Durante os seis dias da maior festa de rua do planeta, o trabalho quase invisível dos catadores e catadoras de materiais recicláveis irá garantir o correto destino dos resíduos descartados pelos milhares de foliões do Carnaval de Salvador. O projeto ‘Eco Folia Solidária: O Trabalho Decente Preserva o Meio Ambiente’ está na 17ª edição, com o apoio do Governo do Estado. São mais de 900 catadores beneficiados pelo programa, que irão receber fardamento, alimentação e equipamentos de segurança individual.
Este ano, o Eco Folia Solidária traz para avenida uma correlação do trabalho dos catadores com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), ou Objetivos Globais, da Organização das Nações Unidas (ONU). Um chamado universal para ações contra a pobreza, proteção do planeta, consumo sustentável, mudança global do clima, e para garantir que todas as pessoas tenham paz e prosperidade.
“Os catadores têm uma relação direta com quase todos 17 Objetivos Globais da ONU. Mas estamos trabalhando especificamente com os objetivos 6, 8, 11, 12 e 14, relacionados com água e saneamento, trabalho decente, cidades sustentáveis, consumo e produção sustentáveis, e a vida na água. O nosso intuito é mostrar que o trabalho desses homens e mulheres é algo que o mundo tem buscado, que é a preservação ambiental e a qualidade de vida das pessoas”, explicou Joilson Santana, representante do Centro de Arte e Meio Ambiente, uma das organizações parceiras do projeto Eco Folia Solidária.
Este ano, a expectativa é coletar mais de 30 toneladas de latinhas, garrafas pet e plástico durante os dias de festa, superando o resultado do ano passado. São seis pontos de coleta, distribuídos nos circuitos Dodô (Barra – Ondina), Osmar (Centro), e nos bairros Nordeste de Amaralina e Politema. O catador recebe R$ 3 para cada quilo de latinha, R$ 0,60 o quilo da garrafa pet e R$ 0,50 o quilo do plástico. “Sou cooperada da Camapet há sete anos e tenho muito orgulho do que eu faço. Além da preservação ambiental, tudo que eu tenho agradeço à reciclagem, ela é a renda que sustenta minha família”, disse a catadora Jeovana dos Santos.
No Carnaval de Salvador, respeite o catador!
O pedido de respeito está estampado na camisa dos catadores de materiais recicláveis, que, por muitos anos, e ainda hoje, são invibilizados na sua ação social e ambiental. O projeto ‘Eco Folia Solidária’ tem como um dos seus principais objetivos garantir a valorização e dignidade a esses trabalhadores. “A gente espera ter o reconhecimento dessa iniciativa que contribui para a preservação do meio ambiente, geração de trabalho e renda e inclusão socioeconômica de dezenas de milhares de pessoas que estão em busca de atividades produtivas e de sua sobrevivência. O projeto é um divisor de águas nesse sentido, hoje temos outra visão do folião do Carnaval de Salvador em relação ao trabalho do catador, mas ainda precisamos melhorar”, destacou Joilson.
Ele dá a dica de como o folião pode contribuir. “Primeiro, acho que respeitando o trabalho desses homens e mulheres, segundo, entregando na mão do catador e da catadora a latinha e a garrafa pet. É só olhar para o lado e entregar, ver que tem um homem e uma mulher disponíveis e encorajados para fazer um trabalho importante. Não custa nada, vale muito, e os catadores agradecem essa relação de confiança e de respeito pelo seu trabalho”, afirmou.
Esta edição tem patrocínio da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre) e da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), além do apoio da ONG Centro de Arte e Meio Ambiente (CAMA), das empresas 2tree Consultoria, Ambev, da Prefeitura Municipal de Salvador, do Fórum Baiano de Economia Solidária, Fórum Estadual Lixo e Cidadania, do Movimento da População em Situação de Rua, do Ministério Público do Estado, Defensoria Pública do Estado, Ministério Público do Trabalho e da Defensoria Pública do Estado.