Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.
Adylson Machado
Preocupações à vista I
Os incidentes envolvendo integrantes da Polícia Militar da Bahia deixam o cidadão que os remunera com a pulga atrás da orelha. Principalmente depois das declarações atribuídas ao representante classista, soldado Agnaldo Pinto (“PEC 300: opinião de Wagner desagrada PMS”, em www.pimenta.blog.br de 25 de novembro) considerando “que Wagner ‘desrespeitou os policiais’ e piorou o clima na polícia baiana”, o que nos parece ensaiar desafio à autoridade do Governador.
Invectivas contra Cel. Ivo Silva Santos, do Comando Regional, postas através da imprensa, como se não houvesse Corregedoria e caminhos outros, sinalizam mais que a existência de insatisfações.
Recentemente teria um policial chutado uma imagem religiosa durante protesto na Governadoria. E não custa lembrar de fatos como a perseguição com tiroteio que resultou na morte de uma criança, em Salvador ou a agressão a uma líder do Assentamento D. Hélder Câmara, em Ilhéus.
O trabalho dos comandantes será exigido para contornar os problemas causados por alguns subordinados.
Preocupações à vista II
Algo no horizonte, onde esses fatos aparentam ser pontuais. Há pouco tempo, testemunhamos: restaurante local costumava fornecer, a pedido, quentinhas para policiais militares que faziam a ronda no quarteirão. No dia em que suspendeu, alertado de que alimentava velada forma de corrupção, ouviu de um deles que precisavam daquilo porque ganhavam pouco. Como retrucasse que o problema não era dele, foi surpreendido: – Quem mandou vocês votarem nesse governador?
Detalhe: isso ocorreu antes do primeiro turno. E gratuitamente foi vinculado o governo.
Tudo isso também pode ser saudade da cultura do chicote, atualmente retirada das ações governamentais. Como naquela história do cão que todo dia apanhava. No dia em que não foi surrado mordeu o dono.
Dilma sinaliza
Ao compor a equipe ministerial a Presidente Dilma Rousseff parece ter ocupado alguns espaços que para ela são estratégicos. Um, muito significativo, traduz a perda do controle da Globo sobre o Ministério das Comunicações, ainda mantido através de Hélio Costa; a tomada do Ministério da Saúde do PMDB entregando-o a Alexandre Padilha reflete também a possibilidade de domínio sobre área estratégica.
Lula sinaliza
Ao admitir candidatar-se em 2014 temos que Lula prepara um golpe de mestre para assegurar a governabilidade para Dilma, que de imediato enfrentará problemas com um jeito diferente de governar e sem o carisma do antecessor.
O recado de Lula está dado a empresários, latifundiários, sistema financeiro, grandes grupos em geral que sejam contrários e imaginem retomar o poder com o desgaste que venham a impingir ao novo governo: não pensem que bater em Dilma assegurará o retorno do PSDB-DEM ao poder, porque estou pronto para retornar por mais oito anos.
Para quem detém quase 90% de aprovação não deixa de ser um senhor recado.
Novidade
O servidor buscou a DIREC de Itabuna onde pretendia registrar uma senha para acesso ao contracheque. Foi informado de que a determinação doravante é de que seria fornecida através do Banco do Brasil. Ainda que questionasse que a senha era para acesso ao contracheque foi-lhe reafirmado a mudança.
Que possa até significar uma facilidade, estranhou que uma relação eminentemente entre servidor e a máquina do Estado, mais precisamente Secretaria de Administração do Estado da Bahia, tenha sido transferida para o sistema bancário. Ou seja, ao banco uma delegação de função típica do aparelho estatal.
Não tarda o servidor receber o contracheque através do banco. Ou na agência, ou em casa; pagando módica tarifa. Se não já que tiver que pagar pelo fornecimento da senha!
José Alencar
De grande simbolismo se revestiria a descida da rampa do Palácio do Planalto de José Alencar ao lado de Lula. O coroamento de uma antes inimaginável aliança capital-trabalho com a presença ao vivo de um lutador pela vida na batalha que enfrenta contra o câncer.
E, certamente, seria o maior presente para Lula.
Que Deus o permita!
Coisas da Globo
A Globo desenvolveu um formato televisivo de alta qualidade, tornando-se referência. Suas novelas e minisséries marcam época, tornam-se espelho para outras emissoras. Recentemente levou ao ar capítulos de “As Cariocas”, inspirados na obra homônima de Sérgio Porto (única assinada pelo próprio Sérgio e não pelo antológico Stanislaw Ponte Preta), dirigidos por Daniel Filho.
Em que pese a qualidade questionável de alguns momentos – “A Desinibida do Grajaú” já encontrou melhor resultado em outro instante global – fomos surpreendido com o inusitado trazido ao ar justamente no último capítulo (“A Traída da Barra”) por um detalhe particular: desafiar a nossa capacidade de tolerância a aceitar Angélica e Luciano Huck como atriz e ator. Foi de lascar!
Desse jeito o padrão Xuxa vai ocupar a programação. Aí é decadência total, digo, global!
Da Globo para O Globo I
“A Polícia Federal concluiu que não houve grampo ilegal nos telefones do então Presidente do STF, Gilmar Mendes, no episódio em que foi divulgado diálogo com o Senador Demóstenes Torres (DEM-GO). – Ilmar Franco – O Globo de 25.12.2010.”
O material acima foi pinçado de http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif neste 25 de dezembro – “A Farsa do Grampo sem Áudio: Um Crime Impune”. Encerra uma camuflagem para a realidade que pode ser expressa simplesmente: NÃO HOUVE GRAMPO. Mas como O Globo integra o PiG (Partido da imprensa Golpista, para Paulo Henrique Amorim) o texto esconde a verdade e a armação então cometida.
O alegado grampo, sem áudio, denunciado pela Veja, levou o Ministro Gilmar Mendes – na franciscana fase de conceder habeas corpus a Daniel Dantas – a “chamar às falas” o Presidente da República, numa postura desrespeitosa e anti-republicana, alimentando uma farsa que visava desconstituir a atuação do Delegado Protógenes Queiroz e do Juiz Fausto de Sanctis, justamente as autoridades encarregadas de apurar os crimes de Daniel Dantas.
Da Globo para O Globo II
Onde está a mentira? A nota de O Globo diz “que não houve grampo ilegal”. Presumir-se-ia que tenha sido legal. Por este viés, como somente o próprio Supremo Tribunal Federal poderia autorizar o grampo nas suas instalações ou escuta de qualquer de seus integrantes ou foi por ele concedido ou não existiu. Portanto, a nota de O Globo encobre uma verdade desviando o sentido.
O porquê de todo esse rodapé: a nefanda postura do arrogante Ministro Gilmar Mendes não dará em nada e teremos que suportá-lo até que alcance a compulsória. E nos faz cada dia mais defensor de um mandato temporário para Ministros e Desembargadores.
Ah! outro objetivo: não esquecer o que esta gente faz de errado, se apresentando como paradigma da moralidade. Lá e cá. No fundo, sepulcros caiados!
Quando a razão padece
Atribui-se a Afonso Arinos de Melo Franco haver dito que ao legislador federal bastava votar o orçamento da Nação para haver cumprido com seu dever parlamentar, tamanha a importância que lhe atribuía o grande mineiro. Na quarta 22, o Orçamento da República, superando 2 trilhões de reais, foi aprovado com o Congresso vazio, simbolicamente. O Deputado Fernando Chiarelli (PDT-SP) denunciou a ausência de quorum e pedira que a sessão não tivesse continuidade.
Regimentalmente não encontrou apoio, mas a moralidade e a Ética cobriram-no de razão
E querem acabar com a Voz do Brasil
Ginaldo “Tonelada” dos Santos, sergipano de Maruim, dedicado funcionário da Pousada Copacabana ali na saída de Ilhéus para Olivença. Pouca conversa, tipo que só entra onde é chamado. Sempre foi eleitor de Geraldo Simões. No entanto tomara uma atitude neste 2010 e a expressou para um amigo nosso. – Não vou votar em Geraldo – disse ao surpreso amigo. Indagado da razão por que tomava aquela postura já que dizia gostar do político itabunense soltou a sua sinceridade: – Não “vejo” ele na Voz do Brasil. Ou seja, nunca ouviu qualquer fala de Geraldo no radiofônico oficial. Isso para sua leitura denotava ineficiência.
“Tonelada” é desses milhões de brasileiros que sabem da existência de uma lei muito antes de advogados e juristas, ouvido colado no rádio. Que acompanham a atuação de deputados e senadores, conforme sejam citados ou “discursem” no rádio. Que valorizam e respeitam o Poder Legislativo como instituição.
Desmentindo muita gente por aí que afirma não existir audiência para “A Voz do Brasil”.
Paranóia I
Ubaldo, o Paranóico – de Henfil – faria a festa com o incidente ocorrido com a Oi, materializado no incêndio que atingiu suas instalações, que cheira à armação e a prejuízo para o erário. Considerando o que representa o sistema de telefonia e sinais elétricos para a sociedade moderna, entrelaçado desde o agora simples e primitivo telefonar à gama de atividades que hoje lhe são tributárias (pagamentos, consultas, compras etc.) não se pode imaginar que mínimos detalhes envolvendo a segurança do sistema não se façam presentes. Tampouco que não haja um sistema de reserva que possa ser acionado imediata e concomitantemente.
Por causa disso, sei não! Ubaldo, o Paranóico, pode ter razão!
Paranóia II
PS.: Havíamos escrito o rodapé quando nos deparamos, nesta sexta 24, com “Jereissat e a BrOI devem $ 640 ao Louro” em http://www.conversaafiada.com.br/ e que os prejuízos montam a 400 milhões.
De imediato nos lembramos de que a junção das duas empresas tem aporte de recursos do BNDES, amparado em estórias cabulosas, o que inclui precipitada anuência do Governo Federal, sem falar-se que em alguma “moita” do processo está escondido Daniel Dantas.
Por causa disso, Ubaldo, o Paranóico, tem razão!
Idéias que não justificam o nome
Não pode ser considerado fruto da racionalidade humana a iniciativa da administração do Shoping Jequitibá de iniciar a ampliação de suas instalações no imediato das compras de Natal. Não porque não devesse fazê-la, mas por iniciá-la com a restrição do espaço oferecido para estacionamento.
Mais está para afastar o consumidor que para atrair. Ou alimentar a atividade médico-psiquiátrica e laboratórios a ela afins tanto o estressamento a que expõe a vítima consumidora.
O que justifica o internamento da mente fulgurante que idealizou o início das obras para esse instante.
Orestes Quércia
Certo que em necrológio de políticos não cabe lembrar toda a sua história. Mais por compaixão para com a dor dos que ficam e usufruirão sua herança material. Mas, não dá para esquecer tudo, mormente diante de um proeminente exemplo de política patrimonialista.
Justifica um sussurrado eppur si muove, como se atribui a Galileu Galilei quando saía do Tribunal do Santo Ofício onde negara sua teoria helioocêntrica para salvar o próprio lombo da prisão, circunstância bem melhor que a de Giordano Bruno, assado na fogueira da Inquisição.
Não custa sussurrar: não foi só isso, não é bem assim!
Idéias que não justificam o nome
A Paulino Vieira, quarta 22, às 19h25min tinha seu último quarteirão de acesso à Otávio Mangabeira fechado. Tomado de mesas e cadeiras de plástico, instrumentista, teimoso repertório e esperança de interpretação, como sói ocorrer nestas noites grapiúnas de música ao vivo.
A engenharia de tráfego do Município, como não havia impedimento de acesso a partir da Olinto Leone, alimentava a piração de induzir o motorista a buscar a Camacã e fazê-lo manobrar para refazer o trajeto pela Cinqüentenário caótica.
Não dá para entender.
Reforma administrativa
Diante de tantos percalços, a reforma administrativa que dizem estar em andamento na Prefeitura – não se ouve do próprio Prefeito qualquer menção a ela – além de tardia não parece fadada a convencer. Mais ensaia “freio de arrumação” em veículo lotado e mal dirigido, onde peças serão trocadas para manter o status quo.
É aguardar para ver. E comentar!
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Cantinho do ABC DA NOITE
Aparentando amalucado, olhar rútilo e sibilino, circulava no passeio em frente ao ABC da Noite, para cima e para baixo, tornando em quilômetros o traçado de quatro metros naquele trecho do Beco do Fuxico. Gesticulando e balbuciando, olhando para um lado e para outro, dava idéia de que buscava algo ou esperava alguém que não chegava apesar da hora marcada. Voltou a olhar para o boteco. Fixou-se na placa. Riu. A essa altura observado por todos os freqüentadores do ABC, despertados pelo estranho comportamento. Voltou a olhar para a placa, gargalhou e desandou fala:
– ABC da Noite… e me chamam de doido!
Mais intrigou. Repetiu a faina e novamente sorriu, com ar vitorioso de quem anuncia um axioma:
– ABC da Noite. Cabôco só abre de dia… e o doido sou eu!
A turma entendeu o recado e pediu mais uma a Cabôco Alencar. Antes que a noite chegasse.
(Delicie-se com o Cabôco Alencar lendo O ABC DO CABÔCO – Via Litterarum).
Depois de tudo
Rir pra não chorar!
Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum