AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

                                                                              

Existindo…

No próximo dia 21 este DE RODAPÉS E DE ACHADOS completa um ano de existência neste aguerrido O TROMBONE. Naquela oportunidade situávamo-nos no rodapear e no achar por entender que descobríamos um filão não tão explorado, tanto que nosso “editorial”, curto e grosso/objetivo, expressava a inspiração/motivo, a razão e a filosofia do espaço: “No correr destes dias alguns fatos trazidos a lume dispensam comentário mais apurado. Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além”.

… e lembrando

rodaDestacamos na semana de estreia: Ederivaldo “Bené” Benedito impedido de exercer a atividade jornalística no Hospital de Base, quando gravava programa para a TVI, o que justificou o rodapé “Rabo preso”. Estranhamos “Polícia prendendo polícia”, e acompanhamos a inauguração em Itabuna do comitê político de Lídice e Pinheiro em “Quem tem os olhos fundos começa a chorar mais cedo”, aventando no rodapear a possibilidade do então imbatível César Borges tornar-se “cavalo paraguaio” na corrida para o Senado.

Para a posteridade aquela foto (rep. à esq.) franciscana do secretário Jorge Solla, “reunido em Itaici” quando discutia por estas bandas a situação do HBLEM.

Pontuamos a pérola de Eduardo Anunciação “Dilma Rousseff, subindo a serra” e aquela “briga de foice no escuro” que vitimava a porta da sala da presidência da Câmara Municipal de Itabuna, em “Porta pede proteção”.

Não há de puxar brasa para nossa sardinha, mas reler DE RODAPÉS E DE ACHADOS pode avivar a memória recente.

Vencer com quem cara-pálida?

A sucessão municipal em Ilhéus e Itabuna em muito interessa ao Governador Jaques Wagner, que pretende vencer nos dois municípios – nos diz confiável interlocutor petista. Como os tempos da esquerda são outros, e a considerar que o próprio governador pretende renunciar a uma candidatura a senador em 2014 para fazer valer os acordos celebrados com os aliados que conquistou (leia-se, carlismo adesista), não sabemos se o real significado da expressão “vencer” diz respeito a sê-lo com o PT.

Como ganhar com o “carlismo” parece ser o conceito de Wagner, não à toa Geraldo Simões se torna um “autêntico” do PT contemporâneo, ao trilhar os “caminhos de Compostela” que o levam ao santuário Fernando Gomes.

Cooperação

A propósito de rodapé publicado na edição passada (Cooperação) dando conta de um informe publicitário da EMASA na página 6 da edição do Diário Bahia de terça 26 “Aditivo de Contratos”, de 12 contratos de locação de veículos celebrados com a Cooperativa Regional dos Proprietários de Veículos Alugados, que não apresentavam nenhuma referência a valores, a empresa corrigiu a omissão.

Na próxima edição debulharemos os valores. Ainda que permaneçam em nós as dúvidas sobre a singular cooperação.

Lição

Para Artur Bernardes, quem exerce poder não vende nada, não compra nada, não aceita nada. Não se compra nada, porque querem cobrar menos do que vale. Não se vende nada, porque querem pagar mais. Não se aceita nada por razões óbvias.

Os políticos da atualidade, em quase a totalidade, tornaram-se “caixeiros” dos balcões de negócios. E muita gente boa gostando. Apartamentos milionários, “presenteados” naquela forma de comprar excusada por Bernardes.

Pesquisa interessante

Para nossos leitores/observadores recomendamos uma boa atividade: comparar as posses de políticos próximos para averiguar, a partir da sua evolução patrimonial, quem lê na cartilha de Artur Bernardes.

Para eles (políticos) destinaremos o prêmio “nem tudo está perdido”.

Antecipamos

Como havíamos dito, o PSD em Itororó estava em mãos de Edineu Oliveira. Através de Gilton Alves, nome mais leve e sem problemas na Justiça.

Tudo sinalizado neste espaço em “Itororó” e “Paulo Magalhães e o PSD”, de 29 de maio e 12 de junho.

Jobim: uma página virada

jobimO desafio de Nelson Jobim nos remete apenas a duas conclusões: insensatez ou Quixote de uma ala que enfrenta o governo sem argumentos que convençam a população. Jogando para a imprensa comprometida com as elites o ex Ministro da Defesa pavimentou os últimos trechos de sua estrada no desrespeito a quem o escolhera para assessor. Covarde se tornou – se não concordava com o que vivia – ao não pedir exoneração, permanecendo nele como um vil quinta-coluna, ou, em expressão mais amena, um “infiltrado”.

Se a sua biografia já se fizera manchada por haver manipulado a Carta da República quando de sua elaboração – ao inserir no texto o que não fora discutido para beneficiar o sistema financeiro – e não bastasse a saída não tão honrosa da Suprema Corte do país, investe no papel de jacobino a serviço da direita.

Enem

A matéria de Roger Sarmento para a TV Santa Cruz a propósito da adoção da avaliação do ENEM para 50% das vagas da UESC, deixou lições. De alguns, na defesa pura e simples de interesses, vinculados às escolas privadas, que têm o vestibular como instrumento de faturamento comercial. Que fazem transparecer a idéia de que o aluno de certos cursinhos tem vaga garantida na universidade.

De outros, a ausência de conhecimento da matéria, mais reproduzindo os interesses de uma elite à qual não interessa que os menos favorecidos tenham acesso à graduação. É a turma do contra – o ENEM, o PROUNI, as cotas etc.

Opiniões como a de que o número de vagas se reduziria para a região só para quem desconhece a realidade uesquiana, para onde acorrem alunos de todo o país (já tivemos, particularmente, alunos de Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais etc.).

Muito triste foi ouvir de alunos das escolas públicas revelações como a de que o sistema não interessava, porque a “pública” de outros estados levaria a melhor sobre a baiana.

Lucidez

Dentre os entrevistados das escolas privadas, a lucidez do professor Edmundo Dourado fez refletir a realidade. Disse o professor que até o momento de pleno aproveitamento do exame do ENEM as escolas terão que se adaptar ao novo processo, o que significa, inclusive, reordenar o atual projeto pedagógico – que está voltado, como sabemos, para preparar máquinas para o funil do vestibular.

Lúcido!

Leituras para a moralidade baiana

A propósito dos rodapés “Haikai I” e “Haikai II”, “Estranha Moralização” e “Por essas e outras…” (DE RODAPÉS E DE ACHADOS de 24 de julho), quando denunciamos a esdrúxula atuação do Estado da Bahia quanto à participação de servidores em projetos culturais custeados pelo governo, remetidos ao limbo da expressão das idéias ao serem impedidos de participar de eventos tais, recebemos de Gustavo Felicíssimo (autor de projeto) a seguinte observação, que a se materializar, demonstra que a “moralização” pretendida não envolve parentes de políticos da base do governo:

“Adylson, a sensação de ganhar, depois de passar por duas diligências e não levar é frustrante. A impressão que tenho é que fomos sabotados pela FPC, pois os sócios da P55, editora concorrente que também teve seu projeto aprovado é de propriedade de filhos de Claudius Portugal, servidor público, irmão de Alice Portugal. Esses aí, com certeza, receberão o valor do edital”.

Trocando em miúdos: “aos parentes até segundo grau, bem como cônjuges e companheiros…” de servidores (Lei Estadual 9.431/2005, art. 14, IV e § 1º) tudo é negado; aos de políticos tudo é permitido.

Com a palavra, para as devidas explicações, a Fundação Pedro Calmon. Na letra fria da lei moral.

Golpe

Não pode ser posto em dúvida que Geraldo busca apoios em todas as vertentes. Seguindo a atual cartilha do PT (que o diga o Governador Wagner que admite romper com uma tradição – governador candidato a senador – para não faltar aos compromissos) GS não incorre em “infidelidade”. Mas tão somente envereda como aprendiz de diretor de um filme de terror antes inimaginável. Mas, como à produção cinematográfica, o que interessa é a bilheteria.

Assim, ao não anunciar ou mesmo insinuar a retomada das obras do Centro de Convenções, o governador coloca na geladeira um trunfo de Geraldo Simões para cooptar Fernando Gomes.

No fundo, no fundo, por incrível que pareça, a continuidade das obras do Centro de Convenções passa por Geraldo Simões.

Se sair candidato a prefeito.

“À espera de um milagre”

frankComo compensação, vislumbra o deputado, pelo menos conseguir dissidentes de Fernando para compensar os do PT que bandearam de sua orientação. A eleição de 2010 não sinalizou a possibilidade. Mas, como todo santo ajuda, quem sabe o milagre ocorreria?

Na dúvida trará o diretor francês Frank Darabont, do grande “The Green mile” (1999), para coordenar a campanha.

Cartas na mesa I

Geraldo afirma que Juçara é a candidata do PT para 2012. Óbvio que a peremptória afirmação contraria uma gama de vertentes, do Governador a escalões do PT local. Sabe ele que tem plena liberdade para decidir pela candidatura da esposa. Sabe-o também que não encontrará uma resposta de apoios como a que ele candidato encabeçaria.

No momento em que escrevemos tem consciência de que não encontrará respaldo de alguns tradicionais aliados em campanhas passadas. Como o tem de que alguns destes aliados desejam esfolar sua base que escasseia no âmbito de cargos, por ele antes inteiramente dominada em postos-chave.

Cartas na mesa II

Sabe, por fim, Geraldo Simões que a cartada que joga pode ser decisiva para seu futuro político, com repercussões bastante distintas daquela que pôs na mesa no processo de reeleição.

Ainda que tributemos sua derrota em 2004 à fraude eleitoral e à grande contribuição do “PT do tapetão” – um especial fogo amigo – naquela oportunidade GS se via acossado por muitos dos aliados de 2000, alguns dos quais se desvencilhara para não sucumbir à exigências que entendia descabidas e altamente pretensiosas.

Jogou e perdeu. Mas isso não impediu de alçar vôos a partir da CODEBA e da Secretaria de Agricultura. Hoje não tem CODEBA nem SEAGRI.

Só a sua ousadia. Ou, teimosia.

Privilegiado

Fernando Gomes, na arquibancada da sucessão, assiste o desenrolar dos fatos. Cômoda circunstância de procurado, paparicado, de peça que pode decidir os rumos em 2012.

Observado atentamente por correligionários e adversários, pode assumir candidatura, que afetaria diretamente a reeleição de Azevedo e abrir caminho para a eleição de Juçara. Este o objetivo secundário – não tão secundário assim – de Geraldo Simões ao ensaiar aproximação com o arquiinimigo.

Ao não anunciar a continuidade das obras do Centro de Convenções Wagner sela a sorte de Geraldo naquilo que prometera a Fernando. Esta a única moeda de que dispunha GS: atender aos interesses de FG.

Quando nada a aliança possibilitaria a Fernando assumir posição de indiferença no processo, deixando-se ficar em Vitória da Conquista e liberando aliados estratégicos para trabalhar em favor dos interesses de Geraldo.

Reação

Aliados, no entanto, estrilaram. Sabendo que poderiam não encontrar espaço com Geraldo. Foram ajudados por Wagner, até agora. Que pode mudar de idéia, caso GS assuma a candidatura. Quando não lavará as mãos.

Geraldo vai ter que buscar o “compadre” Lula.

Ubaldo

Justificadamente empolgado (o “melhores dias virão” daquele outdoor fala mais que qualquer rodapear), Ubaldo Dantas se faz no páreo tantas eleições depois, como nome para encabeçar a majoritária local. Mas, tudo depende de Geddel Vieira Lima. Que o tem, provavelmente, como a segunda opção.

Para Geddel, a primeira é Fernando Gomes(?), de quem diz ter ressentimentos.

Uma aliança com um outro nome pode ser a melhor opção. Ubaldo como vice(?) Com chances de vitória.

Itororó

Considerando o amor que tem pelo torrão natal vinculamos Nando Luz à terra da carne de sol, em que pese o texto a ele se referir. Trata-se de um dedicado e estudioso da música, aliado de nomes como Toni Garrido, Chico César e Jorge Mautner, que diz dele: “A música de Nando Luz irradia a beleza característica de sua terra natal que é a Bahia. O som vai fluindo pelo ar e é uma mistura de ritmos, feitiços, encantamentos e doçuras fabricados pela sua alquimia interior. São várias paisagens feitas de música, de emoção, de poesia e a sensação que se tem ao ouvi-las é querer mais, muito mais“. Melhor amostra do seu trabalho não pode existir.

No momento se apresenta pelo Brasil com “Madonna mudaria minha vida”, e seu próximo trabalho já tem nome: “Mautnerianas”, com canções de Jorge Mautner, a partir de novembro.

Itororó

Em que pese contratar duplas sertanejas e quejandos que nada têm a ver com a realidade junina e abrir espaço para as mais estranhas apresentações em tempo de Festsol, Itororó não lembra de seu filho Nando Luz.

Uma tristeza.

Dois momentos de um ícone

Ney Matogrosso completou 70 anos no primeiro de agosto. Trazemos “O vira”, para nós a melhor marca de Ney no plano da tessitura vocal, e um duo com Ângela Maria, em Babalu.

Cantinho do ABC da Noite

cabocoZélia Lessa, a dedicada mestra de tantas gerações, voz e destino do Coral Cantores de Orfeu, recebia as homenagens de expressões diversas na manhã abecedarina, quando o cliente lembrou:

– O Coral já completou 56 anos.

Cabôco não dispensou a oportunidade:

– Aí não é mais coral, Cabôco, mas cascavel. E explicou:

– Tá contando os anos pelos anéis do chocalho.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum