Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.
Adylson Machado
Homenagem ao baiano desconhecido
A Associação Brasileira de Imprensa promoveu ato de homenagem ao centenário de nascimento de Edmundo Moniz, no dia 12 de dezembro.
Baiano de Salvador, filho do ex-governador e senador Antônio Ferrão Moniz, professor de história e de filosofia, criador do Teatro Nacional de Comédias, naturalmente “afastado” do Brasil pela ditadura militar implantada em 1964 pelo crime de haver trabalhado com Juscelino Kubitschek e João Goulart – não fora o crime de pensar pelo marxismo – Edmundo Moniz nos deixou várias obras, das quais destacamos, em visão eminentemente pessoal, “A Guerra Social de Canudos” (Civilização Brasileira – 1978), uma desmistificação da propaganda oficial em relação ao “fanático” (nada fanático) Antônio Conselheiro.
“A Guerra Social de Canudos” inspirou e forneceu elementos históricos para “A Guerra do Fim do Mundo”, de Vargas Llosa e contribuiu, sem busca de louros, para as pesquisas que alimentaram nosso “Amendoeiras de Outono”.
Da libertação…
Há 40 anos era lançado “Teologia da Libertação. Perspectivas” (Vozes), pelo dominicano peruano Gustavo Gutiérrez, hoje com 83 anos, tido como o ato teórico de fundação do movimento teológico mais importante ocorrido na América Latina.
Fundada na opção de Deus pelos pobres, evidentemente renovou a mensagem cristã da Igreja Católica, em momento político adverso na AL. De logo recebeu o estigma de leitura marxista do cristianismo, enfrentada pelos regimes autoritários que passaram a perseguir seus defensores.
As Comunidades Eclesiais de Base, no Brasil, tornaram-se força viva e atuante na divulgação da práxis cristã, alimentando ações concretas de mostrar que o Reino de Deus também se fazia na terra (e não o fazia sob o entendimento de Max Weber). A solidariedade era a tônica.
…à alienação
Mas, hoje, para tristeza e desencanto, a Igreja Católica deixou de lado a Teologia da Libertação e passou a duelar com o pentecostalismo protestante exercitando o seu, com os carismáticos.
Que andam vendendo até areia e água do rio Jordão. Não propõem “lascas da cruz de Cristo” porque Edir Macedo esgotou o estoque.
Golpe contra a economia popular
Acesso dos Estados Unidos ao etanol produzido no Brasil, vítima de barreira alfandegária estadunidense há décadas. Festa para usineiros.
Que Deus tenha pena piedade dos que compram carro movido a etanol.
A não ser que os convertam para gasolina, os que não os tenham flex.
Profecias
Anuncia-se o fim dos tempos para 21 de dezembro de 2012, relatam intérpretes dos textos maias, denominados simplesmente “profecia maia”.
Para os tucanos, em particular a turma de José Serra, a profecia se confirmará caso a CPI da Privataria seja instalada.
O que pode acontecer justamente no ano fatídico: 2012.
Confissão
No embate CNJ x STF vai ficando claro o que representa o posicionamento da Ministra Eliane Calmon, ora Corregedora do Conselho Nacional de Justiça, no enfrentamento à corporativa expressão do Supremo Tribunal Federal na defesa de que juízes somente sejam alcançados pelas apurações do CNJ depois de exauridas as instâncias internas do Judiciário, ou seja, de suas próprias Corregedorias.
Imaginando que engana o cidadão, o Ministro Marco Aurélio deferiu liminar inviabilizando a atuação do CNJ em tal mister, atendendo a pedido de entidade classista da magistratura. Leva o Ministro, à população que lhe paga os polpudos vencimentos, o desenrolar de um filme que terá por fim a conscientização da população que levará à desmoralização do Judiciário, como um todo, em que pese os defeitos pessoais o serem de alguns, talvez não tão gatos pingados assim, tamanha a mobilização classista encampada pelo Ministro.
No frigir dos ovos, o povo dará razão à Ministra Eliane Calmon.
Credibilidade em cheque
Quando o CNJ surgiu, ainda que mutilado diante de sua proposta original, visto que a participação da sociedade civil ficou limitada e reduzida, foi tido como um sopro de esperança no sentido de que não deveria existir num Estado de Direito um superpoder, alijado de fiscalização.
E o foi justamente porque as Corregedorias locais não conseguiam traduzir sua plena função, alimentando o corporativismo em suas apurações.
O embate em andamento põe a credibilidade do Judiciário em cheque.
Espírito natalino
Ficamos comovido com o espírito natalino do comércio local. Não sabemos se reflexo da bondade do empresariado nacional. Apenas registramos.
O consumidor percebeu, de logo, nas compras em supermercados, considerável aumento nos preços. Uvas pretas, pouco antes da semana natalina, custavam pouco mais de 9 reais. No Natal, o espírito cristão do Itão, por exemplo, as elevou para 12,98 reais. Quase 4 reais de diferença.
Natal solidário
Expressão bela, redundante para o espírito que norteia o dezembro a cada ano. O mínimo que se espera é que o Menino Deus seja compreendido em tal dimensão. Que custa menos na material, e mais na ética e na moral.
E viu-se pelos cantos do comércio local o chamamento ao reclamo natural, cristão. Dentre outros, proclamado e convocado pela Justiça do Trabalho local.
Esqueceram de avisar aos advogados. Ou fazer com que eles participassem da efeméride. Concretamente.
A greve da especializada completa neste dezembro seis meses, iniciada que foi em 1º de junho do corrente.
Os advogados esperam, em 2012, que a JT lhes seja solidária. E nem se fale dos que dependem de ambos (advogado x JT): trabalhadores e empregadores.
Por sinal, a razão da existência da JT.
Outro Natal
A jovem, nascida na véspera do gregoriano nascimento de Cristo, cultiva o hábito – hoje não tão comum – de erigir o seu presépio, como ensinado pela mãe.
Longe o seu, tradicional. Buscou no comércio adquirir um que lhe permitisse manter a tradição.
Para surpresa apresentaram-lhe um, onde só havia o Menino Deus na manjedoura e os três Reis Magos.
Ferida pelo ideário que norteia o natalino hodierno – ou, talvez, vendo o que muitos não veriam – não lhe restou outra reação: “Jesus mercenário”, o desse presépio, que nasce para receber presentes.
Sem pai, sem mãe, sem anjos.
O PMDB e o Natal de Leninha
Não espere Leninha Alcântara presentes do PMDB. Para ela, a indicação do partido à majoritária em 2012, constituía-se uma certeza. Se acontecer o será pelas circunstâncias, diante da fragilidade dos concorrentes internos.
No entanto, a esperança que nutria, de chegar à eleição como candidata, pode ficar para 2016.
Óbvio
A Amélia Amado somente será concluída do imediato do aniversário da cidade em 2012. Não se cuide de apenas questões técnicas como razões para o atraso.
Quem passa pela avenida já vislumbra, em alguns trechos, como ela ficará depois de pronta. E pode imaginar o impacto no imaginário da população local e regional.
Se gerará dividendos eleitorais é outra história.
Azevedo a apresentará como a grande obra de sua gestão. Geraldo Simões (temos que será ele o candidato do PT), o seu idealizador, quando custaria pouco menos de 7 milhões de reais.
Popularidade
Quando especulam as razões por que Geraldo Simões insiste na indicação de sua mulher Juçara Feitosa para prefeita nas eleições de 2012, além da circunstância de que gostaria de permanecer deputado federal como meio de melhor apoiar Itabuna, estaria contrariando o desejo do governador Jaques Wagner de vê-lo (ele, GS) o candidato dele (governador).
Assim, Geraldo estaria enfrentando uma pretensão do governador.
Mas, a considerar a popularidade de Wagner, receber seu apoio pode não ser muito bom, se levarmos em consideração a aprovação do governador na última pesquisa IBOPE.
E Geraldo pode estar enxergando isso.
De estranhar
Não vimos qualquer alusão na blogosfera local que acessamos referências à pesquisa do IBOPE sobre o nível do prestígio do governador Jaques Wagner. Apesar de divulgada na quinta 22 pela Bandeirantes.
A pesquisa, para avaliar a aprovação dos governadores de nove estados, aponta Wagner como o sétimo menos avaliado, em que pese estar em sexto lugar em razão do empate entre Anastasia e Cid Gomes.
Com 49%, atrás de Eduardo Campos (PE), com 89%, Beto Richa (PR), com 64%, Cid Gomes (CE) e Anastasia (MG), com 55%, Geraldo Alckmin (SP), com 54% e Sérgio Cabral (RJ), com 51%.
Jaques Wagner amarga a nada invejável colocação de terceiro pior dentre nove avaliados.
Por quê?
E Ousarme Citoaian, do domingueiro Universo Paralelo no Pimenta na Muqueca, se fez nascer e morrer para o leitor que o seguia. Desfez-se o segredo e todos descobriram Antônio Lopes seu alter ego.
Para os que sabemos quão alegre o ato de escrever e encontrar leitores ficamos com a inquietante indagação: por quê?
Segredo faz sentido enquanto segredo. Não à toa ainda a indagação: por quê?
Com circunflexo ou não? Provocamos, se pudéssemos e tivéssemos o poder de fazê-lo retornar. Pelo menos para responder ao porquê!
Considerando o que vem por aí
Presente de Natal
Nosso presente de Natal: leia “A Privataria Tucana” e procure responder, através das entrelinhas, por que o PT ajudou a melar a CPI do Banestado.
Aguardando
Continuamos aguardando a divulgação, pelo jornal A Região, dos nomes de “ex-diretores” do HBLEM, “ex-secretários municipais” e “ex-diretores de fundações” itabunenses. O que não exclui os dos “empresários”.
Fazem parte daqueles “25 nomes de Itabuna e Ilhéus”.
Porque é Natal
No rescaldo de Natal, o que fazer para prender o leitor? Imaginamos envolvê-lo com o que é do Natal. E o fazemos com mensagens, como essa interpretação de Maria Bethânia, para “Boas Festas” (acima), que mais fala e interpreta o que quis dizer Assis Valente, e Mercedes Sosa e León Gieco, com um pouco da realidade latina, em “La Navidad de Luiz”, de Edson Joanni.
No mais, “Boas Festas”!
Cantinho do ABC da Noite
Fina-se o expediente. Hora de contas serem levantadas. Alencar, diante de um freguês em que deposita maior confiança, indaga:
– Tomou quantas?
– Essa é a quarta – confirma o aluno.
– Daqui a pouco desce a ladeira… na banguela! – dispara o Cabôco.
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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum