Daniel Thame | www.danielthame.blogspot.com
Em alguns momentos ao longo do século passado, com o cacau gerando riquezas que ultrapassavam a barreira do bilhão de reais em safras maravilhosas, teve-se a nítida impressão de que o Sul da Bahia havia encontrado o seu destino glorioso, o seu futuro promissor.
Crises cíclicas, visão equivocada de que aquela riqueza duraria para sempre e uma doença devastadora que atende pelo nome quase obsceno de vassoura-de-bruxa, entre outros fatores, fizeram com que esse futuro nunca chegasse.
Ao contrário, nas últimas duas décadas, o Sul da Bahia mergulhou num abismo que parecia não ter fim, com uma queda de cerca de 90% na produção de cacau.
Emblematicamente, chegou-se ao ponto em que, de exportadora, a região passou de importadora de cacau.
A esse período critico, somou-se o descaso das autoridades e o esfacelamento das instituições que deveria estar apta para, ao menos, minimizar os impactos dessa crise, como a Ceplac.
Produziu-se, então, uma tragédia de proporções bíblicas, que só não teve conseqüências ainda mais graves (como se isso fosse possível), graças ao espírito empreendedor de alguns empresários e produtores, que não esmoreceram e mantiveram a esperança, a custa de trabalho e abnegação.
Eis que, mesmo sem a recuperação de seu principal produto, que jamais poderá ser o único, o Sul da Bahia passa a contar com expectativas concretas de, enfim, abrir as portas para o futuro, com geração de emprego e renda, qualidade de vida e oportunidades para todos.
É nesse contexto que se encaixa a inauguração de uma base de distribuição do Gasoduto da Petrobrás e na seqüência a implantação da Ferrovia Oeste-Leste, do Porto Sul, do Aeroporto Internacional de Ilhéus e de uma Zona de Processamento de Exportações no Sul da Bahia.
O gasoduto, que começa a distribuir gás natural a partir de hoje, deverá atrair novos empreendimentos e permitir o tão sonhado processo de industrialização, que impacta toda uma rede de comércio, prestação de serviços, saúde, educação, lazer, etc. Um processo que a ferrovia, o porto e o aeroporto irão consolidar.
Trata-se de ações concretas e não daquelas promessas eleitoreiras das quais tanto nos acostumamos. E trata-se, também, de um novo momento, que não pode ser desprezados e cujas oportunidades devem ser aproveitadas.
Pode-se dizer, sem qualquer exagero, que hoje começa uma espécie de entrada naquele futuro que um dia pareceu tão próximo, depois ficou exageradamente distante e que, de novo, está ao alcance das mãos.
Agora é trabalhar, e muito, para transformar oportunidade em realidade.
Que não é apenas uma rima, mas também é uma solução.
Daniel Thame é jornalista