Eliane Oliveira recebeu Francisco Paulo Lins da Silva, vindo não se sabe de onde, com a generosidade das mulheres apaixonadas.
Deu-lhe amor, uma família e até um emprego na instituição em que trabalhava.
Quando se descobriu que Francisco viera das trevas, Eliane estava morta, covardemente assassinada pelo homem a quem amara e acolhera.
Francisco, o bom companheiro, o amante gentil, era um lobo momentaneamente travestido de cordeiro, que já havia cometido assassinatos em São Paulo e no Mato Grosso.
Pousou em Itabuna como um foragido da Justiça, aqui viveu seu idílio com Eliane e quando ela não quis manter no relacionamento, transmutou-se novamente em lobo.
E fugiu de Itabuna como o assassino frio que é, perambulando pelos confins da Bahia e do Tocantins, até ser -finalmente- preso em Santa Luzia do Tude, cidadezinha perdida na imensidão do Maranhão.
Durante sete meses, familiares e amigos de Eliane promoveram uma ampla mobilização para que o crime não ficasse impune e que Francisco fosse localizado.
Para isso, espalharam cartazes com sua foto em locais de grande movimentação de pessoas e através dessa fantástica ferramenta (quando bem utilizada) que é a internet.
E foi através de um site em que sua foto estava estampada que Francisco foi reconhecido. Acionada, a polícia o prendeu quando ele, na condição do mais pacato dos cidadãos, fazia a limpeza do terreno da casa onde morava.
Francisco não ofereceu resistência e nem negou o assassinato de Eliane. Nem há como negá-lo, tantas são as provas contra ele, num crime planejado e executado com frieza.
Do Maranhão, será trazido para Itabuna, onde, espera-se, pague pela monstruosidade que cometeu.
Nada que traga Eliane de volta, mas ao menos se fará a Justiça que não foi feita nos assassinatos anteriores cometidos por Francisco.
Crimes pelos quais ele não foi punido e razão pela qual continuou livre para continuar cometendo atrocidades contra mulheres indefesas.
Que desta vez, a impunidade não prevaleça, posto que lugar de lobo não é necessariamente entre cordeiros.
É, no caso de facínoras como Francisco, prioritariamente atrás das grades.
Daniel Thame é jornalista, blogueiro, e autor do livro "Vassoura"