Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.
Adylson Machado
Baiano se antecipou a NASA
Embalado na provocação “Não estamos sós no Universo” (O TROMBONE, de 25 de setembro), comentamos que “O irreverente baiano de Irará – Tom Zé – já antecipara em capa de um LP a agora inusitada revelação da NASA. Com um detalhe: fotografara o dito cujo ao vivo, abrindo nova discussão estética para uma extasiada crítica que desconhecia o fotografado sob aquele prisma. Um outro Universo”.
Tom Zé – para nós o mais precioso dos autores do Tropicalismo, pela marcante engenharia melódica e contribuição estética àquele código – imaginou, em anárquica proposta, para “Todos os Olhos” (1973, pela Continental), capa que despertou os olhares da crítica, que “descobriu” o que não via, quando o visto estava em cada um. Apenas uma bola de gude pode ter causado o frisson, fundiu os imaginários.
Do premiado trabalho, a faixa Cademar (Tom Zé /Augusto de Campos) traduz em concreto texto a influência que marcou a turma (confira no vídeo abaixo performance em show em Curitiba -PR – em 2007). Não à toa, além de Augusto, Décio Pignatari e Rogério Duprat se envolvem no projeto, que contou com participação de Heraldo do Monte.
Dizem, no entanto, que o embaixo é mais em cima. E a foto de Todos os Olhos enganou Tom Zé até pouco tempo.
Debates I
O modelo, comum a todas emissoras, esgota o eleitor/telespectador. Ainda que a Globo (com apoio da CBF) tenha transferido para o mesmo horário do debate a decisão da Libertadores, fato que influiu na audiência, o da Bandeirantes, primeiro da série, talvez tenha sido o mais interessante. Os demais, a mesma monotonia e chatice, limitando conclusões e respostas.
Aos candidatos e suas respostas elaboradas falta a competência do improviso. Para idéias e projetos de governo, uma repetição chocha do horário eleitoral.
Melhor um debate único, em rede nacional. Como está é um desestímulo.
Debates II
Não se viu ninguém provocar Dilma para falar sobre o lucro dos bancos ou Serra para defender as privatizações do governo FHC (suas falas mais demonstravam ter sido ele o presidente, tanto o “eu fiz” – o genérico, o FAT, o bolsa remédio, o combate a AIDS), tampouco Marina para tratar do polêmico asfaltamento (para os ecologistas) da rodovia Manaus-PortoVelho ou Plínio para propor superação à experiência socialista, que até Fidel Castro reconhece que não serviria a Cuba no atual contexto histórico.
Contribuição valiosa
Evidente a contribuição do “Pimenta na Muqueca” para esclarecimento da verdade, ao editar imagem e áudio de trecho da entrevista de José Dirceu, em Salvador, que se tornou cavalo de batalha na grande imprensa, comentada em vários níveis – de jornais a revistas, de Jornal Nacional a CQC – afirmando haver o ex-ministro da Casa Civil declamado a existência de “excesso de liberdade” na imprensa brasileira.
Não se vê tal afirmativa. Ao contrário, a defesa da liberdade de imprensa. No entanto, a não-verdade tornou-se axioma na mídia.
Representação política lá e cá
A “onda verde” insinua renovação na política nacional, demonstra-o a candidata Marina Silva. Não custa o eleitor conferir, no balaio de gatos chamado partidos políticos, o que representa o Verde em si mesmo por esse Brasil a fora, analisando a renovação por suas expressões locais.
Começando por Itabuna!
Reprise ontem e hoje
A chamada esquerda não consegue escapar da bem engendrada campanha de uma parcela da grande imprensa, que a utiliza como espingarda de Satanás (encômios para minha avó Tormeza), o que não é novo: o Partidão (PCB) desancava, em 1954, Getúlio, como entreguista, enquanto Lacerda e a UDN chamavam-no de comunista. Depois do suicídio, empastelados pelo povo indignado A Voz Operária e a Tribuna da Imprensa, os jornais de cada um.
Ninguém pede renuncia a princípios e convicções. Mas, não esquecer que Heloísa não saía da mídia enquanto flagelava o Governo e o PT, somando com sua credibilidade a ação da direita.
Espera-se, hoje, que pelo menos Alagoas se lembre da combativa Heloísa para o Senado.
Academia I
Itabuna cometia um descaso com a cultura grapiuna, que detém nomes nacionais, não dispondo de uma academia que os imortalizasse no seio de suas origens. Ilhéus vive a sua há décadas.
Com regozijo vemos anunciada (DIARIO BAHIA, 28/set., Em Cartaz, 29/set) a criação da Academia Grapiúna de Letras, “cujo patrono será o falecido escritor Jorge Amado” (necrológio para o imortal JA), idéia louvável e oportuna que envolve a Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania-FICC.
Academia II
Esquisito que o anúncio do projeto não tenha o seu presidente, o escritor Cyro de Mattos, como o porta-voz, e sim Fred Domingos da Silva, diretor administrativo da FICC – que não sabemos quem seja no âmbito da FICC, além de diretor administrativo. Se a idéia não nasce dele o que ali faz o escritor Cyro de Mattos, que não serve nem para anunciar projeto de tal magnitude?
Ou Cyro não é Cyro?
A conta-gotas
Transparência nos gastos de cada gabinete da Câmara de Itabuna. Leia-se, o que consome cada vereador. Obviamente, valores variáveis, conforme o “clero” deste ou daquele edil.
Primeiramente serão divulgados – como natural às coisas nebulosas – os gastos do vereador X, do Y, preferencialmente opositores etc. Só para ver as reações. Depois…
Ah! Depois é depois!
“Tem coisa!”, uma peça em 3 atos
Ato I
Nota da Assessoria do Deputado Félix Mendonça (O TROMBONE, 30 set) divulga o tombamento do casarão do Coronel Tertuliano Guedes de Pinho pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que sediará o Museu de Itabuna. Uma conquista valiosa, com todos os méritos para o Deputado.
Nenhuma referência a FICC e ao seu Presidente Cyro de Mattos.
Ato II
Site da FICC, 2 de outubro: nenhuma referência ao tombamento. Entretanto, há registro de Cyro de Mattos com dirigente do IPHAN, fotografados em frente ao casarão – concluído em meados da década de 20 do século passado – e um outro transcrevendo discurso do Deputado Félix na tribuna da Câmara Federal em defesa do tombamento.
Ato III
Matéria do blog Amigão10, deste 1º de outubro: “Ficc confirma tombamento do casarão da Bananeira pelo Iphan”, com foto idêntica a publicada no sítio da FICC e conclui: “O Presidente da Fundação de Cultura e Cidadania, Cyro de Mattos, disse que sempre esteve confiante de que mais cedo ou mais tarde os órgãos financiadores da cultura teriam um olhar especial para o projeto de que irá transformar o casarão centro histórico da cultura grapiúna”.
Cyro de Mattos (o texto entre aspas não deixa dúvidas) não faz nenhuma referência ao Deputado Félix Mendonça, muito menos ao Prefeito Nilton Azevedo, que subscreveu o pedido junto ao órgão federal.
Tem coisa!
Novos tempos
Tempos houve que a práxis da filosofia maçônica se expressava pela silenciosa atuação: conhecia-se resultados, nunca os atores/benfeitores. Assim, marcaram os obreiros presença na história ocidental. No Brasil, para orgulho de todos brasileiros, muito representou para a Independência a intervenção da Maçonaria.
Mas, ou os tempos mudaram ou o trabalho silencioso perdeu valor. É o que parece demonstrar a força das modernidades, dentre elas o out door, utilizado pelas três expressões maçônicas locais pedindo ao Governo Estadual o retorno da gestão plena da Saúde para o Município.
Além do novo modelo de intervenção – a publicidade – aguarda-se para breve, dentro dos ideais que norteiam a secular instituição, um pedido das declinadas lojas para apuração das alegadas fraudes que levaram Itabuna a perder a gestão plena.
Qualidade de educação é isso aí, gente!
Quase SETENTA E SEIS MILHÕES DE REAIS (exatos 75.913.495,60) é a pequena contribuição do Estado de São Paulo, ao tempo de José Serra – tendo Paulo Renato (ex-Ministro da Educação de FHC), como Secretário de Educação – para a Editora Abril, em aquisições, por um ano, SEM LICITAÇÃO, de alguns títulos comercializados por aquela editora.
Agora (ops!) entendemos porque a VEJA defende tanto a turma.
Para maiores detalhes: http://namarianews.blogspot.com/2009/08/educaçao-em-sp-amigos-merecem-milhoes.html
Originalidade, zero!
Daniel Filho, respeitado diretor de cinema e de produções televisivas, já afirmou que também se inspira no cinema americano. A Globo tem reiterado a iniciativa, até mesmo copiando títulos de filmes. No segundo capítulo da novela das seis (Araguaia): um ataque de índios a uma fazenda, incêndio, mulher branca levada etc.
Lembra um arremedo mal composto de uma cena de “Rastros de Ódio”, clássico faroeste dirigido por John Ford. Um detalhe, apenas: o filme não é apelativo, nem medíocre a ponto de distorcer a realidade indígena brasileira, como o faz o folhetim global.
Em defesa da produtividade
Pacato cidadão, trabalhador, quase setenta anos de vida, transitando para o trabalho em sua motoneta, desobrigado por lei de exibir documento que comprove recolhimento de IPVA e mesmo CNH, foi parado por uma blitz que lhe exigiu dita documentação, nesta quinta-feira.
Argumentou que não era necessário, mas o agente/policial determinou que o veículo fosse apreendido e que aguardasse o superior chegar. Mais de uma hora perdida de trabalho. Chegada a autoridade, foi liberado.
Defesa da “produtividade” ou despreparo. Talvez um outro preparo: alimentar a receita do guincho!
Depois de tudo
Rir pra não chorar!
Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum