Adylson MachadoQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

                                                                              

Lenha na fogueira

Fala-se em articulação de um “movimento suprapartidário” para as eleições de 2012, para alavancar um nome fora do eixo Geraldo-Fernando-Azevedo, para a administração municipal.

Não vão tantos anos, a “terceira via” saíra às ruas. Para superar a dobradinha Fernando-Geraldo.

Nem Fernando, nem Geraldo, se possível Fernando – o provável slogan, como sempre. Veremos os mesmos jornais defendendo o movimento de hoje como o de ontem. E na hora H muitos de seus líderes nas passeatas de Fernando Gomes.

Se não sugerirem um certo empresário para candidato único, como tertius salvador.

Caça às bruxas

Inicia-se o processo de caça aos “culpados” pelo resultado eleitoral deste ou daquele candidato. Em especial, petistas estariam comprometendo o desempenho da Presidente do PT local, Miralva Moitinho. Como fritura é excelente.

Sem proselitizar defesas, no particular das urnas para Geraldo Simões, cumpre registrar que o Deputado reeleito (com universo eleitoral reduzido em 13 mil votos), parece fácil e imediato fazê-lo considerando os 12 mil a menos em Itabuna.

Não esqueçamos que Geraldo ocupou espaços Bahia a fora, depois de ampliar a sua imagem via CODEBA e Secretaria de Agricultura.

Padaria só vende pão

marmitaEsse o axioma da Justiça Eleitoral em Itajuípe. A propósito de aplicar a legislação pertinente aos pleitos, proprietários de padarias e lanchonetes foram alertados no sentido de que não poderiam comercializar no dia da eleição, além do sagrado e milenar pão de cada dia. Muitos estabelecimentos cerraram portas no aprazado dia e os eleitores do interior descobriram nova forma de “bico seco”.

Tolerou-se picolé, sorvete, geladinho e pipoca. Coisa, assim, de criança! Já pastéís, coxinhas, quibes, empadas, mistos, ambúrgures e sucos variados tornaram-se perigosos instrumentos contra a paz e incolumidade públicas. Espetinho, nem pensar!

Recomenda-se, neste segundo turno, que o eleitor do interior do município traga sua quentinha, seu embornalzinho com farofa, seu quente-frio, seu litrinho d’água!

Mais autenticidade

Espera-se nesta fase do processo eleitoral, que os presidenciáveis se enfrentem, efetivamente, no âmbito de suas propostas e, mais que isso, desmistifiquem um ao outro (quem tiver rabo de palha que apague o incêndio), inclusive demonstrando o que o outro exercita de demagogia.

Serra precisa vincular Dilma (e provar) aos escândalos que a mídia se utiliza para criar fatos suscetíveis de sensacionalismo eleitoral e não se escudar na “mentira repetida”.

Dilma, para trazer Serra ao verdadeiro debate em defesa dos interesses nacionais. Pré-sal como grande tema (afinal, não se minimiza a expectativa de reservas que representam 10 TRILHÕES DE REAIS) que o PSDB e DEM certamente entregarão à iniciativa privada (leia-se capital internacional) a preço de banana podre, como já o fizeram com as privatizações no tempo de FHC, algumas propostas pelo próprio José Serra, como as da Vale do Rio Doce e da Light, sem falar no que “vendeu” do Estado de São Paulo (www.conversaafiada.com.br).

Mantra

Obama já afirmou que, lá nos Estados Unidos, parte da imprensa funciona como partido político, tal o escancarado posicionamento em relação a este ou aquele candidato. No Brasil a coisa mais se aprofunda. Não é um ou outro veiculo de “informação”, mas um conjunto deles: um prepara o meio de campo, outro lança, outro chuta.

Temas melindrosos são dirigidos somente à candidata Dilma; sobre o que pensa do futuro, a Serra. Caso a vírgula não seja bem posta, manipula-se a declaração; para pior (Dilma), para melhor (Serra).

Até a edição de tomadas (na televisão) é trabalhada em favor de um mantra, para materializar a “divindade” dos sonhos.

Conversa Afiada (www.conversaafiada.com.br)

phaO respeitado – e nunca desmentido – Paulo Henrique Amorim, que tem denunciado as espúrias relações de Daniel Dantas com próceres da República tucana, dentre eles José Serra e sua filha Verônica Serra e Gregório Marin Preciado (ver RODAPÉS de 09 de outubro e “Verdade sobre a quebra de sigilo”, neste O TROMBONE), disponibiliza em seu blog trecho de “Os Porões da Privataria”, livro de Amaury Ribeiro Jr. (Record), que se comprometeu com a editora de não lançá-lo antes da eleição, e dizem respeito ao assalto ao Brasil cometido pela turma, mais comprometida com a internacionalização do país do que com o futuro deste.

Que diria a grande imprensa golpista (diz-se golpista, pela veiculação e manipulação de informações) se o livro estivesse à disposição do eleitor?

Acharia, certamente, que o assalto ao dinheiro público através das privatizações no governo tucano de FHC é coisa de “aloprados” do PT e da Dilma.

Para ler e pensar

Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.(Paulo Henrique Amorim). Traduzindo, com alguns exemplos: jornais Folha de São Paulo, O Globo, O Estado de São Paulo; revistas Veja, IstoÉ e Época; rede Globo de Televisão.

Caminhos

Muito mais importante para o futuro que os candidatos debatam os verdadeiros interesses do País e menos busquem os votos de Marina. Estes viriam pela conclusão do eleitor a partir da verdade expressa. Pode parecer estranha essa afirmação. No entanto, se houver propostas concretas, convencerão o povo e de nada adiantará a determinação partidária de apoio a este ou aquele candidato.

E a verdade dessa afirmação está contida no fato de que parcela dos que votaram em Marina o fizeram por algumas razões: propostas, protesto, algo novo. Por outro lado pensar em coexistência idealística deste eleitorado com o Partido Verde seria típica piada. Ou alguém imagina que os quase 20 milhões de votos de Marina foram de filiados e simpatizantes do PV?

Mais uma de Serra

serra naturalEditar lei que proíba ou restrinja participação do Presidente da República em campanhas eleitorais. Aí reside o oportunismo: dizer as coisas pela metade, distorcendo a realidade. Sabe-se que a presidência é cargo eletivo para preenchimento da chefia de Estado republicano. Essa chefia diz respeito ao Poder constitucionalmente definido como Executivo. Ou seja, a lei – como o propaga Zé Serra – dirá respeito às chefias do Poder Executivo. Que o são em nível federal (Presidente da República), estadual e distrital (Governador de Estado e do Distrito Federal) e Municipal (Prefeito).

Aí reside a demagogia. Como a medida alcançará não o cargo mas o titular de um poder, o Executivo, se a demagógica pretensão viesse a ocorrer também alcançaria todos Governadores e Prefeitos do País, chefes do Poder Executivo.

Teria Zé Serra coragem de dizer que o que anuncia atingirá também Prefeitos e Governadores? Claro que não, porque o que propõe tem conteúdo demagógico, como o anúncio de melhorar as estradas vicinais (municipais) do País, de aumentar o salário mínimo, aposentadorias e bolsa família logo em 2010, em flagrante desrespeito à legislação orçamentária a viger, uma vez que sua elaboração o é como determinado na Lei de Diretrizes Orçamentárias atual, que não viabilizou esta possibilidade.

Por outro lado, como é visível, a proposta decorre da atuação do Presidente Lula em relação à campanha de Dilma Rousseff. Não incomoda, para Serra, a atuação de Goldman e Cassab a seu favor e de outros tucanos nas respectivas campanhas para governador etc.

Hospital de Base

Percebe-se – justa preocupação – uma articulação de instituições da sociedade local em defesa de recursos para o Hospital de Base. Lojas maçônicas propagaram defesa em out door (ver RODAPÉS de 02 de outubro). Agora a OAB busca informações diretamente do Governador do Estado, fazendo comparações com repasses estaduais para o Hospital Geral de Ilhéus.

Cumpre registrar que a gestão do HGI se encontra sob tutela do Estado, ao passo que a do HBLEM sob comando do município de Itabuna. E a grande discussão deveria passar pelas razões por que Itabuna perdeu a gestão plena da saúde, conquista importantíssima efetivada na administração de Geraldo Simões, deixada ir às traças nos anos seguintes, caindo no colo da administração Nilton Azevedo já em frangalhos.

Um detalhe precisa ser posto: o problema do HBLEM é, efetivamente, de recursos ou de gestão? Cumpre o município a sua parte transferindo recursos suficientes ou prometidos, ou pretende gerir o HBLEM como se fora uma entidade privada conveniando com o Estado?

Ao que parece, e as bem intencionadas entidades que defendem ampliação no repasse de recursos precisam aprofundar suas considerações, é se o Estado da Bahia está obrigado a transferir/conveniar recursos para serem mal geridos.

Especulações

Vimos noticiário dando conta de que o PCdoB busca aliança com a gestão Nilton Azevedo, em troca de participação na administração. Nomes como o de Wenceslau já fariam parte de apoio branco e Davidson – anunciado como possível candidato em 2012, o que pode significar compor com o próprio Azevedo, se este superar o desgaste em curso – teria interesse em reforma administrativa que fizesse incluir Dra. Conceição Benigno (sua esposa, para esclarecer) como Secretária de Saúde do Município.

Especulações à parte, muita água correndo em baixo da ponte.

Abstenção

A grande abstenção (24 milhões de eleitores) certamente prejudicou muito mais Dilma Rousseff. E não ocorreu, cremos, pela circunstância da indignação, mas da acomodação. A certeza de que Dilma estava eleita fez muitos eleitores lula-dilmistas ficarem em casa.

Enquanto aguardam decisão dos verdes, pode aumentar o risco de ampliar a abstenção dentre os que votaram em Marina, porque não quiseram nem Dilma, nem Serra.

Essa é parte da logística da candidata: motivar o eleitor a ir às urnas. Ganhará maior parcela dos votos.

Josias Gomes

josiasExprimo satisfação pessoal (verbo aqui na primeira pessoa do singular, quando nosso hábito é de fazê-lo na 1ª do plural) com o retorno de Josias Gomes à Câmara dos Deputados. Faço-o por considerar – como sempre considerei – uma tremenda apelação nomenclaturizar de “mensalão” o clássico caixa 2, prática em todas campanhas eleitorais, da quase totalidade de partidos que recebam recursos financeiros, com o beneplácito da Justiça Eleitoral, que gera, inclusive, famosos restos de campanha. Que já atenderam desígnios nada louváveis como contribuições de PC Farias para campanha do então PFL na Bahia, em 1990, que gerou uma certa “pasta rosa” etc., para não avançar em outros exemplos.

No caso particular, Josias Gomes sacou pessoalmente recursos de campanha para cobrir despesas desta mesma campanha. Entendemos que agiu mais corretamente do que aqueles que receberam de idêntica fonte escondendo-se em outros tapumes.

Nunca aceitamos a propalada “mensalidade para votar”, como fizeram muita gente acreditar no caso do “mensalão” (por sinal iniciado com o mesmo Marcos Valério e o PSDB de Minas Gerais), esquecendo-se de que a clássica compra propriamente dita de votos parlamentares o foi para garantir a reeleição, variando de 200 a 400/500 mil reais por deputado, negociação que saía diretamente do então presidente da casa encaminhando o “convencido” ao “tesoureiro” Sérgio Motta.

Até o momento, não temos Josias Gomes no rol de políticos patrimonialistas, aqueles que usam a política para construir patrimônio. Nosso olhar para diferenciar este daquele político é sua evolução patrimonial. Se compatível ou não com o que ganha.

Se não há compatibilidade corre para a vala comum da ladroagem e tráfico de influência. Seja político do PFL/DEM, do PT, do PPS, do PSDB, do PV, do PDT, do PP, do PTB e por aí vai!

Depois de tudo

Rir pra não chorar!

traçastraçosAdylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum