Por Domingos Matos
Pode parecer brincadeira, mas há um movimento sério – digo, estruturado – tentando impedir o lançamento do livro de memórias do ex-ministro José Dirceu. Não por acaso, é formado por lideranças de cacauicultores – que na época de Jorge Amado eram chamados de coronéis do cacau.
Falando em Jorge Amado, é sintomático que em uma terra que se orgulha de ser a mãe do maior escritor brasileiro – para a grande maioria dos brasileiros – se impeça o lançamento de uma obra literária.
Chegam a dizer que “Ilhéus não é casa de puta” para permitir o lançamento de um livro de gente como Dirceu. Ofendem as putas, guerreiras que trabalham com dignidade, para destilar ódio de classe.
Só pra contrariar, bem que o lançamento poderia ser feito numa “casa de putas”, já que a “casa das letras” recusou receber uma obra que justifica sua existência.
Assim, mostraria quem tem dignidade, as putas ou a honrada society, que sempre se prostituiu por qualquer regabofe oferecido pelo governo de plantão. “Socialista” ou idiocrático.
Domingos Matos é jornalista e blogueiro