que subscreve a página eletrônica.   

Além de mais um texto sobre Jorge de Souza Araujo – o que valoriza o criptônimo, dado a importância do nomeado ensaísta, poeta, cronista e contista baiano – e termos rastreado cada vírgula, como perdigueiro nos tempos em que caçar perdiz era esporte e não crime, alcançamos 99% de certeza onde antes residiam desconfianças.

Semana passada, com mais uma pista garimpada – "Não vou chorar! Não vou chorar! – enquanto se desfazia em lágrimas", referindo-se a Lúcio Rangel (que integrou a Turma do Pasquim) velando o sobrinho – veio-nos a certeza da autoria.  

Heureka! II

O investigador bateu o martelo da conclusão (amparada também na verve pontepretana em alguns textos anteriores), amadurecendo as leituras com informação de que alguém destas plagas redigira para o criador da Tia Zulmira, enquanto Stan comia "suas goiabinhas" em período de férias.

Ousarme certamente é o alter ego de alguém que foi muito próximo de Sérgio Porto – o Stanislaw Ponte Preta – tantas as referências por nós anotadas, razão por que concluímos que outro não é o autor de "Universo Paralelo" se não o conterrâneo.

Heureka! III

E nunca nos saiu da cabeça a inserção, no FEBEAPÁ n. 2, de uma fala de Antônio Carlos Magalhães (assim mesmo, pois só no futuro seria ACM) em comício realizado em Itabuna, nas eleições de 1966.  

Nunca entendemos, em que pese a rede de informações da Preta Press Brasil afora, que houvesse o que registrar do político baiano, até sabermos que havia um conterrâneo ao lado da "intimorata" do carioca das "Certinhas do Lalau".

A quem pedir o nome, "Nem às paredes confesso" – expressamos em fado. Melhor manter o charme e alimentar os curiosos, por conta de 1%.

Afinal, como diria minha avó Tormeza: Segredo é a alma do negócio!

Nosferatu

No afã de "ensinar" o eleitor a não se deixar corromper, inserção televisiva mostra o pesadelo de uma mulher na antessala de gabinete dentário, quando o profissional investe contra ela munido de estranha seringa para anestesia, deixando-a desesperada.

A cena e a monstruosa figura só perdem em quasimodoria para a lastimável utilização da imagem de uma categoria profissional que merece todo o respeito. E depõem contra a busca de humanizar a relação profissional-paciente, que já mostrava o dentista não como um vilão armado dos terríveis seringa, boticão e broca.

Forças ocultas

antonio lopesEduardo Anunciação (Política, Gente, Poder), no DIÁRIO BAHIA desta sexta, 20, desconfia da existência de "forças ocultas" atropelando os caminhos de Antônio Lopes (ilustração à esquerda, em foto de Karoline Vital) à presidência da Academia de Letras de Ilhéus.

Talvez, caro Eduardo, as mesmas que ocultam Jorge de Souza Araujo de ingresso na Casa das Letras praieira – diríamos.

E não será, em qualquer dos casos, falta de merecimento, ainda que desconheçamos, os vis mortais, os conceitos que norteiam critérios e avaliações da ALI.

Ou a ALI é mais acolá.

Achados

Convidamos o leitor a acompanhar, a partir da próxima semana, nesse espaço, a estreia de "As Traças" e "Os Traços", observadores da realidade e valorosos intérpretes do cotidiano circundante, ofertando-se hilários.

As tiras, de Vinicius, ilustrarão, conjunta ou isoladamente, DE RODAPÉS E DE ACHADOS.

As Traças, sempre à procura do que possa servir-lhes de alimento; Os Traços, refletindo sobre insignificâncias/insignificados humanos.

Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum