Adylson MachadoQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

                                                                              

AMURC

Parece-nos uma vitória de Pirro conquistar a presidência da AMURC. O desinteresse dos prefeitos de municípios mais expressivos demonstra-o. Não reúne força para pressionar entidades outras e, neste liame, limita-se a participar de composições de menor detalhe.

Afastado o que resta – o título honorífico de Presidente – mais próxima está daqueles cavaleiros de Granada, que em alta madrugada saíam em louca disparada: para que? Para nada.

Com um detalhe: aos daqui falta Miguel de Cervantes.

Ilhéus I

O transatlântico MSC Orquestra aportou em Ilhéus na segunda 7. Cerca de mil turistas – argentinos, gaúchos, paranaenses, catarinenses, paulistas dentre outros – desceram à terra que sobrevive graças a Jorge Amado. Vesúvio, Casa do próprio, Bataclã. Nada mais para excursões.

Comentários de alguns que permaneceram no navio: a Ilhéus não volto. A explicação: atendimento ruim combinando com preços exorbitantes.

Notou um passageiro que de positivo mesmo só a “furiosa” recebendo os turistas no porto à base de marchinhas carnavalescas tradicionais.

Ilhéus II

Disse-nos esse passageiro que do navio percebia alguns focos de queimadas em áreas que deveriam estar preservadas, da decantada costa que integra a Mata Atlântica. A fumaça poderia ser assim traduzida: descaso do olhar de ambientalistas com apoio do IBAMA ou, quem sabe, a agonia dos projetos que revitalizariam a região com o complexo intermodal – que dizem não encontrar respaldo do próprio IBAMA.

Apoio mesmo terão os poucos proprietários das muitas léguas de terra da Mata Atlântica em poder de estrangeiros e cabeças coroadas do sul do Brasil.

Com alguns nativos lambendo as migalhas e se dizendo grandes por isso.

Geny Xavier

O eletrônico Jornal Itabuna, Cultura & Arte nos possibilitou reencontrar a poesia de Geny.

Artistas de Itabuna

artistasdeitabuna.blogspot.com. Eis outra experiência no universo da divulgação artístico-literária de Itabuna. O lamento do entrevistado Valmir do Carmo dá bem a conta de a quantas anda o vigor do apoio cultural na gleba grapiúna.

Jorge Araujo

jorge araujoA leitura de “Graciliano Ramos e o desgosto de ser criatura” (EDUFAL, 2008), premiado ensaio de Jorge de Souza Araujo, nos permite concluir, sem proselitismos, que o baiano de Baixa Grande, terra vizinha de Monte Alegre da Bahia – tornada Mairi – espalhado entre Santo Antônio de Jesus, Feira de Santana e Ilhéus, com passagem obrigatória por Itabuna, onde tem cadeira(!) cativa no Beco do Fuxico para um dedal de prosa com Cabôco Alencar, se encontra definitivamente alçado à galeria dos grandes ensaístas brasileiros

Imbróglio I

Comentamos na edição passada sobre as dificuldades para uma solução imediata – sob o prisma técnico jurídico – envolvendo a reforma tributária municipal, aprovada em 2010 para viger a partir de 2011.

Afastadas as considerações sobre sua aprovação – porque leite derramado – reuniões se sucedem e soluções são ofertadas, como a tentativa de encaminhamento de proposta ao Poder Legislativo para alterar a escorcha em vigor.

O que não se indaga em tantos encontros é para quando o efeito das alterações.

Imbróglio II

Atribui-se a Otávio Mangabeira a seguinte assertiva: “Pense num absurdo; na Bahia já há precedentes”.

Em matéria tributária o que a lei remete ao ditame do Poder Executivo, como a majoração de bases de cálculo (o valor venal para o IPTU, por exemplo) vinculadas a determinado índice oficial, dispensa a edição anual de norma específica para tal mister.

Ao que nos parece – nos amparamos no divulgado pela imprensa e, no caso, nos permite a interpretação – a lei delimitou os percentuais em relação à majoração dos índices para os tributos, o que exigiria outra lei para alterá-los.

Caso contrário, não haveria necessidade de tanta conversa, de tanta reunião: um decreto do Prefeito reduziria os percentuais ao sofrível se a lei houvesse fixado aleatoriamente entre um mínimo e um máximo.

Imbróglio III

É aí que reside o imbróglio: se os percentuais foram fixados no texto da lei, nela estão contidos – e em vigor desde 1º de janeiro. Qualquer alteração somente produziria efeitos no próximo exercício financeiro, ou seja 2012, estando em vigor para 2011 o fixado na lei de 2010.

A não ser que ocorra na Bahia um novo “precedente”. Ou a revogação pura e simples da lei em vigor, com as decorrentes repercussões a teor da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Circo

A não ser que um grande picadeiro esteja armado, nos fazendo a todos expectadores no “galinheiro” do mambembe, concluímos que: depende do Prefeito a solução – através de simples Decreto – e que não foi o mesmo editado para valorizar o ato e tornar o gestor o mimo do dia, a bondade do momento.

O resto transita entre indecisão e incompetência.

Maria Alice I

Maria AliceImagem queimada e desgastada até recentemente torna-se milagre e salvação para os problemas enfrentados pela administração José Nilton Azevedo. Uma competência levada aos píncaros, trabalhando com o trivial com que sempre viveu: o grupo de Fernando Gomes.

Daí porque Maria Alice é a vitória de FG no grupo político de Azevedo, implantando a marca do fernandismo na combalida imagem da administração atual.

Se vai dar certo o tempo dirá!

Maria Alice II

Até porque não há de confundir articulação política com gestão administrativa, o que cai como luva no caso sob comento, onde se inverte o comando: Maria Alice, solução gestora.

Antigamente – ou pode não ser tão antigamente assim – qualquer prefeito dava lições ao médico se o assunto era Medicina, ao engenheiro, se o tema fosse Engenharia, ao urbanista, se Urbanismo, ao advogado, se Direito e por aí caminhava a humanidade. Se deu certo não se sabe.

Mas no caso de Itabuna, todos sabemos!

Criatividade

sexo gratis“Sexo Grátis Aqui” em destaque certamente despertará a atenção de qualquer um e mesmo escandalizará beatas. É o que se depreende deste criativo anúncio de duplo sentido.

Amadorismo I

Vemos como pobre a discussão que se põe à mesa da sucessão municipal levantando a hipótese de afastar lideranças tradicionais do processo como se política não exigisse profissionalismo. O mesmo discurso que norteou a “Terceira Via” em instantes não tão distantes.

A ingenuidade reside justamente no fato de imaginar que políticos que amealharam liderança venham, de uma hora para outra, imbuídos de inusitado espírito de caridade cristã, doar o que conquistaram a duras penas a quem ainda não fez nem por merecer atenção.

É o cúmulo do amadorismo!

Amadorismo II

Sob a mesma vertente transitam as vozes que se levantam internamente em alguns partidos contra suas lideranças. Não conseguem nem mesmo inscrever e ampliar militantes em defesa de suas ideias.

No âmbito local, por exemplo, a massa petista não conseguiu estabelecer força para enfrentar o comando de Geraldo Simões, como qualquer partido que esteja sob a égide de Fernando Gomes não consegue levantar a voz para um pio.

No PT uma gama de tendências – algumas mais próximas daquele famoso “Bloco do Eu Sozinho” que existiu no Rio de Janeiro enquanto foi vivo seu único participante – em muito contribui para “democraticamente” legitimar o que controle o partido; no partido liderado por FG sua palavra é lei e tenho dito.

Aplausos!

Exemplo de PiG I

O jornal O Estado de São Paulo tinha a tradição de defesa intransigente de conservadoras convicções mas não tergiversava, como princípio, de informar o que lhe chegasse às mãos, de não negar fatos jornalísticos. A marca dos Mesquita, como diretores do jornal: não engavetar grandes matérias de escândalo.

Um jornalista descobrira o fio da meada de um dossiê falso divulgado por Diogo Mainardi, na Veja, que foi manipulado à exaustão pela imprensa, inclusive o televisivo Jornal Nacional, envolvendo poderosos interesses financeiros e pesadas jogadas de lobistas, tendo por pano de fundo o diretor da Agência Nacional de Petróleo – ANP Victor de Souza Martins, irmão do então Ministro Franklin Martins, tendo como pano de fundo royalties de prefeituras que estariam relacionadas com o diretor.

Segundo a Polícia Federal, tudo amparado em material fabricado por Wilson Ferreira Pinna, agente federal aposentado, que foi denunciado pela 2ª Vara Federal Criminal do Rio pelo crime.

Exemplo de PiG II

Passados mais de 500 dias o material jornalístico se encontra engavetado pelo diretor do jornal Ricardo Gandur, evidenciando que o Estadão já não é o mesmo. Mas bem traduz a forma como age o denominado PiG (Partido da Imprensa Golpista), como o nomina Paulo Henrique Amorim.

A propósito, 500 dias – cerca de um ano e meio – dá direitinho no período imediato à campanha eleitoral. Detalhes em: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/ha-506-dias-estadao-censura-materia#more

STF I

Se o sentimento de vazio profundo se nos apossara com a indicação presidencial do nome de Luiz Fux para vaga no Supremo a sabatina no Senado – que não houve – nos lançou ao fundo do cosmos. Até aplausos de pé, transformado o plenário em arquibancada, reverenciando o ator que traduziu para o público a realização de um sonho – chegar ao STF – mais que servir ao Direito.

STF II

Para quem não mais tinha sob os ombros o peso do que se apurava na Corte Especial tudo era sorriso, graças à providencial intervenção do Procurador da República que pediu o arquivamento do procedimento – originado de uma ação popular promovida pelo ex-deputado estadual José Carlos Tonin – fazendo perder o objeto da apuração, que se encontrava sob responsabilidade da Ministra Eliane Calmon, até que transferida para o Conselho Nacional de Justiça.

Talvez esse o motivo da alegria de menino do novo ministro na Comissão do Senado. Que em nenhum momento procurou saber das razões por que o futuro ministro tomou como suas as alegações do recurso do Grupo Sílvio Santos para sustentar o seu voto em favor da Telesena.

STF III

Apenas para que o leitor não perca o mote do que motivou a iniciativa de apuração contra o Ministro Luiz Fux, transcrevemos parte da conclusão do acórdão do TRF da 3ª Região, São Paulo, por ele (ministro) contrariada: “O fato de o CNSP – Conselho Nacional de Seguros Privados e a Susep – Superintendência de Seguros Privados terem autorizado a comercialização de planos com tais desvios não é suficiente para torná-los legais. Mesmo admitindo-se terem eles poderes normativos para regulamentar o sistema, esses poderes só podem ser exercidos nos limites da lei, sem nunca ousar contrariá-la. O ato administrativo em questão – porque dissociado do espírito da capitalização, estabelecido pelo Decreto-lei 261/67, combinado com o Decreto-lei 6.259/44, interpretados necessariamente à luz da política pública constitucional de defesa dos consumidores – foi emanado com evidente desvio de finalidade, e por isso, é nulo”. Fonte: “Se depender do Banco Central e do Ministro Luiz Fux (que vai para o Supremo), o slogan “tudo por dinheiro” continua valendo para Silvio Santos. O BC salvou o PanAmericano e Fux salvou a Telesena”, de Carlos Newton, in Tribuna da Imprensa on line, de 2 de fevereiro.

Guarânias

O ritmo e o andamento têm origem Guarany e marcaram gerações. Aos leitores que reconhecem em Luiz Vieira autor e intérprete de pérolas como “Prelúdio Para Ninar Gente Grande”, “Paz do Meu Amor” e “Menino Passarinho” a oferta de um pout-pourri com “Guarânia da Lua Nova” e “Guarânia da Saudade”

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Cantinho do ABC da Noite

aniversário caboco2 de fevereiro de 2011. Os 80 anos de Cabôco Alencar admitiram a “extensão” das comemorações, aquiescendo para tanto o homenageado, que inovou a oferta etílico-abecedarina servindo vinho em vez de batidas, acompanhado dos canapés de Neusa Perlira, dileta esposa, que muito gostou da missão. Nesse diapasão, na sexta 11, ainda regados estávamos a vinho e canapés na apropriada homenagem estendida.

Nesse contexto, não faltou quem sugerisse a continuidade no processo de encômios e homenagens que, segundo o autor, deveriam se estender até a véspera do Carnaval. Tema de imediato encampado por Neusa, Eva Lima, Gilson Alves, Sônia Amorim, que constituíram comissão para comunicar ao homenageado a sugestão, assim expressa:

– Cabôco, por que não continuamos as comemorações como preliminar do Carnaval?

A manifestação cabôca não fugiu à tradicional verve alencarina:

– É Cabôco, aí deixou de ser preliminar para se tornar prorrogação! – sacramentou o filósofo.

Depois de tudo

Rir pra não chorar!

traçastraços

Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum