AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

                                                                              

Cheiro estranho no mar I

O vazamento de óleo na Bacia de Campos (Luís Nassif Online no www.advivo.com.br de terça 15), mais precisamente no campo de Frade, explorado pela americana Chevron (a mesma do desastre no golfo do México), levanta em nós uma suspeita: boicote. O motivo estaria na tentativa do capital estrangeiro, na leitura estadunidense, de exigir a ampliação de sua participação na extração do pré-sal.

Cheiro estranho no mar II

No mesmo sítio, na terça 15: “Governo americano quer mais participação na extração de petróleo”.  O Brasil, através da Agência Nacional de Petróleo-ANP, exige participação do denominado “conteúdo local” para as empresas que extraem óleo, que hoje faz com que a participação da indústria nacional supere os 65% do fornecimento de máquinas e equipamentos para quem perfura no país.

O governo dos EEUU anda questionando as exigências, consideradas “excessivas” e que “podem impedir a exploração eficiente de óleo e gás e eventualmente reduzir a capacidade para extração segura”, como se expressou Roberta Jacobson, atual secretária-assistente de Estado para o hemisfério ocidental – nada mais que o mais graduado posto diplomático dos EUA para a região – o que, para ela, prejudica empresas americanas.

Tem truta nesse angu!

Cheiro estranho no mar III

Não bastasse o petróleo querem também participação nas obras de engenharia para as obras da Copa e das Olimpíadas.

Quando havia governo favorável aos seus ideais (PSDB/PFL) não havia preocupação. As privatizações eram caminho seguro. O FMI dava a ordem. Plataformas de petróleo eram produzidas em Cingapura.

Hoje as coisas não andam tão a contento.

Não à toa a IV Frota foi reativada. Para atuar no Atlântico Sul, área de influência do Brasil. Onde está a riqueza do pré-sal sob exploração brasileira.

E podem chamar a isso de paranóia do escriba. Mas, pode ser premonição.

Estado lamentável I

O tema está se tornando recorrente: ocupação de morro carioca para implantação de UPPs. A mais recente – a da Rocinha – com direito a transmissão de TV ao vivo em rede nacional. Bandeiras hasteadas para coroar a “retomada”, como se houvessem conquistado território estrangeiro.

Ainda que não insistamos em provocar a razão por que da “ocupação” – afinal a resposta é natural, visto que o Estado havia perdido a batalha para o tráfico (e não sabemos se a retirada não é estratégica) – há uma pergunta no ar depois de materializadas ao vivo algumas evidências, a partir da “contribuição” de membros do aparato estatal na proteção a ilustres cidadãos de ficha corrida nada ilibada.

Estado lamentável II

Um questionamento permanece, considerando que nada neste mundo ocorre gratuitamente: a quem interessa a fragilidade do Estado na segurança pública.

Todos sabemos que a presença ostensiva da polícia militar nas ruas inibe o bandido. E a investigação competente – ainda que desaparelhada – da inteligência da polícia civil contribui para desvendar crimes.

Para quem pretenda descobrir: a resposta está na composição societária, ainda que amparada em laranjas, das empresas voltadas para a segurança privada.

Se forem integradas de militares ou ex-militares (de todas as armas) talvez seja mera coincidência.

Se…

oabA OAB de Itabuna denunciou junto ao MPE a existência de “propaganda eleitoral antecipada” no município de Itabuna. A louvável iniciativa está mais do que provada, tantas as faixas de “agradecimento” por esta ou aquela ação política espalhadas pela cidade, de partidos a pré-candidatos a vereador.

Chamou-nos a atenção, no entanto, a foto que registra a entrega da denúncia: todos olhando para a câmera. Não fora a inteira ausência de espontaneidade, dá para imaginar que todos ali querem ser vinculados ao fato.

E ficamos cá com nossos botões: e se alguém dali resolver se candidatar (a qualquer coisa), não estaria também fazendo uma propaganda antecipada?

Zero à esquerda

É como pode ser denominada a importância de certos dirigentes partidários locais. Se a “democracia partidária” impõe a vontade das executivas estadual e nacional, em Itabuna alguns dirigentes parecem desconhecer a realidade.

E andam anunciando candidaturas para 2012. Que não tardam em ser desmentidas

Cultura I

Um evento anunciado para acontecer em Ferradas no dia 30 de novembro talvez não tenha ainda repercutido nem mesmo naquela comunidade. No entanto, já movimentou até a administração municipal, tida como inoperante no conceito geral.

O XI Mercado Cultural, evento de repercussão internacional, acontecerá pela primeira vez na terra de Jorge Amado, trazido pelo produtor Ari Rodrigues.

Para corresponder ao projeto cultural, parceria da ACATE com a ACCODEC, Ferradas está recebendo atenção da administração do município.

Cultura II

Na outra ponta da corda, tem gente que imagina estar fazendo pela área cultural quando amplia o álbum pessoal de fotografias ao lado de famosos.

Tempos mornos

Em “tempos mornos”, a entrevista concedida por Geraldo Simões ao Alô Cidade, da TVI, sábado 19, bem ao estilo “deixa falar”, tornou-se palanque do deputado, que a ele deve voltar outras vezes.

Quando GS voltou a defender uma ampla aliança para combater o desastre da administração atual perdeu a bancada entrevistadora ótima oportunidade de indagar a razão por que da insistência no nome de Juçara Feitosa para encabeçar a chapa de oposição.

Como precisa de tantos outros partidos para formar este leque de alianças e diz não pretender ser o candidato – porque a “escolha do partido” foi de mantê-lo em Brasília e de definir a esposa como candidata a prefeita em 2012 – não foi provocado a se expressar diante do que muitos consideram como vontade única, a sua, de caráter mais individual e menos partidário.

Do absolutismo à dinastia I

absolutA fala de GS, sob esse prisma, sabendo-se que quem manda no PT em Itabuna é ele, reforça o que é público e notório: o PT local é Geraldo Simões e sai candidato somente quem ele quiser.

Assim, o expresso na entrevista por GS (decisão do partido para sua permanência na Câmara e de Juçara como candidata) fica muito mais para o estilo Luís XIV, como se, no início do terceiro milênio d.C., estivesse ele em pleno século XVII a afirmar: ‘Le PT c’est moi’ – o PT sou eu.

Poderia, durante a entrevista, se provocado, explicar o que o leva a prejudicar uma composição – que entende como necessária e fundamental – por se aferrar ao nome da esposa. (Não é caso de analisar a competência ou não de Juçara para o exercício do cargo, mas sim as nuances e desdobramentos político-eleitorais que sua indicação exige).

Assim, se a decisão do partido é de que permaneça como deputado federal por que não formar uma aliança tendo como cabeça de chapa um nome do PSB, do PCdoB, do PDT, do PMDB etc.?

Do absolutismo à dinastia II

Luís XIV, o “Rei-Sol” (1661-1715), foi a expressão clássica do absolutismo monárquico – “L’état c’est moi” (O estado sou eu) – confundindo a França com a sua existência governante.

Como vivemos numa democracia, ainda que tal não ocorra em nível partidário (que o diga o PSDB local), restaria a Geraldo Simões ser definido – diante de sua insistência em admitir alianças só em torno dele ou de indicação sua – como cabeça de uma nova dinastia à brasileira (outras há Brasil afora).

Defendendo o Governo Wagner

Indagado sobre o pouco que o Governo Estadual tem realizado em Itabuna, diante do prometido pelo governador durante a campanha, destacou a duplicação da BR-415 do viaduto Paulo Souto a Ferradas, como projeto já concluído, faltando apenas as licenças ambientais para que venham a ser realizadas as audiências públicas que viabilizariam as obras para ele (GS) mais importantes: a duplicação da Jorge Amado e a barragem do Colônia.

Alfinetando o Governo Wagner

De interessante e de certa forma instigante foi sua afirmação de que cobrará de Jacques Wagner – para que possam ser iniciadas a duplicação da Ilhéus-Itabuna e a construção da barragem no rio Colônia em Itapé-Itaju – o mesmo empenho que o governador teve junto aos órgãos ambientais para a liberação do Porto Sul.

Se não fazemos leitura errônea, Geraldo Simões deixou no ar uma dúvida: o governador Jacques Wagner não apresenta o mesmo interesse diante destas duas obras como o que exerceu em relação ao Porto Sul. Tanto que, assim sinalizou o deputado, bastaram apenas quatro meses entre a inviabilização do projeto na Ponta da Tulha e sua definição em Aritaguá, em razão do efetivo empenho do Governador, para que as audiências públicas para o Porto Sul fossem realizadas.

Lavando as mãos?

Para Geraldo o início dessas obras ajudará a campanha petista em Itabuna, que deixaria de falar sobre expectativas e promessas e se referiria ao que efetivamente já estaria acontecendo.

Sob esse ângulo poderia se especular, a partir da “cobrança” que fará ao Governador, que Jacques Wagner não estaria tão interessado na campanha de Juçara.

Ou seja, se o Governador da Bahia não demonstra tanto empenho na liberação das correspondentes licenças ambientais pode significar desinteresse no resultado favorável ao PT em Itabuna.

Ou que, simplesmente, lavou as mãos.

Se o dinheiro chegar!

“Itabuna terá mais 38 milhões para urbanização e saneamento” é o título de matéria no Diário Bahia de quinta 17, para registrar o contrato assinado pelo Ministro Mário Negromonte, do Ministério das Cidades, no dia 11 de novembro, durante estada para inaugurar comitê partidário.

Para os adversários, caso chegue o dinheiro, o melhor politicamente para o pleito de 2012 é que Azevedo não aplique o dinheiro.

Se aplicar!

Leituras

“Pelo Telefone” (Donga-Mário de Almeida), tido para muitos como, oficialmente, o “primeiro samba”, gravado em 1916 por Bahiano. Antes dele, entre outros, “Urubu Malandro” (Autor desconhecido – certamente por ser tema de improviso em “umbigadas”) registrado Samba do Urubu, como “dança característica”, gravado em 1914, típico lundu tradicional – com andamento acelerado – que ao lado do maxixe se espraia na variação que vem a ser reconhecida como formadora do samba.

Por trás de tudo a Casa Édison, pioneira em gravação mecânica no Brasil (que chegou a ser o terceiro no mundo em volume de gravações) e que vem, a partir da gravação elétrica, assumir a distribuição da Odeon.

Nos registros que hoje oferecemos, “Pelo Telefone” (anunciado na gravação original como “marcha carnavalesca”) e “Urubu Malandro”, aqui não tão samba, não tão maxixe, não tão lundu, no registro estilizado de Ney Matogrosso, para uma versão de Louro (arranjador na gravação original) e Braguinha.

Cantinho do ABC da Noite

cabocoO alunado discorria sobre pássaros e seus cantos. Um deles, considerando o hábito de muitos em tê-los em casa para ouvi-los encantados, lembrou de um em particular:

– Não sei qual a graça e a utilidade é de se criar araponga! – comentou.

– Incomodar o vizinho, Cabôco – alfinetou Alencar, disparando o gargalhar.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum