Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.
Adylson Machado
Opiniões
Enquete de O TROMBONE, aventando a discussão envolvendo a fixação de limites entre Ilhéus e Itabuna, acusava neste domingo 26 o seguinte resultado: 32% achavam que “O problema deve ser discutido sob outro prisma, a exemplo da criação da Região Metropolitana de Ilhéus e Itabuna”; 63%, que “O território de Itabuna deve se estender até o Salobrinho e a UESC” e 3% que “Ilhéus deve cobrar impostos e oferecer a contrapartida dos serviços públicos à população do Nova Califórnia, Vila da Paz e à Churrascaria Los Pampas”.
O povo está pensando assim. Já o representante do povo, Geraldo Simões…
Escárnio
A fila do Bom Preço tornou-se famosa. Não pela circunstância que seria natural, da procura por seus produtos. Mas pelo descaso e escárnio com que trata a clientela regional que o procura.
Na manhã de terça 21, a “famosa” ultrapassava o universo das verduras e alcançava o setor de laticínios. Tudo porque dos cerca de vinte caixas que disponibiliza ONZE não funcionavam.
Começaram a ser ocupados depois que um cliente discursou indignado contra o desrespeito. Assim mesmo enfrentando uma despreparada funcionária que não queria assumir o seu papel e o desafiava a chamar o gerente.
Geraldo
Em entrevista ao AGORA reproduzida neste O TROMBONE Geraldo Simões demonstra descaso e ironia em questão crucial para o futuro das finanças de Itabuna: a dos limites.
Desinteresse tal mais reflete o aprofundamento de seu projeto pessoal: não ficar de mal com Ilhéus.
Sob ponto de vista individual, a postura de GS de ficar em cima do muro não deixa de ser justa: afinal, é proprietário em ambos os municípios.
Em cima do muro
Não assumir defesa expressa em favor de Itabuna é um direito do deputado Geraldo Simões. Afinal, se dependesse só dos votos locais estaria derrotado. O que não pode é dizer que se trata de “briga”.
Erra o Deputado, muito bem votado em Itabuna, ao dizer que “Não dá para ficarmos desperdiçando energia com essas brigas”.
Em primeiro instante é um engano considerar “briga” uma questão que se encontra amparada em lei estadual. Muito menos pelo absurdo que configura os atuais limites entre Ilhéus e Itabuna GS aparenta desconhecimento da realidade histórico geográfica, sem falar-se nas circunstâncias políticas ao tempo da fixação dos limites. Um século não é pouco tempo. A não ser para Geraldo, que talvez imagine vivê-lo com poder.
Lamentável que para Geraldo Simões, que se fez político graças a Itabuna, seja “briga” a redefinição de limites.
Moção
O Rotary Club Itabuna Sul aprovou moção de apoio ao deputado Gilberto Santana, motivada na luta do deputado pela revisão dos limites entre os municípios de Itabuna e Ilhéus, particularmente naquele que concerne ao perímetro urbano de Itabuna.
Seria interessante uma moção do Rotary para o Deputado Geraldo Simões diante de sua posição em relação ao mesmo tema.
Outro prêmio
O ex-presidente Lula recebeu, na última terça 21, o Prémio Food World 2011, em cerimônia no Departamento de Estado norte-americano, em Washington. A iniciativa reconhece e premia os que durante os seus governos executam políticas públicas de combate à fome e à pobreza. www.advivo.com.br de terça.
Essa turma do exterior não se emenda!
Eletrônico
O Conselho Nacional de Justiça assume a luta para unificar em rede o registro e a informação processual no país. O processo eletrônico surge amparado na mítica de que a burocracia processual decorre tão somente do tempo que se perde no vai e vem de papéis entre protocolos, gabinetes e cartórios. Daí a euforia com a possibilidade de redução do tempo na prestação jurisdicional em torno de 70%. A unificação e integração de dados em todo o país seria, assim, o “ovo de colombo” para o Judiciário.
Sem descurarmos da celeridade presente na rede, tampouco deixar de reconhecer a burocracia processual – parte dela desnecessariamente estabelecida em lei – temos que a coisa não é bem assim, ou tão só como a mostram.
Dê ao homem o que é do homem e ao eletrônico…
O que é posto fora da discussão é que a burocracia e a lentidão dos processos muito se encontram em algo que a rede não intervém: o ser humano.
Tem faltado a muitos magistrados – sem falar-se na “preguiça” cartorial, morosa e capenga em muitos servidores – o que poderíamos simplesmente denominar de “método de trabalho”. O que não afasta o bom senso e o pleno conhecimento da realidade processual, o que muitos somente aprendem depois de considerável tempo.
A lição esquecida
Conhecer processo não é o conhecimento da lei processual, mas a dinâmica da realidade processual, que é vivida e aprendida com o efetivo exercício da advocacia, antes de o advogado tornar-se juiz.
Juiz que não advogou tardará – por mais vocacionado que o seja – a dominar o processo. Desconhecendo o seu dia a dia vai buscar na letra fria da lei o que fazer. Desta forma “perde tempo”. Despachos iniciais elementares, como o “CITE-SE” em uma execução, tardam a ser apostos nos autos.
Sem transformar o magistrado não há processo que vá adiante. Não há rede que dinamize.
À guisa de exemplo
Um advogado local, depois da audiência de conciliação no “célere” Juizado de Causas Comuns, onde pretende indenização por danos materiais e morais, acessa diariamente o feito. Concluso está para sentença – há 60 dias.
E não falta ao Judiciário o advogado ofice boy
E não se diga que o Judiciário não tem encontrado apoios externos. O advogado, por exemplo, reconhecido como “indispensável à administração da justiça” (art. 133 da CF) está sendo levado ao pé da letra. Em certos juízos tem até que perfurar o papel (e no lugar certo!), economizando tempo do “ocupadíssimo” funcionário, que está ali só para receber a petição devidamente perfurada e ficar durante a maior parte do tempo conversando e tomando cafezinho.
Boca no mundo I
O Deputado Romário diz que o País gastará 100 bilhões de reais com a Copa de 2014. Se a importância do evento é grande, maior o desperdício.
E nem se fale da “renda” extra, de pelo menos 10%.
Boca no mundo II
A matéria “Dize-me com quem andas, Sérgio Cabral, e todos saberão…”, de Carlos Newton, terça 21, na Tribuna da Imprensa on line, desnuda os meios e a fortuna adquirida pelo governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, transitando por espúria relação com empreiteiros. Diz Carlos Newton que tudo começou quando Cabral, em 1992, “descobriu as famosas ‘sobras de campanha’”.
Carlos Newton está convidado a conhecer políticos baianos!
No tabuleiro I
No vazio para a sucessão mais um aposta na oportunidade: Ubaldo Dantas. Dizemos vazio porque Itabuna torna-se uma constante em duvidar de novos nomes, trabalhando sempre eternos candidatos.
O próprio Ubaldo, louvado pela administração entre 1983-1988 – seis anos contínuos – não mereceu reconhecimento quando tentou retornar, em 1992.
No tabuleiro II
Temos que Ubaldo, ainda que agregue simpatias e apoios, não encontrará no universo eleitoral a resposta que imagina, ainda que o mereça. São tantos anos para a memória de um povo que só tem ou vive a lembrança recente, a mais imediata possível.
Com um detalhe: despertada pelo cheiro do dinheiro. Tanto que, nesse viés, de comunistas a demistas, de petistas a peemedebistas, todos tornaram-se iguais.
Não sabemos, até esse instante, se Ubaldo Dantas tem bala na agulha.
Tratativas
Ah! considerando que Ubaldo hoje se encontra nas hostes do PMDB itabunense, uma perguntinha ingênua: já indagaram a Fernando Gomes o que acha de Ubaldo candidato?
Alimentando a memória: FG em tempos outros nominava UD com uma expressão impublicável para esta coluna.
Para não falar das afinidades entre um e outro.
Na corda bamba
Roberto Gurgel não foi acolhido com flores quando não aproveitou a oportunidade de reconhecer a possibilidade de Palloci ter sua súbita multiplicação dos pães apurada. O mínimo que se esperava do Procurador-Geral da República. Que evidentemente protegeu o então ministro da Casa Civil, quando poderia pelo menos recomendar uma apuração.
Resultado: não o fez. Fê-lo a Presidente Dilma, exonerando Palloci no day after da decisão do Procurador-Geral.
Redenção
Nesse instante, Roberto Gurgel se levanta contra a aprovação da Medida provisória que admite segredo de orçamentos em todos os níveis (federais, estaduais e municipais) desde que envolvam recursos e licitações para obras da Copa e das Olimpíadas.
Justamente uma pretensão – ainda que criticada – do Governo Federal, leia-se Presidente Dilma.
Caso seja reconduzido ao cargo Gurgel demonstrará que tinha razão. Nos dois casos.
Razões
Quando a sociedade quer clareza e transparência sobre documentos que se encontram arquivados sob sigilo absoluto, o Governo, com apoio dos ex-presidentes Sarney e Collor, trilha na contramão da iniciativa.
Afirmam observadores que o problema não são os documentos em si, mas a certeza de que entre eles se encontra a comprovação da participação do militarismo brasileiro na Operação Condor.
A que eliminava líderes latino-americanos hostis aos interesses dos EEUU no chamado Cone Sul.
O temor aí reside
Cá para os nossos botões, descobriríamos, provavelmente, se as mortes de Juscelino e Jango foram “naturais”. Certamente os militares, que os acompanhava de perto, escreveram alguma coisa. E guardaram.
E nem falemos de Rubem Paiva, Stuart Angel…
Itororó
Os festejos juninos na região encontram algumas marcas registradas, disputando entre si qual o que oferece o melhor. Afastado o que criticamos como São João “produção”, que ocupa o “tradição”, o de Itororó apresentou uma decoração bastante sugestiva, vinculando a nordestino-junina alimentada por figuras da xilogravura cordelística a elementos de Michelangelo pintados na Capela Sistina.
Considerando as distantes relações entre si, fica uma ideia originária: pretendeu a organização dos festejos itororoenses um “renascimento” da tradição junina.
Se não entendemos errado!
Buerarema
O “Rastapé Buera” se não tivesse outras virtudes bastaria a de negar peremptoriamente o toque de “arrocha” durante os festejos juninos. Caminho para o “São João tradição”.
Dá para entender?
O Governo do Estado jogou out door em Itabuna anunciando participação nos festejos juninos itabunenses: “O Governo da Bahia e Itabuna…”.
Que festejos cara pálida!
A verdadeira deficiência
Tristes as administrações que se regalam anunciando a doação de uma cadeira de rodas. Fotos, aplausos, declarações ufanistas e quejandos tais apenas traduzem a mediocridade de muitos de nossos gestores.
Ou talvez estejamos enganados: afinal, a cadeira pode ser de ouro incrustado de diamantes e pérolas negras. Um investimento financeiro de peso, que pode ter comprometido a segurança orçamentária de um município qualquer
Milton Santos
Na sexta 24 completaram-se 10 anos da morte de Milton Santos, o ilustre geógrafo nascido em Brotas de Macaúbas. O registro é para lembrar a existência de um dos maiores pensadores brasileiros de todos os tempos.
E tão desconhecido em nosso meio.
Crime político
Com o título “O primeiro blogueiro brasileiro assassinado” o www.advivo.com.br de sexta 24 noticia a morte de Ednaldo Figueira, na quinta 22.
Como o blogueiro também era presidente do PT e com ele vivia às turras o prefeito de Serra do Mel (RN), do PSDB, temos que o título deveria mais se reportar a um crime político. A circunstância de ser blogueiro é um detalhe.
A blogosfera em nível internacional destacou o fato, sinalizando para as circunstâncias das denúncias do blog contra a corrupção na prefeitura.
O que todos sabiam
O STF definiu, na lavra do Ministro Joaquim Barbosa: PC e a namorada Suzana Marcolino foram assassinados. Derrubada a tese de crime passional – defendida pela VEJA com apoio em um laudo pericial fabricado, subscrito por Badan Palhares e contestada pela ISTOÉ. Vão a júri os seguranças do ex homem forte de Collor, assassinado pouco antes de prestar depoimento a uma CPI que apurava a relação de empreiteiras com o Palácio do Planalto.
Ainda que não fosse levada em conta a Ética que submete todos os profissionais em todas as profissões o que acontecerá com Badan Palhares?
Lembrando Raul
24 de junho é o Dia mundial do Disco Voador, a festa dos ufólogos do planeta. A data tem como referência a primeira e reconhecida aparição de um objeto voador não identificado, ocorrida nos EEUU em 1947, observação de Keneth Arnold envolvendo nove objetos coloridos em torno do avião que pilotava.
Tema que inspirou Raul Seixas.
Digna de José Simão
Se este é um “país da piada pronta”, como o diz Simão, essa de que não é do príncipe dos sociólogos o filho de Mírian Dutra (jornalista da Globo que andou asilada por anos em Barcelona para esconder a paternidade ilustre), passa a se constituir o píncaro da anedota. Detalhes em www.advivo.com.br (O filho de Mírian Dutra).
FHC teria reconhecido o filho em um cartório de Madri, em 2009. O teste desperta indagações como saber-se se a postura de FHC tem caráter humanístico, de afirmação machista ou de senilidade.
De qualquer forma, Freud explica!
Exemplo
Enquanto nesta nação grapiúna projetos culturais dizem respeito apenas à vaidade pessoal de dirigentes, cabe confirmar o que temos em mãos: a “Agenda 2011 – Por Uma Educação de Qualidade Social: relevante, pertinente e equitativa”, da Secretaria de Educação, Cultura e Desportos da Prefeitura de Buerarema.
Inserindo textos que resgatam a história da cultura local, o que inclui a famosa Feira de Arte, mantém viva a memória de Macuco.
Ah! Gilmar
Qual o alcance pretendido pelo Ministro Gilmar Mendes ao entender que o pleito de funcionários da Vale de receberem mais que os trinta dias de aviso prévio? A proporcionalidade ao tempo de serviço aventada não encontra uma regra jurídica definida. Não há lei que o estabeleça.
Legislação pura e simples do STF sob o crivo do homem de Daniel Dantas no STF.
Com Gilmar Mendes para que Congresso?
Estranha coincidência
Hakers a partir da Itália (não podemos afirmá-los italianos) invadem computadores do Governo, da Presidência a Receita Federal, da Petrobrás ao IBGE.
Queremos imaginar que não seja retaliação a não extradição de Battisti.
Cocal das Neves
A cidade piauiense detém a proeza de conquistar quatro das cinco medalhas de ouro (sem falar em uma de prata e outra de bronze) na 6ª Olimpíada Nacional de Matemática de 2010.
Resgate
No sábado 25 apresentaram-se na Praça Otávio Mangabeira, no espaço oferecido pelo Município, através da FICC, o Bumba Meu Boi e Burrinha e a quadrilha Pé de Couro. Ambos da Colônia de Una.
Enquanto por lá resgatam a cultura aqui exibida por cá resgate só do nome do dirigente, citado à exaustão como administrador da FICC.
Uma administração que, em dois anos e meio, não consegue resgatar as tradições culturais de Itabuna, como os “reisados” de Ferradas, Cerrado e Itamaracá.
Escândalo
Nada divulgado sobre o andamento de apurações – se houver – do escândalo denunciado neste O TROMBONE envolvendo a FICC. Daquele edital não publicado que visava privilegiar pessoa previamente escolhida para receber mensalmente 1.500 reais enquanto os demais “agradeceriam” 650 reais.
Hermeto
Marcou época sua passagem pelos EEUU nos anos 70, ao lado de Airto Moreira, Flora Purim, Ron Carter, Wayne Shorty, Herbie Hancock. No dia 22 o multiinstrumentista Hermeto Pascoal completou 75 anos.
Sua produção traduz uma das mais profundas expressões da musicalidade brasileira, transitando do atávico nordestino ao choro. Em tempos juninos ouvi-lo é lembrar que temos cultura viva, profícua, de qualidade.
Falta-nos, infelizmente, que isso seja compreendido. Caso contrário, não teríamos Luan Santana como “atração” no São João baiano.
Aqui, “São Jorge”.
Cantinho do ABC da Noite
Último reduto de encontro da boemia grapiúna, o ABC da Noite aviva lembranças de antigos fregueses, de casos vivenciados, da história celebrada nos muitos dias de sua existência. A anterior atividade do ponto (açougue) motiva, às vezes, uma indagação:
– Por que mudou, Cabôco?
– Não mudei de ramo, Cabôco – explica – antes eu vendia carne de porco e agora vendo cachaça. E conclui:
– Mas o espírito de porco permanece.
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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum