“O Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) aprovou as contas da Prefeitura Municipal de Floresta Azul sob a gestão da atual prefeita Sandra Maísa Balduíno Cardoso Marcelino, referentes ao exercício financeiro de 2010”.
O lead (trecho acima, encaminhado pela assessoria da prefeitura) dessa nota bem que poderia constar do manual de cursos de jornalismo: onde está a notícia (relevância do fato), se é obrigação de todo gestor zelar pelo dinheiro público, fazendo com que os recursos sejam revertidos em ações que visam o bem comum, sem desvios, mesmo que de finalidade?
Ora, a resposta está nas estatísticas. Vejamos.
Dos 417 municípios baianos, o TCM julgou as contas de 406 prefeituras e 411 câmaras, relativas ao exercício financeiro de 2010. Dessas, 120 prefeituras e 90 câmaras municipais tiveram as contas rejeitadas. Todos os municípios que foram ‘aprovados’ ainda tiveram o carimbo do “com ressalvas”. Aprovadas “com louvor”, mesmo, foram apenas algumas câmaras municipais – 14 no total.
As 120 prefeituras que tomaram pau representam 29,56% do total de julgadas, enquanto as 286 aprovadas com ressalvas, 70,44%. Quanto às câmaras, 14 que obtiveram quitação plena representam 3,41%, as 307 aprovadas com ressalvas, 74,70%, e as 90 rejeitadas, 21,90%. Está no site do TCM.
Com base nesses dados, e considerando o universo da “terra de cegos”, quem enxerga 10 centímetros à frente, ainda que com um olho só, é rei. Merece, portanto, o registro. Faça-se, porém, apenas uma ressalva ao texto da Ascom: a aprovação foi carimbada com o carimbaço do “com ressalvas”, sem falar que o parecer do TCM ainda determina multas e devolução de grana.
Dá para melhorar, mas é um exemplo para as grandes do sul – Itabuna e Ilhéus, 100% reprovadas.