Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.
Adylson Machado
UESC I
O movimento que paralisa a instituição é mais uma tentativa de sensibilizar – “palavra fácil de pronunciar”, da composição “Amigo, Palavra Fácil” (1964) de Verinha Falcão e Jorge de Castro, gravada por Nelson Gonçalves – o Governo Estadual para encarar com a devida responsabilidade o ensino superior na Bahia. Há, em nível de projeto nacional, o propósito de dotar o país de uma educação melhor nos próximos vinte anos.
Sob esse aspecto não pode ser descurada a importância da formação do professor da instituição, que repercutirá em vários segmentos, inclusive naquele voltado para qualificar a escolaridade no ensino fundamental.
Por outro lado, a formação universitária carece de apoio em vários aspectos, não somente na oportunidade de ingresso na graduação. Esta, sem um amplo compromisso da instituição com a formação plena, apenas certificará profissionais não suficientemente preparados para enfrentar as exigências da sociedade.
UESC II
Um exemplo das distorções por que passa a UESC pode ser vista na atuação de discentes do Curso de Biomedicina, enquanto exercendo atividade prática em escolas da rede pública estadual. Não fora o desembolso pelos próprios alunos e não disporiam de reagentes e materiais outros para realizar o exercício.
Enquanto a imagem física da UESC se apresenta caminhando bem, o aprendizado existe na dependência de recursos particulares. Dos próprios alunos.
Lições para não esquecer
Certos temas – se vêm à tona – não devem ser comentados. Especialmente quando envolvem casos públicos e notórios. As reações causam mais prejuízos com a busca de esconder o que existe(iu). É como jogar farinha no ventilador. Um desses, que desconhecíamos, chegou ao nosso imaginário justamente porque a ele reagiram. Isso é igual a rastilho de pólvora depois de atiçado. Enquanto não explodir…
No caso, já explodiu.
Arrancador de portão
Diante do inusitado de os portões de acesso ao campus da UESC terem sido retirados para manutenção em meio a um semestre em atividade e no imediato da deflagração de uma greve somente permite duas conclusões: ou a prefeitura do campus não acompanha a situação dos bens a que está obrigada a administrar – a ponto de fazê-lo no curso de um período de aulas – ou foi determinação superior.
Se determinação superior o Magnífico Reitor Joaquim Bastos pode receber a delicada alcunha de “arrancador de portão”.
Terreno pantanoso
Não repercutiu bem no jogo a escancarada publicidade da Bahiagás em jornais de Itabuna (releia “Publicidade e utilidade” neste DE RODAPÉS E DE ACHADOS, de 13 de abril). As unhas cururus afiaram-se antes do tempo, precipitaram ataques que invadem inclusive a seara ética – muitos assim entenderam.
Outro detalhe que não deixa de agredir escalões superiores: ao defender-se das críticas de uso eleitoreiro o PCdoB distribuiu Nota fazendo inserir a pérola: “Davidson está no cargo na cota do PCdoB”.
Isso o autorizaria a utilizar os cofres da Bahiagás para fins eleitoreiros?
De incerteza em incerteza…
Por falta de experiência… em tomar decisões que não possam demorar, Azevedo vai terminar não sendo candidato. Quando se decidir terá perdido o prazo.
O inusitado será partir para a reeleição amparado por Paulo Souto.
Da lua de mel à de fel
Há poucos dias Geraldo Simões flanava como centro de atenções, anunciando entendimentos com o PMDB. Apesar de um breve “esfrega” de Geddel, enquanto Fernando Gomes ausente, tudo estava bem para o petista.
Lua de mel!
Essa semana, o inferno astral. Perdendo espaço para o PCdoB no universo das nomeações em Itabuna, enfrenta um clima de tempestade em noite escura diante do encolhimento dos cargos disponíveis. Não fora isso, administrando profundas dissensões internas, que podem repercutir no projeto 2012.
Lua de fel!
Acredite!
Suspensão do 14º e 15º salários, redução da verba de gabinete de 60 para 48 mil (20%), redução – de 25 para nove – do número de assessores, a cota de gabinete de 23 mil para 4,6 (mais de 80%). Uma economia em torno de 500 mil reais por ano, como o diz matéria em www.advivo.com.br 30 de março (“As verbas parlamentares de Reguffe”).
Autor do exemplo: o deputado federal José Antônio Reguffe, do PDT do Distrito Federal.
Pagando para ver e aplaudir
Ainda que represente a unidade da Federação onde tem sede o próprio Legislativo Federal, não custa deixar a indagação aos nossos representantes na Câmara dos Deputados, começando por Geraldo Simões e Josias Gomes, o que poderiam fazer para economizar.
Se entenderem que não deveriam fazer como o brasiliense, fica a sugestão: doar a diferença conseguida – que sejam 200 ou 300 mil – para instituições sociais.
Em campanha
Geddel Vieira Lima em Itabuna para participar de aniversário de João Xavier. João Xavier que nada! Fiscalizar as obras da Amélia Amado.
Nova competência (função) institucional fixada para quem exerce a Presidência da Diretoria para as Pessoas Jurídicas da Caixa Econômica Federal.
Êta Brasil!
FHC criticado I
Delimitamos (“Por que tudo deu errado”, O TROMBONE, de 13 de abril) as razões por que a oposição perdeu o rumo e particularmente de o PSDB se encontrar num beco sem saída – a não ser a extrema-direita. (Nesse particular – extrema-direita tucana – vemo-la comandada por José Serra – em que pese relações de Alckmin com a Opus Dei – diante da fundamentalista campanha do tucano nas eleições de 2010).
Mas, voltando ao Fernando Henrique, no texto antecipadamente divulgado pela internet, do artigo “O Papel da Oposição” a ser publicado na Interesse Nacional, recomenda o “príncipe dos sociólogos” a fixação de uma estratégia voltada para a classe C (classe média) em detrimento da base da sociedade – o povão – o que alimentou o raciocínio dos que veem o PSDB como o “partido dos ricos”.
FHC criticado II
Teria dito o ex-presidente, em crítica direta ao PSDB, que se os tucanos continuarem tentando dialogar com o “povão”, acabarão falando “sozinhos” – “A reação de FHC às críticas” http://www.advivo.com.br/ de 13 de abril.
E recomenda a ocupação de todos os espaços sociais (internéticos, inclusive) para fazer frente aos ocupados pelo “lulapetismo” – sindicatos etc.
Não encontrou unanimidade no ninho tucano, à exceção expressa por José Serra, tanto que a atual liderança maior do PSDB, o Senador Aécio Neves, dele discordou.
FHC visionário I
Por outro lado, se observarmos a mobilidade social atribuída ao período Lula, e venha a ser massificada a migração das classes D e E para a classe C, o raciocínio de FHC se torna altamente inteligente. Ou seja, vislumbrando a redução de pobres e miseráveis – ainda que não as reconheça a partir das políticas sociais implementadas por Lula e continuadas por Dilma – pouco restaria da população para apelos político-eleitorais em nível de ideologias à esquerda.
Como mea culpa a posição de FHC é visionária: não tendo pobres e miseráveis tenho que localizá-los. Em que classe social? Na classe C.
Genial, pá!
FHC visionário II
Caberia, apenas, adaptar o discurso aos limites da compreensão pela nova classe a ser alcançada pelo ideário do PSDB pensado por FHC.
E nesse sentido o PSDB já entraria com um forte argumento, favorável em qualquer campanha política: a redução da carga tributária; tema sempre sensível à classe média.
Bestial, pá!
FHC visionário III
Na genialidade falta apenas explicar um detalhe: se a mudança de classe permitiria, de imediato, a compreensão do discurso proposto por FHC.
A propósito
Quando redigimos “Por que tudo deu errado” (O TROMBONE, de quarta 13) não imaginaríamos que o Conversa Afiada do Paulo Henrique Amorim publicaria essa pérola do Bessinha. Tanto que reproduzimos aqui a parte final do artigo para justificar a publicação da charge:
Ao PSDB “…só lhe restará rezar pelo quanto-pior-melhor em relação ao PT, sensacionalizar escândalos (não deu certo com o caixa 2, que difundiu como mensalão), por profundas repercussões decorrentes de mudanças econômicas ou guinar de vez para a extrema-direita. Aliás, nos moldes do Tea Party norteamericano, como já ensaiado na eleição de 2010 ao assumir o discurso fundamentalista centrando a disputa presidencial em quem era contra ou a favor do abortamento, ou se acreditava ou não em Deus, podendo ampliar o roteiro com a defesa da redução da maioridade penal e da pena de morte”.
Desabafo…
O TROMBONE publicou nesta quinta 14, “Professor, profissão de risco – um desabafo”, do docente Marcos Bispo Santos. Um texto que diz respeito não só àquele citado estabelecimento de Ferradas, mas à escola pública. A rede estadual padece das mesmas mazelas e não se diga que trabalha com alunos com perturbações mentais pura e simples.
Há uma patologia social que está a se refletir na escola. Os desajustes e conflitos latentes, do ambiente familiar ao convívio exterior levam a uma evidente patologia, auxiliada em muito pelo noticiário nos meios de radiodifusão que parece atingir um orgasmo ao publicar mortes, assaltos, estupros acompanhados de verdadeira convocação à aplicação da pena de talião. O número de programas deste jaez dá o mote do imaginário da população.
As autoridades educacionais parecem desconhecer a crua realidade e o professor vem aceitando funções e competências que não lhe são afetas – de assistente social, de psicólogo, de psicopedagogo etc. – quando deveriam estabelecer o enfrentamento da questão, iniciando um processo de conscientização de luta para que as escolas – algumas recebendo em cada turno até 800 alunos – tenham em seu quadro profissionais aptos a lidar com atividades e exercício em torno do comportamento e das inter-relações escola-aluno, escola-família, escola-comunidade.
Na contramão há um velado respeito a garantias e direitos individuais mal compreendidos e interpretados, levando muitos dirigentes escolares e professores a temerem ameaças tipo “vou ao Ministério Público” ou “à Direc”.
…e denúncia
Quem quiser conhecer de perto a fábrica de loucos em que se torna a escola pública faça uma visita aleatória a alguns estabelecimentos de ensino – recomendamos os de maior quantidade de alunos – e assista ao que ocorre nos pátios, a delicadeza no tratamento entre alunos onde “vá tomar no aqui e ali” é tão natural como beata rezar o Pai Nosso.
Aproveite para acompanhar a reação de certos pais e mães quando chamados ao estabelecimento e perceberá que a ação dos filhos é a lição recebida em casa. Pródiga em palavrões e quejandos.
E sobre os professores e dirigentes também a responsabilidade impossível que não lhes compete: educação doméstica.
Limites
Até que enfim – como delineado e sugerido por nós semana passada neste DE RODAPÉS, “Limites” – o deslocamento de membros da Comissão Especial de Assuntos Territoriais e Emancipação da Assembléia Legislativa da Bahia para uma vistoria in loco ao ponto da discórdia. Que por si só define a solução.
Caso os senhores Deputados tenham se utilizado de transporte coletivo itabunense para buscar o Atacadão e o Makro encontraram o argumento definidor para a alteração dos atuais limites.
Restará apenas, para erudição do parecer conclusivo, instruí-lo com subsídios sócio-econômicos, históricos, sócio-culturais, entrevistas com consumidores e funcionários daqueles estabelecimentos, fotos etc.
Fernando Gomes está chegando
O retorno de Fernando deve agitar o universo da eleição 2012. Geraldo Simões e Davidson Magalhães ocuparam espaço nestes dias, cada um dentro dos limites a que se propôs.
Considerando o PMDB, como lembramos dia desses, as confabulações preliminares entre o gedelismo e o geraldismo necessitam do referendo do líder local, já que nem Renato Costa, nem João Xavier detêm a palavra sobre o partido em Itabuna, atuando como coadjuvantes.
A última palavra é de Fernando. Ainda que seja para deixar o partido.
Ou contribuir para o inimaginável: FG e GS de mãos dadas em defesa do futuro desta terra!
Quosque tanden
Passeava tranqüila pelo Jequitibá ilustre magistrada acompanhada de dois seguranças. Ninguém a reconheceria se não fosse a indumentária dos protetores: terno e gravata escuros. Não se negue o direito à proteção. Afinal, em que pese inúmeros juízes desta Comarca andarem leves e soltos ainda que pondo traficantes e criminosos outros atrás das grades, temor pode haver à luz da consciência de cada um.
O que chamou a atenção de muitos, no entanto, foi a circunstância de os seguranças estarem de terno e gravata. O que de imediato remetia à indagação: quem é a pessoa protegida? Ou seja, a desconhecida magistrada para a totalidade dos que por lá estavam passou a ser conhecida pela ostensiva proteção.
O tempora o mores
Não tardou também por lá chegou outro magistrado, conhecido por todos e inteiramente “desacompanhado”, distribuindo e recebendo sorrisos e abraços.
Alguém observou: – Bons tempos aqueles em que o juiz não precisava de segurança!
E complementaríamos: e se entendia com a comunidade, que o reverenciava, tampouco se dava por impedido de atuar em centenas de processos por guardar mágoa no frízer.
Itororó sai na frente
A terra da famosa carne de sol vive inusitada circunstância à luz da realidade brasileira: tornou-se um “pólo formador de leitores”, tudo motivado pelo livro recentemente lançado pelo prefeito Adroaldo Almeida. É o assunto da cidade em esquinas, bares, igrejas, farmácias, consultórios e, naturalmente, salões de beleza etc.
A polêmica que “discute” o conteúdo da obra – transformando em críticos uma parcela de itororoenses, que descobriu o gosto pela leitura – alimenta, segundo comentários, outro dado: a mais lida no Brasil de hoje.
Não tivesse a obra nenhuma importância literária já teria o condão, altamente positivo, de elevar o número de leitores no âmbito do município. Afinal, ainda que o índice de leitura anual do Brasil tenha saído de 1,8 para 4,7 livros por habitante entre 2000 e 2010 (www.vermelho.org.br/noticia, “Índice de leitura no Brasil cresce mais de 150% em dez anos”, de 27 de fevereiro de 2011), Itororó está em muito superando os indicativos nacionais.
Itororó I
Descobriu-se em Itororó um excelente passatempo e – como diriam os de antigamente – um perfeito “desopilador para o fígado”: ouvir as transmissões da sessão semanal da Câmara Municipal.
Afirmam ser o melhor programa humorístico da radiofonia nacional, tendo gente pensando em gravar para fins de comercialização.
Itororó II
Temas palpitantes têm sido abordados em debates pelos ilustres pares. À guisa de ilustração, um vereador levou à dialetização edilício-itororoense a “página 157” do livro de Adroaldo.
Afirmam os que acompanharam a tertúlia de suas excelências que foi muito proveitoso para o futuro do município.
Tamanha a repercussão que os que convivem e se comunicam com o Além informam: Stanislaw Ponte Preta, a propósito da atuação dos senhores vereadores, pretende lançar uma edição psicografada de seu famoso “Febeapá” apenas se utilizando das pérolas registradas em ata.
Itororó III
A obra tornou-se o frisson no pequeno município que luta para superar as 20 mil almas, que dividiu-se em torno da livro publicado por Adroaldo Almeida, menos por sua dimensão literária e mais pela paixão política. Afinal, é o primeiro prefeito escritor e não deixa de incomodar aos que não dispõem de igual veia poético-contista.
Mas, como natural em instantes tais, algumas línguas ferinas já destacaram no alcaide uma virtude: a de haver introduzido (ops!) na cidade a “literatura de bordel” para contrapor-se àquela teimosa literatura de cordel.
Que maldade!
Mudanças à vista
A tradicional “malhação do judas” tende a não se realizar em Itororó neste sábado de Aleluia, substituída pela “malhação do livro de Adroaldo”, que – dizem – é muito mais interessante.
Pena Branca e Xavantinho
Ainda com o caipira mineiro de Pena Branca e Xavantinho essas duas marcas: “Poeira”, de Luiz Bonan e Serafim C. Gomes e “Cio da Terra”, de Milton Nascimento e Chico Buarque em inigualável e único expressar estético-musical.
Cantinho do ABC da Noite
Imaculada manhã de sábado, sol escaldante ferventando o asfalto, impregnando de suor quem transita o Beco do Fuxico. O ABC da Noite em operação acolhe a freguesia fiel. Conversas variadas vão-se atropelando. Cabôco Alencar, atento e diligente, desdobra-se. Num estalo um tema concentrou maior atenção: a cidade de Itabuna e o amor dos que ali estavam pela terra que os acolhera ou os fizera nascer, o que motiva vaidoso comentário:
– Eu moro aqui há mais de vinte anos! – declara-se romântico aluno.
A verve alencarina não perde a deixa:
– Não tarda completar a pena máxima, Cabôco.
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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum